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7 de nov. de 2018

Dirigente do Podemos defende Maduro: “Já se come três vezes ao dia lá”. Entrevistador indigna-se: “População perdeu em média 10 kg”

Iñigo Errejón e Pablo Iglesias



Observador, 07 de novembro de 2018 



Por Rita Dinis 



Dirigente do partido espanhol Podemos defende, em entrevista a um jornal chileno, que o governo venezuelano fez "avanços". O jornalista não o largou: "Então por que há tanta gente a fugir do país?"

O dirigente e candidato do Podemos à autarquia de Madrid, Íñigo Errejón, fez uma defesa clara do regime venezuelano de Nicolás Maduro, dizendo que já foram feitos muitos avanços democráticos e que, inclusive, o povo venezuelano já come três vezes ao dia. As declarações do dirigente espanhol daquele partido de esquerda foram feitas esta terça-feira numa entrevista ao jornal chileno The Clinic, perante um entrevistador indignado com as respostas.


Na entrevista, Errejón defende, por exemplo, que “tem havido importantes avanços” no processo político pelo qual a Venezuela tem passado desde o chavismo, falando de uma “transformação de sentido socialista, inequivocamente democrática, onde se respeitam os direitos e liberdades da oposição”. Perante a incredulidade do jornalista, que o confronta com o contraditório, o dirigente espanhol admite não ter dados que sustentem algumas das suas afirmações.

Eu só vejo retrocessos”, diz a dada altura o entrevistador, depois de Errejón ter afirmado que a Venezuela tinha feito “importantes avanços”. O político espanhol rebate dizendo que não só não há retrocessos como a prova disso é que “as pessoas comem três vezes ao dia”, numa alusão à falta de alimentos e bens essenciais nas prateleiras dos supermercados que tem manchado o regime de Maduro. “Mas na Venezuela a população perdeu uma média de 10 quilos nos últimos anos”, contra-ataca o jornalista. É aí que Íñigo Errejón admite “não ter esse dado. “Se quiser eu mostro-lhe”, ripostou ainda o jornalista. Mas o dirigente do Podemos manteve-se no seu discurso: “Foram feitos muitos avanços, nomeadamente em conseguir que as pessoas tenham acesso à saúde pública, à educação…”.

Mas as pessoas emigram para a Colômbia ou outros países vizinhos quando têm familiares doentes”, diz a dada altura o entrevistador. A isso, Errejón contrapõe dizendo que conhece “centros de saúde gratuitos onde se fazem radiografias gratuitas a quem antes não podia fazer porque não podia pagar”. E a falta de medicamentos?, questiona o jornalista. “Isso é outra coisa. E não é que não haja medicamentos, é que os medicamentos vendem-se mais caros na Colômbia”, sugere.

Cada vez mais incomodado com as respostas, o entrevistador ainda insiste perguntando “então porque é que há tanta gente a fugir do país?”. Aí, Errejón escuda-se na ideia de que na Venezuela há “uma crispação e uma polarização política muito dura”, pelo que “as pessoas decidem ir procurar uma vida melhor noutros países”.

Os comentários sobre o regime venezuelano de Nicolás Maduro são apenas uma parte da entrevista, agrupada no subtítulo “A defesa de Maduro”, mas rapidamente chegaram à imprensa espanhola, que replicou as declarações elogiosas do co-fundador do Podemos ao regime de Nicolás Maduro.

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