7 de jun. de 2017

Turquia assume-se contra boicote árabe ao Qatar




Euronews, 07 de junho de 2017. 




O Presidente da Turquia junta-se às vozes críticas da recente crise no mundo árabe e mostra-se contra o isolamento imposto ao Qatar pelos países vizinhos.

Durante o discurso proferido no âmbito de um “iftar” (refeição tomada à noite pelos muçulmanos em período de Ramadão) promovido pelo respetivo partido, o Justiça e Desenvolvimento (AKP), Recep Tayyp Erdogan elogiou a “posição despreocupada e construtiva do Qatar” e defendeu que “tentar isolar um país que leva a cabo um eficiente ataque contra o terrorismo não vai contribuir para a resolução de quaisquer problemas.”



Quero dizer claramente que nós desaprovamos as sanções ao Qatar. Estes desenvolvimentos, numa altura em que precisamos mais do que nunca de solidariedade e cooperação, não são bons para qualquer país na região”, afirmou Erdogan, citado pela agência turca Anadolu.

O líder turco garantiu ainda, citado também pela televisão qatari Al Jazeera, que vai manter-se parceiro do governo de Doha: “A Turquia vai manter e desenvolver os laços com o Qatar assim como com todos os nossos amigos que nos apoiaram nos momentos mais difíceis.”

A Turquia é um país de maioria islâmica sunita, tal como a maioria dos países árabes do golfo.

As palavras Erdogan surgiram no final de um dia marcado pela visita do emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmad Al-Sabah, visitou a Arábia Saudita para debater com o rei Salman a recente crise no mundo árabe provocada pela decisão de seis países de isolarem o Qatar devido a um alegado apoio dado por este emirado soberano ao terrorismo.

Desde Washington, Donald Trump reagiu ao isolamento do Qatar pelo Twitter. O Presidente dos Estados Unidos elogiou a decisão como resultado da sua recente visita à Arábia Saudita, onde discursou numa cimeira árabe, e disse esperar que este seja “o início do fim do horror do terrorismo.”

O porta-voz da Casa Branca revelou, no entanto, uma posição oficial mais conciliadora em relação ao Qatar, país onde os EUA detém a maior base militar no Médio Oriente.

Tem havido tensão entre os vizinhos do Qatar e a situação foi comunicada pelos canais diplomáticos corretos. Os Estados Unidos mantém-se em contato próximo com todas as partes para resolver os problemas e repor a cooperação, tão importante para a segurança daquela região”, afirmou Sean Spicer num encontro com jornalistas na Casa Branca.

Diversos outros líderes mundiais como os presidentes russo Vladimir Putin ou o francês Emmanuel Macron têm vindo também a tentar pôr água na fervura do mundo árabe, estabelecendo diversos contatos via telefone.

Isolado e alegando inocência das alegações de apoio ao terrorismo, o Qatar aguarda que o Kuwait ajude a desbloquear o boicote.

Jogo de futebol da FIFA afetado

O jogo da seleção de futebol da Coreia do Sul no Qatar, a contar para o Grupo A da fase de qualificação da região asiática para o Mundial da Rússia, está em causa devido ao embargo de ligações aéreas imposto à península árabe do golfo pérsico e a anunciada anfitriã do Mundial2022.

A equipa coreana, orientada pelo alemão Uli Stielike, está atualmente nos Emirados Árabes Unidos onde joga esta quarta-feira um particular diante do Iraque e tem a viagem para Doha prevista para sábado, 10 de junho, três dias antes do jogo oficial com os qataris.

O secretário-geral da Confederação Asiática de futebol, Windsor John, disse à Reuters que o respetivo organismo está a monitorizar a crise diplomática no Golfo Pérsico e diz esperar que o atrito não tenha impacto nas competições internacionais.

A suspensão das ligações entre o Dubai e Doha obrigaram os coreanos a encontrar uma ligação alternativa via Kuwait, noticiou a agência sul-coreana Yonhap. A escala vai obrigar a prolongar por mais algumas horas um voo, que se fosse direto seria apenas de uma hora.

O selecionador da Coreia do Sul não antevê impactos de maior na equipa com esta alteração na viagem. Os sul-coreanos estão no segundo lugar do Grupo A, xom 13 pontos, quatro a menos que o líder, o Irão. O Qatar é último do grupo, com apenas 4 pontos.

Nas últimas duas jornadas, a Coreia do Sul vai enfrentar ainda o Irão, em casa, e, por fim, desloca-se ao Uzbequistão, equipa que tem apenas um ponto a menos que os sul-coreanos.


O Congresso norte-americano condenou a resposta violenta das forças de segurança turcas a um protesto pacífico, nas ruas de Washington, por altura da visita do presidente Recep Tayyip Erdogan, a 16 maio.

Os congressistas aprovaram, por unanimidade uma resolução que condena os confrontos ocorridos em frente à embaixada da Turquia, na capital dos Estados Unidos e exige que os seguranças e guarda-costas de Erdogan sejam julgados.


A Turquia atribui a responsabilidade da violência aos manifestantes, que diz terem ligações ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

O chefe da polícia de Washington classificou o incidente como um “ataque brutal” contra manifestantes pacíficos e o Departamento de Estado norte-americano classificou a conduta dos seguranças como “profundamente perturbadora”.

Pelo menos 11 pessoas ficaram feridas durante os confrontos. Duas tiveram de ser encaminhadas para o hospital.

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