13 de mar. de 2018

Putin diz que "Reino Unido deve ir ao fundo" do caso Skripal



Euronews, 12 de março de 2018. 



Presidente russo comentou assim as acusações vindas do Reino Unido a propósito da tentativa de homicídio de ex-espião russo

As autoridades russas negam qualquer responsabilidade e envolvimento no caso da tentativa de homicídio do ex-espião russo Sergei Skripal.

Na jornada desta segunda-feira Vladimir Putin esteve em Krasnodar, onde visitou um Fórum Agrícola, mas por lá os jornalistas questionaram o Presidente russo sobre outros dossiers.



"Estamos aqui para falar de agricultura. Como se pode perceber o nosso objetivo é criar melhores condições de vida para as pessoas mas está a falar-me de algumas tragédias. Primeiro o Reino Unido dever ir ao fundo das coisas e depois discutimos", respondeu Putin a um jornalista quando questionado sobre o envolvimento da Rússia no caso.

Em linha com Putin, os meios de comunicação estatais russos falam numa tentativa de manchar a imagem do país. O mesmo discurso foi reproduzido pelo deputado e ex-agente do KGB Andrey Lugovoy, acusado de ter envenenado o também antigo agente Alexander Litvinenko com polónio radioativo.

"Esta história faz parte de um grande plano para descredibilizar a Rússia. Primeiro foi Grigory Rodchenkov, depois os Jogos Olímpicos de inverno e agora Skripal. Há ainda o Campeonato do Mundo. Todas as histórias anteriores com que tentaram acusar-nos como a Crimeia e a Ucrânia estão a perder importância", disse Andrey Lugovoy.

Tal como Andrey Lugovoy, o ex-espião Dmitry Kovtun também foi acusado, pela justiça britânica, do assassinato de Litvinenko no Hotel Millenium de Londres a 1 de novembro de 2006.

Já Sergei Skripal foi processado por Moscovo em 2004 por ter colaborado com os serviços secretos britânicos. Acabou por ser libertado numa troca de espiões e instalou-se no Reino Unido.

Theresa May aponta o dedo acusador à Rússia


Theresa May proferiu o discurso no Parlamento britânico depois de uma reunião com o Conselho de Segurança Nacional

Todos os caminhos da investigação à tentativa de homicídio do antigo espião russo vão dar à Rússia, de uma forma ou de outra. A afirmação é da primeira-ministra britânica Theresa May no parlamento.

A chefe de governo referiu que o Kremlin tem que explicar de forma coerente como foi possível um agente nervoso fabricado pela Rússia ter sido usado em solo britânico contra civis.


May referiu existirem apenas duas explicações possíveis para o antigo espião russo ter sido exposto ao químico. Ou o Kremlin agiu diretamente para assassinar Serguei Skripal ou, então, Moscovo perdeu controlo sobre o agente nervoso.

"Com base na identificação positiva do agente químico por parte dos peritos do Laboratório da Ciência e Tecnologia da Defesa; no nosso conhecimento de que a Rússia produziu este agente e ainda poderá fazê-lo; no registo russo de assassinatos patrocinados pelo Estado e no nosso conhecimento de que a Rússia vê dissidentes como alvos legítimos para assassinatos, o governo concluiu que é altamente provável que a Rússia foi responsável pelo ato contra Serguei e Yulia Skripal", declarou a primeira-ministra.

Um pedido de esclarecimento foi já submetido à embaixada russa no Reino Unido. May alertou: "se a resposta não for satisfatória, então Londres irá considerar que foi usada forca em território britânico.

Na quarta-feira vamos considerar em detalhe a resposta do Rússia. Se não existir uma resposta credível, vamos concluir que esta ação é um uso ilegal de força pela Estado russo contra o Reino Unido. E eu regressarei a esta casa e vou apresentar um vasto leque de medidas que vamos usar como resposta", prometeu May.

A Rússia reagiu de imediato. O ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou o caso um "circo" e que tudo faz parte de uma "campanha politica com base numa provocação".

Duas pessoas levadas para o hospital por causa de substância suspeita no parlamento

Horas antes, as autoridades britânicas foram chamadas a intervir no Parlamento por causa de um pacote suspeito. Mas logo depois a polícia britânica anunciou que a substância encontrada esta segunda-feira não é perigosa.

As autoridades confirmaram que duas pessoas foram transportadas para o hospital por precaução depois de terem estado em contacto com um pacote considerado suspeito

A informação tinha sido comunicada pelas autoridades e estava a ser veiculada pela agência Reuters.

"Agentes especializados estão a lidar com a ocorrência e o pacote está a ser investigado", refere o comunicado. "O Serviço de Ambulâncias de Londres levou um homem e uma mulher para o hospital por precaução", podia ler-se ainda.

O incidente aconteceu horas antes da primeira-ministra, Theresa May, intervir na câmara dos comuns para falar sobre o caso de Salisbury, cidade onde um antigo agente Russo foi intoxicado com um gás nervoso que muitos atribuem aos russos.

Recorde-se que na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, referiu que Londres iria reagir com firmeza contra a Rússia, caso ficasse provado a implicação do Kremlin na tentativa de homicídio de Serguei Skipral e da filha no dia 4.

Os dois encontram-se hospitalizados num estado considerado grave mas estável, tal como um dos agentes que responderam à ocorrência.

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