Soldados chineses num tanque passam na frente da Praça da Paz Celestial e da Cidade Proibida durante um desfile militar em Pequim em 3 de setembro de 2015 |
Epoch Times, 21 de dezembro de 2017.
Por James Burke.
O Departamento da Defesa Australiana foi instado a investigar alegações de que universidades locais ilegalmente compartilharam tecnologia militar com a China, enquanto o país analisa preocupações sobre a interferência de Pequim em seus assuntos domésticos.
Falando com a ABC, Peter Jennings, um ex-funcionário da defesa, disse que é provável que universidades australianas estejam violando os rigorosos controles de exportação de tecnologias que podem ser usadas para fins militares.
Jennings, agora diretor-executivo do Instituto Australiano de Política Estratégica, disse à emissora nacional que o Departamento da Defesa do país precisa realizar imediatamente uma investigação minuciosa.
“O Departamento deveria agora começar a auditar o desempenho das universidades porque estamos falando de uma migração em massa em favor de interesses chineses e isso não é do interesse da segurança comercial, ou mesmo nacional, da Austrália”, afirmou Jennings.
As universidades renomadas da Austrália realizam pesquisas pioneiras no mundo em várias áreas que podem ser usadas para fins militares.
Há regras rigorosas que proíbem a partilha de pesquisas que possam ser usadas para fins militares por possíveis adversários do país, incluindo a República Popular da China, informou a ABC.
Em julho, a mídia local publicou reportagens detalhando casos em que universidades australianas estavam fazendo isso.
“Sob o radar, as universidades australianas estão ajudando a China a conquistar liderança tecnológica” em avançadas tecnologias militar e industrial “que seu regime deseja”, disse Clive Hamilton, professor de ética pública da Universidade Charles Sturt em Canberra, informou The Australian em 9 de junho.
Mas o Departamento da Defesa disse que dependia da autoavaliação das próprias universidades para policiarem suas interações acadêmicas com representantes do estrangeiro.
“Em última instância, é responsabilidade de cada instituição garantir que cumpram a lei”, disse o Departamento à ABC.
Em suas investigações, Hamilton descobriu centenas de projetos de pesquisa de cientistas australianos envolvidos com figuras militares seniores chinesas.
Ele disse à ABC que muitas dessas parcerias potencialmente significariam que a tecnologia australiana poderia ser usada contra o país numa situação de guerra.
“Não há dúvida de que parte da tecnologia na qual eles estão trabalhando está sendo aplicada para melhorar a prontidão de guerra do ELP [Exército da Libertação Popular da China]”, disse Hamilton.
Ele disse que o problema poderia prejudicar as relações com os EUA, que continua sendo o maior aliado estratégico da Austrália.
“Eu sei que nossa pesquisa está sendo lida atentamente em Washington e perguntas difíceis estão sendo feitas ao governo australiano”, disse ele.
Interferência de Pequim na Austrália
A preocupação com os vínculos entre as universidades australianas e o ELP emerge em meio a reportagens da mídia sobre a interferência de Pequim nos assuntos domésticos australianos, o que resultou no governo federal recentemente introduzir leis mais duras contra a interferência estrangeiras.
Entre as manchetes que a questão gerou, inclui-se o senador do Partido Trabalhista australiano, Sam Dastyari, que renunciou esta semana devido a seus vínculos com o doador político Huang Xiangmo, um rico promotor imobiliário chinês vinculado ao Partido Comunista Chinês.
“Os últimos 10 dias da política australiana nos mostram como os próximos 10 anos poderão parecer, em termos de como a Austrália se adapta a seu maior desafio estratégico: proteger nossos interesses da intenção agressiva e nacionalista da China de dominar a Ásia-Pacífico”, escreveu Jennings no The Weekend Australian.
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