16 de dez. de 2017

Senador australiano renuncia em meio à controvérsia sobre infiltração da China




Epoch Times, 15 de dezembro de 2017. 



Por James Burke



Um senador australiano renunciou devido à pressão provocada por relatos da mídia sobre seus vínculos com um rico doador político chinês e uma série de atos considerados favoráveis ​​às políticas do regime comunista da China.

Após crescente pressão, o senador do Partido Trabalhista Australiano (ALP), Sam Dastyari, anunciou sua demissão do Parlamento federal na terça-feira, 12 de dezembro.


“Eu sei que a Austrália precisa de um governo trabalhista e eu me recuso a deixar minha situação pessoal colocar essa perspectiva em risco. Eu sempre coloquei a causa trabalhista em primeiro lugar”, disse Dastyari, informou a Fairfax Media.

“Refletindo sobre os eventos que levaram à minha decisão, eu parto sabendo que sempre honrei meu juramento parlamentar”, disse ele.

A queda de Dastyari começou no ano passado, depois que ele se demitiu de uma posição de destaque quando foi descoberto que ele teve uma grande conta legal paga por desenvolvedores imobiliários chineses do Grupo Yuhu e admitiu que pediu a um grupo vinculado ao regime chinês que pagasse uma dívida de viagem pessoal de AU$ 1.670 (US$ 1.280), informou a BBC. A conta legal paga foi de AU$ 40 mil (US$ 30 mil), informou a ABC.

Mais recentemente, a pressão aumentou sobre o senador de 34 anos quando ele teria aconselhado o proprietário do Grupo Yuhu, o bilionário Huang Xiangmo, que seu telefone provavelmente teria sido grampeado pelos serviços de inteligência, incluindo os do governo dos EUA. Dastyari negou as reivindicações, feitas pela primeira vez na Fairfax Media.

Múltiplas reportagens se seguiram sobre suas conexões com Huang Xiangmo, um doador político do Partido Comunista Chinês, e matérias sobre ações que se alinhavam com a agenda e interesses de Pequim, embora contrariassem seu partido, o ALP.

Dastyari também recebeu recentemente imprensa negativa sobre um discurso de 2016 no qual apoiou publicamente os movimentos expansivos e agressivos de Pequim no Mar do Sul da China. Seus comentários, feitos enquanto ladeado por Huang Xiangmo, eram complemente opostos à posição do seu partido e do país sobre o assunto.

Mais recentemente, Dastyari teria pressionado a porta-voz dos assuntos estrangeiros do ALP, Tanya Plibersek, para não encontrar-se com um ativista da democracia em Hong Kong, informou a Fairfax Media na segunda-feira. Dastyari também negou essas afirmações.

Huang Xiangmo

Mas o envolvimento de Huang Xiangmo nas questões políticas da Austrália não acabou com Dastyari.

Uma reportagem anterior da Fairfax Media disse que, em outubro de 2015, a Organização Australiana de Inteligência de Segurança (ASIO) advertiu os três principais partidos políticos do país sobre a interferência de Pequim na política australiana por meio de significantes doações financeiras.

Nas declarações, o chefe da ASIO, Duncan Lewis, teria informado aos líderes dos partidos que o serviço de segurança do país estava alarmado com os laços obscuros de Huang Xiangmo com o Partido Comunista Chinês.

A Fairfax Media afirmou que, desde o relatório da ASIO em 2015, o ALP recebeu AU$ 141 mil (US$ 107 mil) em doações de empresas e associados ligados a Huang Xiangmo. Os partidos da coalizão, o Partido Liberal e os Nacionais que atualmente governam o país, também receberam dinheiro. O Partido Liberal recebeu AU$ 122.960 (US$ 93.500) e os Nacionais AU$ 15 mil (US$ 11.400) dessas fontes suspeitas.

Huang Xiangmo é uma pessoa de interesse para os serviços de inteligência australianos por causa de suas conexões com o regime chinês, incluindo sua posição, até recentemente, como chefe de uma organização baseada em Sydney, o Conselho Australiano para a Promoção da Reunificação Pacífica da China, que defende a reassimilação de Taiwan pela China continental e que tem vínculos com o Departamento dos Trabalhos da Vanguarda Unida (DTVU). O DTVU é uma agência de lobby, propaganda e subversão política do Partido Comunista Chinês.

Huang Xiangmo também foi gravado dizendo a um jornal do Partido Comunista Chinês que as “demandas políticas e doações políticas” deveriam estar vinculadas.

Na terça-feira, a ABC informou que Huang Xiangmo pagou US$ 55 mil para almoçar com o líder do ALP, Bill Shorten, em 5 de outubro de 2015. A doação foi feita em 20 de outubro e, no dia seguinte, Shorten mudou sua oposição sobre um acordo comercial entre a China e a Austrália, informou a ABC.

Numa matéria posterior, a ABC revelou ainda a extensão do dinheiro pago em 13 ocasiões distintas por quatro empresas pertencentes a Huang Xiangmo aos dois principais partidos políticos da Austrália, o ALP e o conservador Partido Liberal, atualmente no poder. As doações variavam de AU$ 10 mil a AU$ 55 mil.

Doações políticas

O ex-líder do ALP, Kim Beazley, disse que Dastyari fazia parte de “um espectro” de políticos aparentemente influenciados por potências estrangeiras, informou a Fairfax Media.

“Ele é apenas o exemplo mais evidente de um padrão geral e que inclui várias doações para ambos os lados da política”, disse Beazley.

De acordo com uma análise da Base de Dados de Dólar e Democracia da Faculdade de Direito de Melbourne fornecida pelo New Daily, as doações políticas vinculadas à China continental representaram 79,3% de todas as doações estrangeiras.

A análise informou que entre 2000-2016, cidadãos e entidades chineses doaram mais de AU$ 12,6 milhões (US$ 9,5 milhões) ao processo político australiano. Os pesquisadores também descobriram nesse período que os órgãos políticos do ALP foram os mais populares entre os doadores chineses, recebendo AU$ 7,3 milhões (US$ 5,5 milhões) desde 2000-2001, enquanto a Coalisão governante recebeu cerca de AU$ 5,4 milhões (US$ 4 milhões).

As preocupações contínuas com a inferência de Pequim na política doméstica levaram o governo federal a introduzir leis mais duras contra a interferência estrangeiras.


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