19 de set. de 2018

Crise dos opiáceos faz mais de 8.000 mortos em dois anos no Canadá




Expresso, 18 de setembro de 2018 



Crise dos opiáceos no Canadá é explicada, em parte, devido ao tráfico de fentanil, uma droga ilegal sintética importada da Ásia e que é considerada 30 a 50 vezes mais potente do que a heroína e 50 a 100 vezes mais potente do que a morfina

Mais de 8.000 pessoas morreram em dois anos no Canadá devido a sobredoses de opiáceos, utilizados em medicamentos ou sob a forma de drogas sintéticas, demonstrando que "a crise não se atenuou", disseram nesta terça-feira autoridades de saúde do país.


"Entre janeiro a março de 2018 houve pelo menos 1.036 mortes no Canadá que têm a ver opiáceos, dos quais 94% foram consumidos sem intenção (de forma acidental)", informou a Agência de Saúde Pública do Canadá (ASPC) em comunicado. No total, "mais de 8.000 pessoas morreram entre janeiro de 2016 e março de 2018 após terem consumido estes fortes analgésicos", salientou.

"É no ocidente do Canadá, em particular, na província de Colúmbia Britânica e em Alberta, que os efeitos se fizeram sentir mais", lê-se ainda no comunicado. No final de agosto, na província da Colúmbia Britânica foi lançado um processo contra mais de 40 empresas farmacêuticas que fabricam ou comercializam esses analgésicos, cujo uso pode criar comportamentos aditivos.

A crise dos opiáceos no Canadá é explicada também devido ao tráfico de fentanil, uma droga ilegal sintética importada da Ásia e que é considerada 30 a 50 vezes mais potente do que a heroína e 50 a 100 vezes mais potente do que a morfina. As 'overdoses' de fentanil foram detetadas em consumidores de cocaína que não sabiam que o pó branco tinha sido misturado com este opioide que é muito mais barato.

"No passado, as mortes por 'overdose' verificaram-se em especial entre as pessoas que usaram drogas por um longo período", salientou a ASPC. Confrontado com a crise, o governo canadiano pôs à disposição cerca de 84 milhões de dólares canadianos (55 milhões de euros) para financiar novos projetos de investigação sobre opiáceos com o objetivo melhorar os serviços de emergência e tentar limitar as 'overdoses' mortais.

Diversas províncias canadianas também distribuíram doses de naloxona (igualmente chamada Narcan), um antídoto para as 'overdoses'.

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