Cdl. Vicent Nichols |
Church Militant, 01 de maio de 2018.
Cdl. Vicent Nichols: ‘um tribunal deve decidir o que é melhor, não para os pais, mas para o filho’.
LONDRES (ChurchMilitant.com) – Um importante prelado britânico está justificando a morte de Alfie Evans, citando o ensinamento católico.
Após a indignação internacional e a decepção de milhares de apoiadores, o Cdl. Vicent Nichols de Westminster criticou, em uma visita à Polônia no domingo, aqueles que “buscaram capitalização política” da morte da criança britânica doente “sem conhecer os fatos”.
“É importante lembrar que o Hospital Alder Hey cuidou de Alfie, não por duas semanas ou dois meses, mas por 18 meses, consultando os melhores especialistas do mundo – então a posição de seus médicos de que nenhuma ajuda adicional poderia ser dada era muito importante”, disse Nichols insistindo. “A Igreja diz muito claramente que não temos a obrigação moral de continuar com uma terapia severa quando não está tendo efeito, enquanto o catecismo da Igreja também ensina que os cuidados paliativos, que não são uma negação de ajuda, podem ser um ato de misericórdia”.
Mas este cuidado paliativo oferecido a Alfie levou à remoção de seus cuidados básicos, incluindo comida e água. Ele sofreu por horas sem hidratação e 36 horas sem nutrição antes de receber um pouco de leite pouco antes de sua morte.
O Papa João Paulo II ensinou que comida e água devem ser fornecidas mesmo que sejam administradas artificialmente. “O doente em estado vegetativo, aguardando a recuperação ou um fim natural ainda tem direito a cuidados básicos de saúde (nutrição, hidratação, limpeza, calor, etc)”, afirmou o falecido Papa.
E o Abp. Malcolm McMahon, de Liverpool – também altamente criticado por sua maneira de lidar com o caso de Alfie – ofereceu condolências aos pais, elogiando novamente a “equipe de Alder Hey pelo seu cuidado profissional com Alfie”. Sua declaração foi emitida em nome da Conferência dos Bispos Católicos da Inglaterra e do País de Gales [um tipo de CNBB].
McMahon, que não viajaria seis quilômetros para ungir o bebê doente, empreendeu o esforço para viajar até Roma nessa quarta-feira para reclamar do padre Gabriele Brusco, capelão de Alfie, questionando a sua presença no hospital. Brusco foi expulso do hospital após a visita de McMahon em Roma.
Um memorando interno da arquidiocese de Liverpool vazou em 16 de abril, no qual um bispo auxiliar ofereceu apoio “aos médicos e funcionários” do Alder Hey, embora os bispos “não tenham se encontrado com os pais que, entende-se, como não sendo católicos romanos”.
Mas Tom Evans, pai de Alfie, afirmou em carta a McMahon em 15 de abril que ele e Alfie foram “batizados e confirmados, e eu estou olhando para você como meu pastor e para o Santo Padre como o Vigário de Jesus Cristo na Terra.”
O memorando também disse que o hospital está agindo “no melhor interesse de Alfie” e descreve Alder Hey como “um centro de saúde de excelência”, incluindo declarações do hospital e da polícia de Liverpool sobre protestos pacíficos ocorrendo do lado de fora do hospital. Nichols disse à agência de notícias da Igreja polonesa, KAI, que a maioria dos médicos e enfermeiros de Alder Hey eram católicos que ficaram “profundamente sentidos” pelos protestos, e expressaram satisfação que Tom Evans e Kate James, os pais de Alfie, tenham chegado a “um acordo harmônico” com o hospital.
Ele continuou:
É muito difícil agir no melhor interesse de uma criança quando isso nem sempre é como os pais gostariam – e é por isso que um tribunal deve decidir o que é melhor não para os pais, mas para a criança. Sabedoria nos permite tomar decisões com base em informações completas, e muitas pessoas tomaram uma posição no caso de Alfie nas últimas semanas que não tinham essa informação e não serviam ao bem dessa criança.
Mas isso é o contrário ao apoio recebido internacionalmente do Papa Francisco, que ajudou, ao lado do governo italiano, a garantir transporte aéreo médico de Alder Hey para o hospital Bambino Gesu em Roma além de cidadania italiana ao bebê doente. Outros que expressaram preocupação foram os bispos americanos e brasileiros, o presidente polonês Andrzej Duda, o vice-primeira ministra polonesa, Beata Szydlo, e Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu.
O clérigo católico mais antigo da Inglaterra e do País de Gales justificou ainda mais a morte de Alfie, citando a diferença no clima sociopolítico do Reino Unido em oposição à Polônia, dizendo: “Nossa tarefa aqui [na Inglaterra] é encontrar maneiras de alcançar as pessoas, assim, a voz da Igreja pode ser ouvida em um ambiente multi-religioso, onde muitas pessoas aderem a nenhuma fé. Quando discutimos a doutrina da Igreja aqui, devemos frequentemente construir um diálogo sobre argumentos sobre o bem comum da sociedade”.
A Polônia, por outro lado, tem um “grande desejo” de “propagar e revelar a identidade cristã”, afirmou Nichols.
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