Gatestone, 24 de janeiro de 2018.
Por Tom Quiggin.
- O primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau traz consigo um longo histórico de nove anos de apoio à causa islamista, ao mesmo tempo em que recusa se aproximar de muçulmanos reformistas.
- Talvez o mais preocupante tenham sido os comentários de Trudeau em um encontro de organizações islamistas de 'fachada': ele disse que tinha em comum suas crenças, seus valores e seus ideais.
- O Canadá não poderá invocar ignorância ou incapacidade em meio às acusações de cumplicidade de quaisquer futuras vítimas americanas de terrorismo.
O primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau traz consigo um longo histórico de nove anos de apoio à causa islamista, ao mesmo tempo em que recusa se aproximar de muçulmanos reformistas. Com respeito aos combatentes do ISIS que retornam ao Canadá, Trudeau afirmou que eles serão uma "poderosa voz para reverter a radicalização" acrescentando que aqueles que se opõem ao seu retorno são "islamofóbicos.". E não apenas isso, o Governo do Canadá não está incluindo os nomes dos combatente do ISIS que voltam dos campos de batalha à comissão da ONU responsável pelo cadastramento de jihadistas internacionais.
Muitos canadenses (e não canadenses) estão começando a acreditar que a posição do primeiro-ministro Trudeau no tocante à reintegração e à reversão da radicalização dos combatentes do ISIS é descabida, para não dizer delirante. O "Centro Comunitário para Inclusão e Desradicalização" do Canadá não possui nenhum gestor e nenhum centro de reversão da radicalização. Também não parece ter um programa em condições de operar dentro ou fora do governo. Também não está claro se a lei do Canadá pode obrigar um combatente do ISIS que volta dos campos de batalha a participar desse programa, mesmo se ele existisse. Na França, um programa parecido patrocinado pelo governo foi um fiasco.
O Canadá também tem uma posição nebulosa em relação à prisão de combatentes do ISIS que voltam ao país, poucos sofreram alguma consequência até o momento. O número de combatentes do ISIS presentes no Canadá não está claro. Segundo estimativas de 2015 cerca de 60 haviam retornado. O Governo do Canadá indica que o número é o mesmo de 2015, apesar do colapso quase total do ISIS nos últimos meses.
Os comentários do primeiro-ministro Trudeau segundo os quais os políticos precisam ter uma posição de "neutralidade responsável" sobre questões como o espancamento da esposa e mutilação genital feminina fazem com que seu posicionamento sobre grupos islâmicos, como o ISIS, seja ainda mais problemático. Talvez o mais preocupante tenham sido os comentários de Trudeau em um encontro de organizações islamistas de 'fachada': ele disse que tinha em comum suas crenças, seus valores e seus ideais. Somando a essa dor de cabeça é a entrevista concedida em 2014, como membro do parlamento, ao jornal Sada al-Mashrek de Montreal. Este jornal é conhecido por sua natureza khomeneista e por ser defensor do Irã (bem como do Hisbolá). Na entrevista, Trudeau salientou que ele tem um programa especial de imigração mais aberto aos "muçulmanos e árabes".
A dimensão do extremismo islamista difundido no Canadá pode ser demonstrada pelo número de combatentes que foram até o ISIS. De acordo com o Soufan Center, 180 canadenses foram ao exterior para lutar ao lado de "grupos terroristas" (ISIS) no Iraque e na Síria, ao passo que apenas 129 americanos fizeram o mesmo. Dado que a população dos EUA é cerca de dez vezes maior que a do Canadá, o número de americanos, para manter a proporção, deveria ter sido cerca de 1.800, e não os relatados 129.
O posicionamento do primeiro-ministro Trudeau sobre os islamistas deveria sim preocupar tanto os canadenses quanto os americanos. Embora o histórico das relações canadenses/americanas sejam em grande medida positivas, os ataques islamistas contra os Estados Unidos são provenientes do Canadá. Entre os articuladores dos ataques estão os de Ahmed Ressam em 1999, Chiheb Esseghaier em 2013 e Abdulrahman El Bahnasawy, condenado por empreender um ataque em Nova York em 2016.
Além do apoio aos islamistas, ao que tudo indica, o primeiro-ministro Trudeau deseja reatar com o Irã, pois seu antecessor o ex-primeiro-ministro (Stephen Harper) fechou a Embaixada do Irã no Canadá expulsando todos os diplomatas. Na campanha das eleições legislativas de 2015, Trudeau ressaltou que ele esperava que o Canadá "pudesse reabrir a missão iraniana" e que tinha "plena convicção que existem maneiras de normalizar as relações". O progresso nesse quesito, até o momento, tem sido inconsistente, mas as negociações, pelo andar da carruagem, estão em andamento.
O apoio do primeiro-ministro Trudeau à causa islamista tem sido consistente desde que foi eleito pela primeira vez ao parlamento em 2008. Esse posicionamento parece ter sido reforçado a partir da posse em 2015. Além do posicionamento de Trudeau, o Partido Liberal do Canadá também tem um problema de filiação de islamistas já que foi alvo desses grupos.
Lamentavelmente para todos os envolvidos, a ideologia islamista global e seus problemas inerentes ao enfrentamento, opressão e violência estão se multiplicando. O Canadá parece fazer pouco para abordar essas questões, ao mesmo tempo em que acomoda aqueles que formam a base ideológica do problema. O Canadá não poderá invocar ignorância ou incapacidade em meio às acusações de cumplicidade de quaisquer futuras vítimas americanas de terrorismo. O preço da submissão do Canadá aos islamistas pode, de fato, ser muito alto.
Tom Quiggin é ex-oficial da inteligência militar, ex-contratado da inteligência da Royal Canadian Mounted Police e especialista em terrorismo jihadista nos tribunais federais e penais do Canadá. Grande parte do material usado neste artigo foi baseado no livro recentemente publicado: "SUBMISSION: The Danger of Political Islam to Canada – With a Warning to America", escrito com os co-autores Tahir Gora, Saied Shoaaib, Jonathon Cotler, and Rick Gill e prefácio de Raheel Raza.
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