Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Volume 3, Edição 4.
Desde janeiro de 2008, o mundo voltou sua atenção para o novo presidente americano, Barack Obama. Isto é compreensível, pois o carisma de Obama e seu slogan de campanha, "Mudança", despertaram a imaginação das pessoas nos EUA e em todo o mundo. A "mudança" está acontecendo; em vez de grande governo, existe agora o governo gigante e, em vez de níveis incontroláveis de dívida pública, o que existem agora são níveis inimagináveis de dívida pública. Nas questões mundiais, o presidente Obama assumiu uma posição decisivamente pró-internacional. Mas, Obama é agora um novo ator na política internacional e seu apoio público à governança global — conquanto real e documentável [2] — é relativamente brando em comparação ao seu colega no outro lado do Atlântico. Pelo menos por enquanto...
Se alguém tem sido um pregador da mudança global, este é o primeiro-ministro britânico Gordon Brown. Desde que assumiu o cargo em 2007, Brown tem apelado incessantemente a um novo internacionalismo. Quando ouvimos seus discursos, parece até que ele está mais interessado em defender uma ONU investida com maiores poderes e um superestado europeu, do que defender uma Grã-Bretanha independente, livre e próspera.
Mas isto tem alguma relevância para aqueles que estão fora do Reino Unido?
Para aqueles que moram na Inglaterra e em outros países europeus – e de certa forma nos países da Comunidade Britânica de Nações — a posição de Brown é entendida: é o desejo de dar à luz uma "internacional socialista" bem-sucedida. Porém, para aqueles que moram em outros lugares, o nome de Gordon Brown pouco importa. Afinal, por que alguém que reside em Cleveland (EUA) se preocuparia com o que o primeiro-ministro britânico diz ou apoia?
Por que a Grã-Bretanha é uma líder global, que exerce enorme influência em seus papéis nas Nações Unidas e na OTAN, e sua contínua liderança na Comunidade Britânica de Nações (um grupo formado por 53 países). Além disso, a Grã-Bretanha é uma das principais detentoras de títulos da dívida do Tesouro dos EUA. Na verdade, o Reino Unido é atualmente o sétimo maior detentor de títulos americanos (os dez maiores, em ordem decrescente, são China, Japão, Centros Bancários do Caribe, países exportadores de petróleo — OPEP, Brasil, Rússia, Reino Unido, Luxemburgo, Hong Kong e Taiwan). [3]. E isso não é nada comparado com o papel que a Grã-Bretanha desempenhou como um agente histórico durante os últimos cem anos ou mais; poucos países moldaram o cenário global como a Grã-Bretanha fez. [4].
E agora o líder britânico está tentando criar uma rota para atravessar a tempestade econômica global. Neste sentido, o país teve a presidência do G20 em 2009. O G20 é um grupo formado pelos Ministros da Fazenda e presidentes de Bancos Centrais dos vinte países mais industrializados e desenvolvidos; ele é o principal veículo que está sendo usado para nos guiar durante o furacão financeiro; como o mundo funcionará no outro lado será reflexo da visão do G20.
Então a Grã-Bretanha é importante para os moradores de Cleveland ou de qualquer outro lugar fora do Reino Unido? Ela foi importante no passado, é importante hoje e será ainda mais no futuro. Soluções globais são necessárias, ou é isto que nos dizem, para corrigir os problemas globais. O homem que reside no número 10 de Downing Street (NT: A residência oficial do chefe do governo britânico), o primeiro-ministro Gordon Brown acredita piamente nisso. Aliás, ele vê a crise atual como uma oportunidade para introduzir mudança global.
Hoje, a voz dele pode ser ouvida desde o salão do Parlamento Europeu, onde ele propôs recentemente a criação de uma "sociedade realmente global", [5] até o salão do Congresso dos EUA, onde ele proclamou que "devemos aproveitar o momento, porque nunca antes vimos um mundo com tanta vontade de se unir." Como um disco riscado, que repete sempre as mesmas palavras, ele lembrou o Congresso que "a nova verdade comum é que problemas globais requerem soluções globais." [6].
No mundo perfeito de Gordon Brown, como seria isto? Uma pista foi dada no Fórum Econômico Mundial de 2009, em Davos, Suíça (no dia 30 de janeiro, durante a sessão "Renovando o Crescimento Econômico"). Durante a discussão, o moderador dirigiu a Brown uma pergunta ligeiramente capciosa focando na necessidade de um governo mundial. O primeiro-ministro respondeu com uma promoção velada de um governo mundial:
Moderador: "Primeiro-ministro Brown, o Sr. fala muito sobre a necessidade de uma melhor governança global, mas o problema geralmente é que os países não querem abrir mão de sua soberania... Como podermos ter uma governança global sem órgãos globais, supranacionais, que não são bem vistos pelas pessoas no seu país e no meu, os Estados Unidos? Há uma grande desconfiança com relação a essas organizações, como a Organização Mundial do Comércio ou a União Europeia. Seria a solução aqui criar mais organizações desse tipo?
Gordon Brown: "... existem mercados de capital global, existem fluxos financeiros globais, mas só existem supervisores nacionais. E não dá certo quando existem atividades transnacionais e ninguém praticamente sabe o que está acontecendo. E então se descobre durante uma crise, que existem bancos ou instituições financeiras que sempre foram internacionais, mas que agora se encontram em dificuldades e a única forma de socorro existente é nacional e não internacional. Portanto, acredito que as pessoas estão percebendo que a cooperação internacional de que estamos falando é essencial. Estamos em um sistema econômico mundial, como se poderia sequer pensar que é possível resolver crises financeiras globais sem existir um nível de cooperação mundial? Isso me parece absolutamente óbvio."
"O problema é que nossas instituições foram criadas nos anos 1940s e para economias protecionistas, para concorrência limitada, para fluxos de capitais nacionais e não globais. Portanto, temos de remodelar essas instituições…"
"Este é o problema. Ainda não temos instituições internacionais que funcionem bem o suficiente, embora façamos parte de uma economia global, que todos sabem ser global e que não deixará de ser global no futuro. Se não agirmos, as tendências protecionistas se tornarão maiores e falharemos logo no primeiro passo para construir uma nova era global, onde espero que uma economia global levará a uma verdadeira sociedade global."
Grandes Planos para uma Sociedade Global
As ideias de Gordon Brown não são só dele. A Grã-Bretanha, assim como os EUA, possui uma longa história de aspirações a um governo mundial. Clarence Streit, um pioneiro na defesa de uma Federação Atlântica e, posteriormente, um lobista pró-reforma da OTAN, testificou esse fato em seu livro Union Now With Britain, publicado em 1941:
"Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha têm sido, individualmente, grandes defensores de um governo tanto local como geral. Nenhum outro povo provou ter uma mentalidade tão provinciana como esses dois. Ninguém tem feito tanto para estabelecer um governo mundial como nós, americanos e britânicos." [7].
Ao longo das décadas, a liderança global americana incluiu homens como o presidente Woodrow Wilson (criador da Liga das Nações), Samuel Gompers (Organização Internacional do Trabalho), Elihu Root (Corte Internacional), Owen Young (Banco Mundial) e os presidentes Roosevelt e Truman (Organização das Nações Unidas). Comentando sobre essas primeiras instituições, Clarence Streit observou o papel essencial da Grã-Bretanha:
"Para sermos justos, precisamos também admitir que foi principalmente o apoio britânico que permitiu que cada uma dessas quatro experiências inestimáveis em matéria de governo mundial — Liga das Nações, Corte Internacional, OIT e Banco Mundial — se materializassem e não ficassem apenas no papel." [8].
É impossível documentar o alcance das ações globalistas britânicas em apenas um único artigo, mas um exame de alguns indivíduos essenciais será suficiente para demonstrar a dimensão histórica do "pensamento internacional" no Reino Unido.
Por que isto é importante? Porque compreender os alicerces nos dará uma importante plataforma para a observação da visão de "sociedade global" de Gordon Brown, que é hoje o maior defensor de um governo global — mais do que o presidente Obama, mais do que a chanceler alemã Angela Merkel e talvez mais até que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon. Nos grandes planos de Brown todos nós viveremos sob um sistema socialista de governo mundial.
Vejamos rapidamente três figuras históricas da Grã-Bretanha e a busca delas por uma nova sociedade global.
H. G. Wells
O autor de clássicos como A Máquina do Tempo (1895), A Ilha do Dr. Moreau (1895), O Homem Invisível (1897), e A Guerra dos Mundos (1898) — Wells se interessava profundamente pelo "destino da sociedade humana" e acreditava que a gestão dos seres humanos deveria ser abordada com um pouco de "ciência".
Em 1925, Wells publicou uma série de artigos em um volume intitulado A Year of Prophesying (Um Ano de Profetização), em que propôs uma economia e um sistema político únicos para todo o mundo: "Apoio o controle mundial da produção, do comércio e do transporte, uma moeda mundial e a confederação da humanidade. Sou a favor de um superestado..." [9].
Tenha em mente que isto foi durante a época da Liga das Nações, a primeira grande experiência de cooperação transnacional. Mas, H. G. Well não ficou satisfeito com a Liga. Em sua visão, o objetivo final da Liga não estava sendo aproveitado:
"Sou hostil à presente Liga das Nações, porque desejo a Confederação da Humanidade."
"Não acho que as possibilidades obstrutivas da existente Liga das Nações sejam suficientemente compreendidas pelas pessoas de mente progressista de todo o mundo. Não acho que elas percebem o quão eficazmente a Liga pode ser usada como uma forma de consumir e dispersar a energia criativa que, de outro modo, nos levaria adiante rumo à Confederação do Mundo."
"A Liga das Nações que vimos em nossas visões naqueles anos turbulentos, mas criativos de 1917 e 1918, deveria ter sido um verdadeiro passo adiante nas questões humanas..."
"A Liga que queríamos era para ter sido a primeira conferência ampla que nos levaria a um governo federal para todo o mundo." [10].
A abordagem de Wells à existente soberania dos estados-nações também era antagônica:
"O mundo é um remendo de campos de prisioneiros de tamanhos variados chamados de Estados Soberanos Independentes... Mas, virá o dia... quando os únicos passaportes no mundo estarão ao lado de ídolos astecas, dos instrumentos de tortura e de outras relíquias de superstição em nossos museus de história." [11]
Wells acreditava e trabalhava em prol de uma "conspiração aberta" para uma revolução mundial. Em 1928, ele publicou um livro intitulado Open Conspiracy: Blueprints for a World Revolution (Conspiração Aberta: Modelos Para uma Revolução Mundial), no qual afirmava que uma revolução mundial levaria a um supergoverno global. Para ele, essa era "a verdade e o caminho de salvação". [12].
Considere o seguinte excerto de "Conspiração Aberta" e veja se há alguma semelhança com o que vemos hoje:
"O caráter da conspiração aberta agora será claramente demonstrado. Ela se tornará um grande movimento mundial, tão disseminado e evidente quanto o socialismo e o comunismo. Ela tomará o lugar desses movimentos quase que completamente. Ela será algo mais, será uma religião mundial. Essa grande e ampla massa assimilatória de grupos e sociedades estará definitiva e obviamente tentando engolir toda a população do mundo e se tornará a nova comunidade humana." [13].
Outros livros, como o seu monumental Outline of History (Um Estudo em Tópicos da História), apontavam para a vindoura esperança de um supergoverno mundial. Entretanto, perto do fim de sua vida, Wells perdeu muito do otimismo de sua "Conspiração Aberta". Após ter vivido e visto a devastação de Londres durante os ataques aéreos na Segunda Guerra, ele percebeu que o poder do homem em realizar a guerra era grande demais para ser superado. A conclusão foi tão problemática para Wells que em edições modernas desse livro, seus pensamentos sobre a sociedade mundial prevista foram removidos. [14].
Apesar de sua posição alterada no fim da vida, as primeiras obras literárias de Wells tiveram uma grande influência na formulação de uma ideologia globalista.
Winston Churchill
O primeiro-ministro Churchill foi, e ainda é, o símbolo mais visível da Inglaterra como uma nação soberana no ardor da crise. Por causa de sua determinação de buldogue, os cidadãos de seu país foram capazes de se unir contra o ataque nazista na Segunda Guerra Mundial. Hoje, Churchill é o principal ícone do Partido da Independência do Reino Unido, um corpo político pró-nacional e contrário à União Europeia. Embora essa imagem de independência seja legítima no contexto da Segunda Guerra, havia muito mais para o Sr. Churchill. [15].
É interessante observar que, apesar de o "buldogue" não concordar com uma organização política conhecida como Sociedade Fabiana, que defendia uma ordem mundial socialista, [16] ele abraçava claramente a visão de um governo mundial. Durante um discurso em setembro de 1943 sobre a "União Anglo-Americana" na Universidade de Harvard, Churchill declarou o seguinte:
"Estou aqui para lhes dizer que não importa a forma que seu sistema de segurança mundial possa ter, por mais que as nações estejam agrupadas e alinhadas, por mais que se fale contra a soberania nacional e a favor de uma síntese maior, nada funcionará solidamente, ou por muito tempo, sem o esforço conjunto dos povos britânico e americano." [17].
Esse "sistema de segurança mundial" se tornou a ONU, na qual Churchill teve um papel fundamental, junto com Stalin, Roosevelt e Truman. No entanto, a posição de Churchill a respeito de um governo mundial veio para o primeiro plano de fato após a criação da ONU. Indo além, o buldogue ligou diretamente um governo mundial à criação de um novo superestado europeu.
"A criação de uma ordem mundial investida de autoridade e de plenos poderes é o objetivo máximo pelo qual devemos lutar. A não ser que um supergoverno mundial eficaz seja estabelecido e colocado em ação rapidamente, as perspectivas de paz e de progresso humano são obscuras e duvidosas."
"Mas, que não haja erro quanto à questão principal. Sem uma Europa unida não existe perspectiva segura de governo mundial. Este é o passo urgente e indispensável para a realização desse ideal." [18].
Ele também fez comentários similares ao público na Universidade de Westminster, em Fulton, Missouri, e na Universidade de Zurique, na Suíça. [19]
O envolvimento direto de Churchill na criação da ONU e seu apoio declarado a um "supergoverno mundial eficaz" fez com que a Associação da Federação Mundial o listasse como um dos líderes históricos que abriram o caminho para um movimento globalista moderno. [20].
Com certeza, há mais na história de Churchill do que apenas determinação e capacidade de unir seu país diante da adversidade. Como Wells, Churchill estava comprometido com uma mudança global em uma escala muito maior.
Bertrand Russell
Tido por muitos como o pensador progressista mais importante do século passado, Bertrand Russell foi reconhecido mundialmente por suas contribuições à filosofia, à política e na defesa da paz. [21]. Ele escreveu mais de trinta livros, fez inúmeras palestras e buscou abertamente o objetivo de uma autoridade mundial centralizada.
Membro de uma longa linhagem de políticos progressistas britânicos, [22] o jovem Russell também adotou uma visão progressista/esquerdista do mundo — indo tão longe que abraçava filosoficamente o comunismo, ao mesmo tempo que considerava detestáveis as práticas do governo soviético. [23]. Após visitar a União Soviética com uma delegação especialmente organizada do Partido Trabalhista, Russell escreveu: "As ideias fundamentais do comunismo não são de forma alguma impraticáveis, e contribuiriam muito, se realizadas, para o bem-estar da humanidade." [24]. Isso não é surpreendente, já que Russell reconhecia que "O verdadeiro comunista é profundamente internacional." [25].
Bertrand Russell também associava "controle populacional" com mudança mundial radical. Suas ideias de redução populacional tinham um toque distintamente apocalíptico. Considere um trecho de uma palestra feita na Sociedade Real de Medicina, em Londres, Inglaterra:
"Não quero dizer que o controle de natalidade seja a única maneira pela qual a população pode ser contida. Existem outras, as quais, devemos supor, os oponentes do controle de natalidade prefeririam. A guerra, como disse há pouco, tem até agora sido decepcionante nesta questão, mas talvez a guerra bacteriológica possa provar ser mais eficaz. Se uma peste negra pudesse se espalhar pelo mundo uma vez a cada geração, então os sobreviventes poderiam procriar livremente sem encher demais o mundo. Não há nada nisto que ofenda as consciências dos devotos ou que restrinja as ambições dos nacionalistas. O estado de coisas pode ser um pouco desagradável, mas e daí? As pessoas de mente elevada são indiferentes à felicidade, especialmente à felicidade dos outros." [26].
Russell prosseguiu oferecendo uma solução global para o problema global:
"... a não ser que exista um governo mundial que garanta controle de natalidade universal, é necessário haver de tempos em tempos grandes guerras, nas quais a pena pela derrota seja a morte pela fome... As duas grandes guerras que vivenciamos reduziram o nível de civilização em muitas partes do mundo, e a próxima com certeza realizará mais nesse sentido. A não ser que em algum ponto, uma potência, ou grupo de potências, surja vitoriosa e comece a estabelecer um governo mundial único com o controle total das forças armadas, é claro que o nível da civilização continuará a declinar..."
"A necessidade de um governo mundial, se quisermos resolver o problema da população de uma forma humana, é completamente evidente com base nos princípios darwinistas." [27].
Os pensamentos de Russell com relação à tirania eram igualmente perturbadores:
"Dada uma organização mundial econômica e politicamente estável, mesmo se, a princípio, ela repousar sobre nada a não ser força bruta, os males que agora ameaçam a civilização diminuiriam gradualmente e uma democracia mais ampla que a existente poderá se tornar possível. Acredito que, devido à insensatez humana, um governo mundial será estabelecido apenas pela força e será, portanto, cruel e despótico no início. Mas, acredito que isso seja necessário para a preservação de uma civilização científica e que, se realizado, gradualmente dará lugar a outras condições toleráveis de existência. [28].
"Tolerável" a quem? Àqueles que detêm a autoridade máxima sobre a vida e a morte em um regime global? Lembre-se, este homem é considerado como um dos maiores pensadores do século XX. É interessante que Bertrand Russell também via a arena educacional como parte da estrutura de controle autoritária global:
"...a fisiologia [a ciência que estuda as funções dos organismos vivos] descobrirá, com o tempo, maneiras de controlar as emoções, o que é difícil de duvidar. Quando esse dia chegar, teremos as emoções desejadas por nossos líderes e o principal objetivo da educação fundamental será produzir a disposição desejada... O homem que administrar esse sistema terá um poder muito além dos sonhos dos jesuítas..." [29].
O Socialista Fabiano Gordon Brown
A mensagem do primeiro-ministro Gordon Brown de uma "sociedade global" está enraizada em um movimento que se estende por mais de cem anos, desde H. G. Wells, Churchill e Bertrand Russell. Mas, existe outra ligação que vai além de aspirações visionárias — uma que une o ideal intelectual de uma comunidade mundial com o poder político de fato.
Há mais de um século que a Sociedade Fabiana — mencionada anteriormente neste artigo — tem feito avançar o socialismo nos níveis nacional (na Grã-Bretanha) e internacional. O emblema da sociedade é a tartaruga, uma proclamação de que "devagar, mas com constância" se ganha a corrida. Mas, qual é a linha de chegada?
Uma das exposições mais notáveis feitas sobre a Sociedade Fabiana foi o livro Fabian Freeway, de Rose L. Martin, publicado em 1968. [30]. Rose documenta claramente que o objetivo dos fabianos é o socialismo internacional e liga o grupo a uma miríade de organizações interconectadas e movimentos que trabalham com objetivos parecidos. Portanto, não é surpreendente descobrir que H. G. Wells foi um membro da Sociedade — apesar de ter deixado o grupo, frustrado com sua metodologia — e que Bertrand Russell participou da Sociedade Fabiana durante certo tempo.
Desde sua origem em meados de 1880, a Sociedade Fabiana tem sido a força motriz do movimento político e intelectual inglês para o socialismo internacional. A sociedade fundou a Escola de Economia de Londres (LSE, de London School of Economics), uma universidade reconhecida mundialmente e que se concentra em questões econômicas, políticas e sociais. Na verdade, no dia 20 de abril de 2006, o primeiro-ministro Tony Blair apresentou "o vitral fabiano perdido" durante uma cerimônia na LSE. Esse vitral apresenta os líderes fabianos usando martelos para esmiuçar um globo colocado sobre uma bigorna: é a recriação do mundo. [31]. Junto ao topo da janela está escrito: "Remodele-o conforme o desejo do coração." H. G. Wells é visto de um dos lados da gravura e um grupo de membros está rezando diante de uma pilha de textos teóricos de sociologia. O que é realmente significativo é o brasão acima do globo que está sendo remodelado: Um lobo em pele de cordeiro.
O vitral foi apresentado pela primeira vez pelo primeiro-ministro Clement Attlee, do Partido Trabalhista, que esteve no cargo de 1945 a 1951, e depois foi reapresentado em 2006 por outro líder trabalhista, Tony Blair. [32]. Isso não deveria surpreender; afinal, a Sociedade Fabiana foi a principal planejadora do Partido Trabalhista. Como o fundador da Sociedade Fabiana, Sidney Webb, explicou com relação à ligação entre a Sociedade e o Partido: "A Sociedade Fabiana participou desde a primeira reunião [do partido] e tem desde então formado uma parte constituinte de sua organização." [33]. Portanto, desde a criação do partido, todos os primeiros-ministros trabalhistas foram membros da Sociedade Fabiana. [34].
Essa ligação íntima entre os fabianos e os trabalhistas explica porque o Manifesto Eleitoral do Partido Trabalhista de 1964 é tão... descarado."... o Partido sempre... permaneceu fiel à sua crença de longa data no estabelecimento de cooperação Leste-Oeste [Nota: Isto se refere à Rússia e ao Ocidente] como base para uma ONU fortalecida se desenvolvendo em direção a um governo mundial..."
"Para nós, o governo mundial é o objetivo final – e as Nações Unidas são o instrumento escolhido pelo qual o mundo pode se afastar da anarquia do poder político rumo à criação de uma comunidade genuinamente global e ao império da lei." [35].
Outros Manifestos Eleitorais do Partido Trabalhista Britânico falam em formar uma comunidade mundial, fortalecendo as Nações Unidas, e defendendo um sistema de leis internacionais relacionadas: isto é governança global — a peça central do gerenciamento mundial.
Não é de se admirar que o primeiro-ministro Brown tenha feito tantos discursos nos últimos dois anos defendendo uma sociedade global — isto está na essência de seu partido e é o ideal fabiano. Como Brown explicou em sua palestra de 2008 no Memorial Kennedy, em Boston:
"Pela primeira vez na história temos a oportunidade de nos unirmos em torno de um pacto global, para reestruturarmos a arquitetura internacional e construirmos uma sociedade realmente global." [36].
Se ainda estivessem vivos, H. G. Wells, Winston Churchill, Bertrand Russell e os fundadores da Sociedade Fabiana ficariam orgulhosos. Brown e seus camaradas estão falando àqueles que têm ouvidos para ouvir: A "sociedade global" sonhada há tanto tempo está bem próxima.
Todos aqueles que prezam a liberdade precisam acordar, pois a "mudança" está vindo.
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