Euronews, 26 de janeiro de 2018.
Por Nelson Pereira.
Depois de ter defendido o acolhimento de refugiados e imigrantes, Jiri Drahos corre o risco de perder a ligeira vantagem que detinha face a Milos Zeman
Segunda volta das presidenciais checas com um duelo de opostos - o atual detentor do cargo, Milos Zeman, um declarado admirador de Vladimir Putin e Donald Trump, que chama "invasão muçulmana" à vaga migratória, enfrenta nas urnas na sexta-feira e no sábado o acadêmico pró-União Europeia Jiri Drahos.
Um duelo que promete ser cerrado. Na primeira volta, Zeman obteve 38,56% de apoio, enquanto Drahos conseguiu 26,6% dos votos.
Sondagens recentes davam a Drahos uma ligeira vantagem, que pode bem perder-se fruto de uma intensa campanha de ataques movida por apoiantes de Zeman. Outdoors e anúncios na imprensa, convocam os checos a "Travar o avanço dos imigrantes e de Drahos", enquanto alguns sites na internet 'disseminam informações falsas' sobre a alegada colaboração de Drahos com a polícia política nos anos quando o país estava sob domínio soviético.
O tema da imigração pode transformar-se no grande obstáculo de Drahos. Depois de ter dito que a República Checa tem capacidade de acolher 2600 refugiados depois de um 'controlo de segurança,' 54% dos checos, manifestaram-se preocupados com tal perspetiva, segundo uma sondagem.
República Checa vai a votos para escolher o próximo presidente
A República Checa volta a ir a votos entre sexta-feira e sábado para escolher o próximo Presidente, numa eleição muito disputada entre Milos Zeman e Jiri Drahos.
Depois de ter sido o candidato mais votado (38,6%) na primeira volta, realizada a 12 e 13 de janeiro, o atual presidente, Milos Zeman, procura aos 73 anos a reeleição para um segundo mandato de cinco anos.
Considerado um eurocético e com visões próximas de líderes como Vladimir Putin ou Donald Trump - a quem declarou abertamente o seu apoio nas eleições norte-americanas em 2016 - Zeman, que foi eleito em 2013, já depositou o seu voto nas urnas e espera confirmar a ligeira vantagem atribuída pelas sondagens.
Do outro lado está Jiri Drahos, que faz aos 68 anos a sua estreia na política. Químico de profissão e presidente da Academia Checa de Ciências durante quase uma década, Drahos ficou em segundo lugar na primeira volta das eleições, com 26,6%.
No entanto, o candidato que se define como um euro-atlanticista - e que avançou para estas eleições sem vínculo partidário - está a crescer nas sondagens e já recebeu o apoio de pelo menos quatro candidatos presidenciais que não passaram à segunda volta.
Os dois candidatos presidenciais representam visões diametralmente opostas para o futuro político da República Checa, mas ambos partilham o distanciamento da imposição da União Europeia sobre quotas de integração de refugiados.
O cargo presidencial é, essencialmente, simbólico na República Checa, mas pode ter um impacto real imediato na atualidade política do país. O primeiro-ministro, Andrej Babis, tem o apoio de Zeman e lidera um governo minoritário que acabou de perder uma moção de censura no parlamento.
Contudo, Drahos já aconselhou Babis a afastar-se, uma vez que o empresário estar a ser investigado por suspeitas de fraude em subsídios europeus e já viu ser-lhe retirada a imunidade.
Sob um espetro de divisão política no país, as urnas vão estar abertas até às 14 horas deste sábado.
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