Euronews, 20 de novembro de 2018
Nas vésperas de se conhecer o futuro presidente da Interpol, a agitação no Ocidente. Com a perspetiva do atual vice-presidente russo Alexander Prokopchuk ser eleito para o cargo, Estónia e Lituânia admitem sair da organização internacional.
Uma oposição que se estende até aos Estados Unidos. Por carta, quatro senadores, democratas e republicanos, alertaram para o alegado uso indevido do sistema da Interpol para a captura de opositores ao Kremlin. Uma atuação que, para os subscritores, se acentuou pela mão do atual candidato russo e que visa tanto os cidadãos do próprio país, como americanos.
As acusações encontraram eco no Reino Unido e não apenas junto da classe política, que apoia a candidatura do atual vice-presidente sênior KIM Jong Yang. Bill Browder, outrora grande investidor na Rússia, é atualmente um dos maiores críticos do regime de Putin, acusando o Kremlin de perseguições a dissidentes e opositores. É responsável por uma campanha internacional para sancionar o governo russo pela morte de Serguey Magnitsky, um auditor da "Hermitage Capital" encontrado morto numa prisão em Moscovo, depois de ter denunciado uma rede criminosa que envolvia altos funcionários públicos russos.
"Putin usou mandados de prisão da Interpol, ou tentou usar mandados de prisão da Interpol sete vezes para me prender. A Interpol rejeitou-os alegando que eram inadequados e tinham uma motivação política. A pessoa que, em nome de Putin, foi responsável pela emissão dos mandados é a mesma que agora se candidata a ser o chefe da Interpol. Portanto, trata-se de um indivíduo que cometeu uma série de abusos", afirma o cofundador da "Hermitage Capital".
Moscovo já reagiu contra aquela que classifica como uma "campanha difamatória" de "ingerência" na Organização Internacional de Polícia Criminal. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a carta dos senadores dos EUA apelando à oposição ao candidato russo se trata de uma intromissão nas eleições. O ministro da Administração Interna russo considerou inadequado politizar a Interpol e alegou que há uma campanha de informação para descridibilizar Alexander Prokopchuk.
O Dubai acolheu a 87.ª reunião assembleia-geral da Interpol, de onde vai sair o futuro presidente da organização. As eleições para a presidência decorrem esta quarta-feira, dia 21 de novembro.
Apesar de haver boas hipóteses de se tornar, pela primeira vez na história da Rússia, presidente da Interpol, ninguém consegue para já prever com exatidão os resultados da votação no Dubai.
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