Gatestone, 19 de junho de 2017
Por Soeren Kern.
- O tribunal ouviu o depoimento de Amer K. como ele esfaqueou a mãe de seus três filhos, no peito e no pescoço mais de vinte vezes com uma faca de cozinha porque ele achava que ela queria se divorciar.
- "Aí ele pega a faca e a enfia no peito dela que penetra no pericárdio e no músculo cardíaco. A segunda facada abre a cavidade abdominal esquerda. Nurettin B. então pega o machado. Com o lado do ângulo de corte da lâmina, ele acerta a cabeça fraturando o crânio dela. Na sequência ele pega a corda. Em uma extremidade ele faz um nó de forca ao redor do pescoço dela, amarra a outra extremidade ao engate de reboque da traseira de seu carro. Ele corre pelas ruas a 80 km/h até que a corda se rompe". — Procuradora do Estado Ann-Kristin Fröhlich, reconstituindo as ações do marido.
- Em Ahaus, um candidato a asilo nigeriano de 27 anos esfaqueou até a morte uma mulher de 22 anos aparentemente por ela ter ofendido a sua honra por não aceitar namorar com ele.
O julgamento de um curdo que amarrou uma das suas três esposas à traseira de um carro e a arrastou pelas ruas de uma cidade da Baixa Saxônia chamou a atenção para um surto de violência ligado a assassinatos em nome da honra na Alemanha.
A violência em nome da honra - que vai do abuso emocional à violência física e sexual até o assassinato - é, via de regra, perpetrada por membros do sexo masculino contra mulheres, todos da mesma família, consideradas causadoras de vergonha àquela família ou clã.
Fazem parte das ofensas não concordar com um casamento arranjado, ter um relacionamento com um não muçulmano ou com alguém que não tenha sido aprovado pela família, se recusar a permanecer em um casamento abusivo ou viver em um estilo de vida excessivamente ocidental. Na prática, no entanto, as linhas que dividem os crimes de honra e os crimes passionais são muitas vezes nebulosas, sendo que a menor resistência à autoridade masculina pode evocar a punição, o que às vezes é incrivelmente violenta.
Em 22 de maio, um tribunal de Hanover ouviu o depoimento sobre como um curdo de 39 anos de idade chamado Nurettin B. que tentou matar a sua segunda esposa, Kader K., de 28 anos, por ela ter pedido a ele apoio financeiro para o filho deles de apenas dois anos de idade. A Procuradora do Estado Ann-Kristin Fröhlich reconstituiu o crime de Nurettin B:
"Por volta das 18h00 do dia 20 de novembro de 2016, Nurettin B. entra em seu carro em Hamelin para se encontrar com Kader K. No porta-malas havia uma faca, um machado e uma corda. Sentado no banco de trás do carro estava seu filho de dois anos, que havia passado o fim de semana com ele. No meio da rua, o casal de outrora entra em uma discussão e ele começa a bater nela. Aí ele pega a faca e a enfia no peito dela. A lâmina de 12,4 centímetros de comprimento penetra no pericárdio e no músculo cardíaco. A segunda facada abre a cavidade abdominal esquerda. Nurettin B. então pega o machado. Com o lado do ângulo de corte da lâmina, ele acerta a cabeça e a parte superior do corpo, fraturando o crânio dela.
"Na sequência ele pega a corda. Em uma extremidade ele faz um nó de forca ao redor do pescoço dela, amarra a outra extremidade ao engate de reboque da traseira de seu Passat preto. Nurettin B. pisa no acelerador. Passa pelas ruas a 80 km/h. Depois de percorridos 208 metros a corda arrebenta. Kader K. é lançada contra o meio-fio. Nurettin B. leva o carro até a delegacia de polícia para se entregar. A criança ainda está sentada no banco de trás".
Wolfgang Rosenbusch, juiz que preside o caso, perguntou a Kader K., que ficou em coma durante semanas, para que contasse o seu lado da história. Ela disse que "o horror" começou logo após o casamento realizado conforme reza a Lei Islâmica Sharia (o casamento não é válido de acordo com a lei alemã) em março de 2013, quando Nurettin B. a proibiu de ter qualquer contato com amigos e familiares. Ela estava autorizada a sair de casa apenas para comprar mantimentos e consultas médicas. Ela não tinha permissão de ter um telefone celular. Rosenbusch perguntou: "ele tem algum problema com mulheres?" Kader K. respondeu: "ele acredita que as mulheres são escravas, que devem ficar de boca fechada".
Nurettin B. confessou o crime, mas insiste que não foi premeditado. Ele foi acusado de cometer tentativa de homicídio podendo ser condenado à pena máxima de 15 anos de prisão.
Em 9 de maio um tribunal de Kiel condenou um turco de 35 anos de idade a dois anos e meio de prisão por ele ter atirado em sua esposa, zangado que estava com ela, nos joelhos, aleijando-a para sempre, para que ela não chamasse a atenção de nenhum outro homem. O tribunal ouviu o depoimento de como o acusado levou a esposa para a parte de trás de uma mesquita local, após as preces de sexta-feira, acusando-a de ofender sua honra, atirando nela, dizendo: "agora você não pode mais andar. Você ficará em casa".
No tribunal, no entanto, a mulher, possivelmente pressionada pela família ou pela mesquita, disse ao tribunal que o casal se reconciliou e que estão fazendo terapia de casal. Observadores supõem que o caso tenha sido resolvido em um tribunal da sharia. De qualquer maneira, o tribunal alemão permitiu que o homem voltasse para casa com sua esposa e ainda não está claro se e quando ele cumprirá a sentença.
Em Münster um tribunal condenou um libanês de 36 anos chamado Amer K. a 12 anos de prisão por esfaquear sua esposa até a morte. O tribunal ouviu o depoimento de como Amer K. esfaqueou Fátima S., de 26 anos, mãe de seus três filhos, no peito e no pescoço mais de vinte vezes com uma faca de cozinha porque ele achava que ela queria se divorciar.
Enquanto isso, um tribunal em Hanau condenou um refugiado sírio de 22 anos a doze anos de prisão por ter esfaqueado até a morte a sua irmã de 30 anos de nome Ramia A., com uma faca de cozinha. Ela, que estava grávida de 23 semanas, foi acusada de fazer sua família cair em desgraça. O filho que estava por nascer também não sobreviveu.
A verdadeira dimensão do problema do crime em nome de honra na Alemanha ainda é uma incógnita: muitos desses crimes não são registrados e não há estatísticas confiáveis sobre o objeto em questão. A evidência empírica indica que a violência em nome da honra - primordialmente, mas não exclusivamente, é fruto da cultura muçulmana e da Lei Islâmica (Sharia) - que se espalhou desde que a chanceler Angela Merkel permitiu a entrada de cerca de dois milhões de migrantes da África, Ásia e Oriente Médio.
Em março de 2011, o Instituto Max Planck publicou um estudo sobre assassinatos em nome da honra, que virou referência. O estudo analisou todos os crimes dessa natureza que ocorreram na Alemanha entre 1996 e 2005. O levantamento constatou que houve dois assassinatos em nome da honra em 1998 e 12 em 2004. Contudo, em 2016, o número saltou para mais de 60, um aumento de 400% de acordo com o Website Ehrenmord.
Ao que tudo indica, o número de crimes em nome da honra é bem maior. O açodamento da censura policial e da mídia, que tem como objetivo conter os sentimentos anti-imigração, torna impossível saber os nomes e a origens de muitas vítimas ou perpetradores ou as verdadeiras circunstâncias que envolveram um grande número de assassinatos, que muitas vezes parecem ter sido assassinatos em nome da honra, mas são minimizados como "questões de família" (Familienangelegenheiten).
Pelo andar da carruagem o ano de 2017 será um ano recorde no tocante à violência em nome da honra na Alemanha. Nos cinco primeiros meses do ano houve pelo menos 30 assassinatos em nome da honra, entre eles:
18 de maio. Em Berlim Edin A., bósnio de 32 anos assassinou a ex-namorada, uma alemã de 35 anos chamada Michelle E., depois que ela terminou o relacionamento abusivo. Além disso ele sequestrou e torturou o filho dela de 12 anos de idade, forçando-o a assistir o assassinato de sua mãe. Os vizinhos disseram que alertaram inúmeras vezes a polícia sobre o comportamento violento de Edin A. A polícia no entanto nada fez.
17 de maio. Em Pforzheim um tajique de 53 anos esfaqueou até a morte a esposa de 50 anos no local de trabalho, uma creche cristã. Ainda não está claro se a mulher era convertida ao cristianismo.
17 de maio. Em Wardenburg um iraquiano de 37 anos esfaqueou até a morte a esposa de 37 anos enquanto ela dormia em sua cama. Os cinco filhos do casal, com idades entre quatro e 15 anos estavam em casa na hora do assassinato e agora moram com parentes.
8 de maio. Em Neuendettelsau um candidato a asilo etíope de 24 anos, de nome Mohammed G., esfaqueou a namorada de 22 anos no estômago em um restaurante após ela tê-lo, segundo consta, "provocado". A mulher estava grávida de cinco meses. O bebê também morreu no ataque.
4 de maio. Em Freiburg um candidato a asilo sírio de 33 anos esfaqueou a esposa de 24 anos, uma cristã curda que se mudou do apartamento do casal, mas voltou para pegar alguns objetos de uso pessoal. Os três filhos do casal - de seis e três anos e outro de dez meses - estão amparados pelas medidas protetivas.
29 de abril. Em Prien am Chiemsee um afegão de 29 anos esfaqueou até a morte uma afegã de 38 anos de nome Farima S., que tinha se convertido ao cristianismo. O agressor a emboscou quando ela saia de uma mercearia juntamente com seus dois filhos.
23 de abril. Em Syke Murad B., um iraquiano de 32 anos estrangulou a esposa de 32 anos, Mehe K., na frente dos três filhos do casal, de um, dois e nove anos de idade.
23 de abril. Em Dresden um refugiado paquistanês de 29 anos que atende pelo nome de Shahajan Butt, assassinou a namorada, uma vietnamita de 41 anos chamada Thu T. A polícia disse que o homem, que chegou à Alemanha em dezembro de 2015, ficou furioso ao saber que a namorada não tinha postado fotos dele na página do Facebook, suspeitando que ela tinha outro namorado.
16 de abril. Em Mainz-Finthen um candidato a asilo egípcio de 39 anos esfaqueou até a morte a esposa de 32 anos. A polícia disse que o casal estava discutindo na hora da agressão. Os dois filhos estão amparados pelas medidas protetivas.
5 de abril. Em Leipzig um sírio de 34 anos esfaqueou a esposa de 28 anos porque ela queria se divorciar. Os dois filhos do casal testemunharam a agressão. Eles estão amparados pelas medidas protetivas.
31 de março. Em Gütersloh um sírio de 43 anos queimou a própria filha de 18 anos com um cigarro, ameaçando matá-la. Quando a polícia interveio, o pai não permitiu que a filha saísse da casa. Depois que a polícia conseguiu levar a menina a um lugar seguro, o pai e um filho atacaram os policiais, que tiveram que usar spray de pimenta para se defender. A menina se encontra amparada pelas medidas protetivas.
15 de março. Em Kiel um turco/alemão de 40 anos esfaqueou até a morte a esposa turca de 34 anos em frente a uma creche. Os vizinhos disseram que o casal, que estava separado, havia brigado acerca da mudança de seus três filhos para a Turquia.
4 de março. Em Duisburg um candidato a asilo sírio de 30 anos, que atende pelo nome de Mahmood Mahrusseh, esfaqueou a ex-namorada de 32 anos. A mulher sobreviveu. O agressor está foragido.
3 de março. Mönchengladbach um candidato a asilo de 32 anos, chamado Ahmed Salim, assassinou Nicole M., uma alemã de 47 anos, ao que tudo indica, por ela ter terminado o relacionamento com ele. O homem, que também usa o nome Jamal Amilia, foi preso na Espanha. Em seu pedido de asilo, ele declarou que era de Israel. Em outro pedido de asilo em outro país, ele declarou ser do Marrocos. Acredita-se que ele seja do Iraque.
2 de março. Em Scheeßel um iraquiano de 42 anos esfaqueou até a morte a esposa de 52 anos, também do Iraque. A polícia descreveu o assassinato como assassinato em nome da honra. Os filhos do casal estão amparados pelas medidas protetivas.
25 de fevereiro. Em Euskirchen um turco/alemão de 32 anos esfaqueou até a morte a ex-namorada, uma alemã de 32 anos que começou a namorar outra pessoa.
17 de fevereiro. Em Offenbach Volkan T., um turco de 32 anos matou a tiros a ex-namorada de 40 anos de idade, Silvia B. O Assassino disse estar furioso porque a mulher, que tinha dois filhos, terminou o relacionamento com ele.
15 de fevereiro. Em Bielefeld, um iraquiano de 51 anos tentou assassinar a esposa de 51 anos atacando-a com um martelo no meio de uma aula de alemão em uma escola de idiomas local. Ao que tudo indica o homem estava furioso com a esposa porque ela estava interagindo com outros estudantes de idiomas.
10 de fevereiro. Em Ahaus um candidato a asilo nigeriano de 27 anos esfaqueou até a morte uma mulher de 22 anos aparentemente por ela ter ofendido a sua honra por não aceitar namorar com ele. A mulher, indiana, trabalhava no mesmo abrigo para asilados onde morava o agressor. Ele foi preso na Basileia, Suíça.
7 de fevereiro. Em Hanover-Mühlenberg um sérvio de 21 anos esfaqueou a ex-namorada depois que ela terminou o relacionamento e começou a namorar com outra pessoa.
1º de fevereiro. Em Hamburgo um afegão de 26 anos esfaqueou a esposa de 28 anos de idade, com a qual estava furioso, durante uma discussão. Ela sobreviveu à agressão.
15 de janeiro. Em Bremen-Vegesack um turco de 39 anos assassinou a esposa síria de 40 anos que estava grávida de nove meses porque queria se divorciar. O bebê também morreu na agressão.
5 de janeiro. Em Waldshut-Tiengen um turco de 47 anos esfaqueou a ex-esposa quando ela passeava com um amigo. Ao tentar fugir, ele a perseguiu enfiando uma faca nas costas dela.
4 de janeiro. Em Köln-Buchheim um iraquiano de 44 anos assassinou a sua própria filha de 19 anos porque não aprovava o namorado dela. Dois dias depois do assassinato ele chamou a polícia. "Eu matei minha filha", disse ele. É possível que o assassino jamais tenha que enfrentar a justiça. Ao que consta ele fugiu para o Iraque.
Soeren Kern é Colaborador Sênior do Gatestone Institute de Nova Iorque.
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