27 de dez. de 2018

Vida e crimes de Daniel Ortega

Daniel Ortega



Epoch Times, 27 de dezembro de 2018 



Por Fergus Hodgson



A sede de sangue do ditador nicaraguense remonta a décadas

A Nicarágua apareceu de repente no noticiário internacional depois que seu governo autoritário matou pelo menos 199 manifestantes desde abril. Os protestos continuam, mas a cobertura da mídia esquece de mencionar que a violência e a ilegalidade são o modus operandi padrão de Daniel Ortega e sua quadrilha comunista.

A ascensão de Ortega, de guerrilheiro marxista a presidente, é um alerta para as nações que lutam contra seus próprios terroristas, como a Venezuela e a Colômbia. Isso mostra como uma democracia pode ser sequestrada e por que devemos limitar o poder do Estado, já que os piores muitas vezes chegam ao topo.


As ambições políticas de Ortega começaram com a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), onde ele se tornou líder terrorista determinado a derrubar o então presidente Anastasio Somoza. O primeiro crime do jovem guerrilheiro FSLN foi o roubo a bancos, mas isso não foi nada comparado ao que estava por vir.

Os guerrilheiros do FSLN estavam mais unidos por sua fome de poder do que pela ideologia, fome que continua no rebatizado partido político. O suposto herói dos sandinistas, Augusto Sandino, era um homem desonesto e perturbado, um pretenso libertador que seguia o ditado marxista-leninista de que o fim justifica os meios.

Ortega e seus companheiros continuaram com essa mentalidade e não deixaram que a vontade dos nicaraguenses impedisse sua ânsia pelo poder. De fato, Ortega foi libertado da prisão como parte de um acordo de resgate e mais tarde recebeu treinamento de guerrilha em Cuba. O FSLN também tomou todo o Congresso da Nicarágua como refém para fazer um segundo pedido de resgate.


Embora o mandato de Somoza tivesse terminado nas eleições marcadas para 1980, que nunca aconteceram, o FSLN recrutou combatentes por meio de ameaças e derrubou o governo nicaraguense em julho de 1979. Eles queriam uma ditadura ao estilo de Fidel Castro, com Ortega no comando, e receberam fundos e apoio estratégico dos comunistas cubanos e soviéticos. O presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, também bloqueou o comércio e as armas da Nicarágua, deixando Somoza sem dinheiro e desamparado.

A guerra desnecessária do FSLN causou a morte de dezenas de milhares de pessoas, sem mencionar a pobreza paralisante do conflito e as políticas comunistas de confisco de terras e planejamento central. Mais de um milhão de nicaraguenses fugiram da nação centro-americana, cuja população é agora de cerca de 6 milhões.

Infelizmente, os assassinatos não terminaram quando Ortega assumiu o poder. Ele não apenas ignorou as liberdades civis, como também financiou guerrilheiros em El Salvador e esmagou a dissidência do povo misquito na costa caribenha. Os misquitos rejeitaram a realocação forçada e o controle centralizado em Manágua, mas uma brutal campanha militar no início dos anos 80, incluindo o bombardeio de aldeias, fez com que milhares de pessoas fugissem para Honduras como refugiados.

Talvez a maior tragédia seja o fato de que Ortega conseguiu retornar ao poder em 2007, depois de ter sido derrubado em 1990. Mais velho e mais astuto, fraudou as eleições de 2006 com dinheiro canalizado por seu aliado socialista, o falecido presidente venezuelano Hugo Chávez. Ambos tinham uma aliança secreta relacionada a lavagem de dinheiro, explica Wilber López, tesoureiro do novo partido político Ciudadanos por la Libertad.

Com a bandeira do socialismo do século XXI, Ortega gastou mais que o dobro do que o seu adversário mais próximo, e isso é apenas o que ele relatou publicamente. Ele se elegeu com 38% dos votos, o que antes de uma reforma eleitoral favorável não teria sido suficiente para ganhar. Ele então aproveitou sua posição para impor a reeleição indefinida e expulsar 16 opositores da Assembleia Nacional.

Devido ao seu controle esmagador sobre os tribunais, o sistema eleitoral e a economia, poucos podem competir com Ortega a fim de derrubá-lo, independentemente de sua popularidade. Mesmo os autodenominados sandinistas se opõem a ele — daí a divisão do Movimento de Renovação Sandinista. No entanto, todos aqueles que se interpõem em seu caminho sofrem represálias, até mesmo letais, como os manifestantes experimentaram recentemente.

López afirma que Ortega construiu uma ditadura e um Estado policial com controle absoluto e uma “democracia condicional” em pleno século XXI. Conscientes da farsa, muitos dos candidatos da oposição que ainda tinham status legal boicotaram as eleições de 2016.

O regime sandinista de Ortega se parece cada vez mais com uma dinastia familiar, muito pior que a família Somoza que ele derrubou. Sua esposa, a primeira-dama, é vice-presidente desde 2017, depois de ter sido porta-voz do governo, deputada e ministra da Cultura.

Adonis Sequeira, membro do conselho de diretores da rede de ativistas liberais Estudiantes por la Libertad, explica que a família Ortega construiu um clube mercantilista para obter favores políticos, uma modalidade conhecida como clientelismo. Eles distribuem contratos preciosos do governo para seus companheiros, com ajuda financeira de membros da Aliança Bolivariana, como Bolívia, Equador e Venezuela.


Esse modelo, diz Sequeira, não é novo na Nicarágua, onde anteriormente já havia uma centralização de negócios vulneráveis à corrupção. As empresas normais “simplesmente se afastaram da política e decidiram não confrontar Ortega diretamente para manter o diálogo aberto e a aprovação de leis favoráveis a seus setores”.

No entanto, um membro da família presidencial foi excluído do poder: Zoilamérica Narváez Murillo, que revelou o abuso sexual cometido por seu padrasto Ortega desde que ela tinha 11 anos de idade. Embora ainda considerado sandinista, Narváez foi condenada ao ostracismo por sua mãe, a vice-presidente, e se juntou aos desertores que denunciam a impunidade e a concentração de poder.

Para sufocar os recentes protestos generalizados, Ortega aceitou um processo de diálogo. O prognóstico é desanimador se nos ativermos ao resultado da mesma estratégia na Venezuela. Eventos recentes confirmam que Ortega fará tudo o que julgar necessário para permanecer no poder, inclusive recorrendo ao apoio da Rússia. Sequeira acredita, por exemplo, que o verdadeiro número de mortos nos protestos é de cerca de 300, já que muitas pessoas desapareceram.

No entanto, ele e outros jovens ativistas querem uma solução pacífica. Eles esperam que o diálogo possa pôr fim aos assassinatos por razões políticas e conceder algum espaço para reivindicar a institucionalidade e o Estado de direito. Esse poderia ser o começo do fim de Ortega, o retorno dos limites constitucionais à reeleição presidencial e a descentralização do poder judiciário.

Apesar das adversidades, Sequeira enfatiza a importância de evitar chegar a esta situação desde o começo. Não importa o quanto ele tente esconder, Ortega continua sendo um brutal terrorista marxista. Ele consegue o que quer pela força e confia em outros tiranos para alcançar seu objetivo.

Fergus Hodgson é fundador e editor executivo da publicação de inteligência chamada Antigua Report. Ele também é editor do Gold Newsletter e diretor editorial do American Institute for Economic Research

O conteúdo desta matéria é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Epoch Times

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