Euronews, 28/11/2018
Os primeiros bebés modificados geneticamente poderão já ter sido criados.
O cientista chinês He Jiankui afirma ter alterado o ADN de duas gémeas, com vista a protegê-las de uma possível infeção com o vírus da SIDA. "Aquelas pessoas precisam de ajuda. Devemos mostrar compaixão para com as famílias portadoras desta doença, uma doença hereditária e infecciosa. E se pudermos disponibilizar antecipadamente a tecnologia que temos, seremos capazes de ajudar muito mais pessoas", declarou durante uma palestra sobre o tema.
A modificação do genoma humano pode permitir a erradicação de doenças hereditárias, mas é altamente controversa. Em causa está a alteração de todo o patrimônio genético e a criação eticamente questionada de pessoas à medida. A polêmica começa dentro da própria comunidade científica.
Para Joyce Harper, Professora de Ciência Reprodutiva no Instituto de Saúde da Mulher da University College London, "mais preocupante é o que chamamos de efeitos 'fora dos objetivos, em que outras partes do genoma são afetadas e nós não sabemos o que isso pode concretamente significar para a pessoa futura. Portanto, nós de facto não estamos prontos do ponto de vista científico, nem do ponto de vista ético. Nós, enquanto sociedade, temos de ter um debate para decidir se este método fenomenal é aquele que queremos para criar os nossos filhos, no futuro".
A comunidade internacional teme que a China não tenha devidamente regulamentada na lei a modificação genética. Mas há quem espere que novas experiências na área se repitam.
"As pessoas estão de facto mais agressivas no desenvolvimento de pesquisas, em busca de lucro, de novas conquistas. Tendo em conta todos estes fatores, eu diria que isto pode voltar a acontecer", defende Fang Gang, Professor Assistente de Biologia na Universidade de Nova Iorque em Xangai.
A técnica usada implica remover e substituir com extrema precisão uma sequência de ADN. O método suscita dúvidas entre a comunidade científica por ainda não ter sido validado de forma independente.
As autoridades chinesas já anunciaram a intenção de investigar a pesquisa.
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