14 de mar. de 2022

Começa a era bórica: o Chile é oficialmente o novo experimento da esquerda





PanamPost, 13/03/2022




Gabriel Boric tomou posse nesta sexta-feira como novo presidente do Chile com a promessa de fazer mudanças profundas em um sistema político e econômico que se destacou como o mais bem-sucedido da região

A esquerda latino-americana aposta tudo no Chile. A investidura presidencial de Gabriel Boric na nação do sul representa mais uma oportunidade para os socialistas tentarem demonstrar a suposta viabilidade do Socialismo. Mas não é que em Cuba, Venezuela, Nicarágua e Argentina, para citar alguns exemplos, não tenha funcionado porque "o verdadeiro socialismo não foi aplicado", como reiteradamente apontaram seus promotores para justificar a longa história de falhas. É que o modelo estatista baseado no controle dos meios de produção conduz inevitavelmente a uma distorção da economia que só conseguiu multiplicar a pobreza.

O novo presidente chileno chega ao La Moneda respirando fundo. O peso em seus ombros é grande. Ele não conseguiu esconder na cerimônia de troca de comando realizada no Congresso Nacional na cidade portuária de Valparaíso. Ele sabe que sob sua gestão o Chile será a nova experiência da esquerda na América Latina.

O caminho a seguir é longo e complexo. Dependerá de suas decisões se o Chile continuará liderando os indicadores macroeconômicos da região. Apesar das demandas sociais que desencadearam os protestos de 2019 – que foram a plataforma política do novo líder de esquerda – o país se destacou como o mais próspero da América Latina. Também terá de lidar com os erros do corpo legislativo encarregado de redigir a nova Constituição e controlar “as travessuras da Assembleia Constituinte”, alerta o Financial Times.

É certo. Seis meses após sua instalação, o plenário tem sido apenas o epicentro de disputas e poucos avanços. Este desempenho afetará diretamente sua figura. Se a nova constituição for aprovada por pouco ou for rejeitada, seria um duro golpe para seu governo. Este será o primeiro teste decisivo.

Boric não gosta disso. A imprensa progressista prediz euforicamente um futuro promissor para ele. Embora pareça fazer um favor à sua imagem, ele também coloca a fasquia muito alta na frente de seus próprios seguidores. Há quem ouse dizer que será melhor do que Maradona, Pelé, Di Stéfano, Messi e Cristiano Ronaldo juntos. Isso vai revolucionar a política, a vida, a sociedade.

É claro que tanto no futebol quanto na política os solavancos costumam ser proporcionais às esperanças criadas. Depois de um tempo, as ilusões se transformam em frustração e lágrimas. Acontece quando as expectativas colidem com a realidade. “Prometeu mas não soube crescer”; “não teve bons treinadores”; “aconselharam-no mal”; "Seu ego era capaz de fazer isso e ele achava que era super crack."

Então, ao invés de revolucionar o jogo, ele acabou sendo apenas mais um jogador na torcida, que apenas seguiu as ordens dos treinadores e donos do clube. Ele beijou todas as camisas dos times aos quais pertencia. Claro, ele vendeu milhares delas. Sem identidade, reinventou-se para continuar sendo uma grande promessa em construção porque “a própria esquerda latino-americana e mundial cria expectativas e depois não dá em nada. Ele quer conquistar o poder a todo custo, mas sem projeto”, diz Marcos Roitman, sociólogo e escritor chileno em sua coluna publicada na Rebelión.

Uma promessa

"Vamos dar o nosso melhor, para fazer jus às coisas positivas que temos como país", prometeu Gabriel Boric como o oitavo presidente eleito desde o retorno da democracia em 1990. Seu gabinete terá 24 ministros, 35 subsecretários, 13 delegados presidenciais regionais e 40 delegados presidenciais provinciais.

No entanto, entre eles, um ministro tem uma sentença pendente por insultos graves, um ministro está sob investigação por maus-tratos e assédio trabalhista e dois subsecretários foram escrutinados pela Controladoria.

Com esses espinhos, também terá que enfrentar a ação dos grupos armados que atuam na Araucanía e no restante da macrozona sul, bem como o desempenho da economia. Ele terá que demonstrar com os fatos que quer governar para todos os chilenos. Para se distanciar da extrema esquerda, ele deve se convencer de que tem as experiências da social-democracia como referência para sua gestão e não os regimes totalitários com os quais seus aliados no Partido Comunista simpatizam.

Isso significa superar as superstições anticapitalistas, que são o lastro ideológico de boa parte de sua coalizão, e descartar as fórmulas estatistas que já falharam no Chile. Se ele estiver convencido disso, suas chances de sucesso aumentarão, aponta uma fonte do El País. No entanto, além da nomeação bem-sucedida do moderado Mário Marcel como Ministro da Fazenda, o restante de sua equipe de governo carrega origens políticas e ideológicas que levam o navio ao naufrágio.

Em uma região com afinidade

Com exceção do Equador, Uruguai e Paraguai, todo o sul do continente pode ficar nas mãos da esquerda no curto prazo se Gustavo Petro ganhar a presidência na Colômbia e Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao poder no Brasil.

Na Colômbia, as eleições presidenciais serão em 29 de maio (primeiro turno), com possível segundo turno em 19 de junho; enquanto o Brasil deposita grandes expectativas com Lula no cenário eleitoral de 2 de outubro, quando enfrentaria Jair Bolsonaro nas urnas, o presidente que já ingressou no Partido Liberal em busca de sua reeleição por mais quatro anos de governo.

Se tocarem a campainha, ambos se juntarão aos governos de esquerda que, desde 2018, dominam a região: Andrés Manuel López Obrador no México (2018); Laurentino Cortizo no Panamá (2019); Alberto Fernández na Argentina (2019); Luis Arce na Bolívia (2020, com Evo Morales nos bastidores) e Pedro Castillo no Peru (2021).

Cada um imprime seu selo à esquerda, mas todos seguindo as diretrizes do Fórum de São Paulo, agora reconfigurado no Grupo Puebla. No entanto, muitos tentam se distanciar das figuras menos populares devido ao seu estilo muito mais autoritário e ao fracasso de maiores proporções em seus respectivos países. E Gabriel Boric parece ser o líder de esquerda menos interessado em tirar fotos com os ditadores Miguel Díaz-Canel, Nicolás Maduro e Daniel Ortega. Mas não seria de surpreender se eles são os que buscam abrigo sob essa corrente mais progressista da esquerda que o novo presidente chileno encarna.

Nota do editor do blog: de fato, uma grande possibilidade existe da esquerda dominar toda a região, e isso a jogará para uma instabilidade nunca antes vista. O crime e o terrorismo se tornarão a norma, e a violência crescerá tão exponencialmente quanto o tráfico de drogas. Porém, o autor erra em dizer que Boric deveria se espelhar na Social Democracia como modelo para governar. A Social Democracia foi quem colocou ele lá, para início de conversa. A Social Democracia de Michele Bachelet e Sebastián Piñera (que diz que não é de direita) abriu as portas para a extrema-esquerda. Bachelet alimentou a extrema-esquerda através de concessões, e Piñera foi um apaziguador, ao mesmo tempo em que servia de saco de pancadas e a oposição a quem os esquerdistas direcionavam seu ódio. No cenário político chileno, Piñera era um espantalho no qual toda a esquerda via uma suposta direita em quem bater. Sem Piñera, eles terão de procurar outro culpado. Provavelmente a constituição comunista será promulgada, e talvez Boric consiga uma reeleição pela ânsia do público em não querer a volta da Social Democracia, mas outros grupos políticos se beneficiarão, como os libertários e conservadores. Mas já será tarde demais, pois Boric terá um caos institucional nas mãos que ninguém vai querer pegar.

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Fonte:https://panampost.com/panam-staff/2022/03/11/comienza-la-era-boric-chile-experimento-izquierda/

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