Observador, 24 de maio de 2017
Os EUA perderam o rastro a armamento no Iraque e no Kuwait, parte do qual estará nas mãos de extremistas. As armas destinavam-se a equipar o Exército iraquiano e os combatentes curdos.
As Forças Armadas norte-americanas perderam o rasto a armamento de valor superior a 900 milhões de euros no Iraque e no Kuwait, parte do qual estará nas mãos de extremistas, segundo um relatório da Amnistia Internacional.
Num inquérito realizado em 2016 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos que até agora era classificado, afirma-se que faltam “registos exatos e atualizados sobre as quantidade e localização” de equipamento que os norte-americanos mandaram para abastecer o Exército iraquiano.
Essa conclusão é especialmente preocupante dada a “longa história de fuga de armas norte-americanas para vários grupos armados que cometem atrocidades no Iraque, incluindo o auto-denominado Estado Islâmico”, apontou o investigador Patrick Wilcken, da Amnistia Internacional, no relatório hoje divulgado.
As armas, enviadas no âmbito da cooperação entre os Estados Unidos e o Iraque, destinavam-se a equipar o Exército iraquiano e os combatentes curdos das forças Peshmerga na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.
Incluíam dezenas de milhares de espingardas automáticas, centenas de munições de morteiro e veículos blindados.
As Forças Armadas norte-americanass responderam ao inquérito dizendo que iam apertar os controlos de transferências futuras, a mesma resposta que já tinham dado ao Congresso em 2007, quando surgiram preocupações semelhantes.
“Depois de tanto tempo e tantos avisos, repetem-se os mesmos problemas. Isto devia ser um alerta para os Estados Unidos e para todos os países que enviam armas para o Iraque. Mandar milhões de dólares de armas para dentro de um buraco negro e esperar que corra pelo melhor não é uma estratégia de contra-terrorismo viável, é apenas imprudente”, afirmou Patrick Wilcken.
Entre os problemas encontrados pelo Departamento de Defesa estão registos incompletos, confusos e fragmentados, às vezes escritos à mão em papéis a que se perde o rasto.
No inquérito também se assinala que o Departamento de Defesa não se responsabilizava por manter registos sobre as armas depois de entregues, apesar de ter um programa especial para o fazer.
“Qualquer país que venda armas ao Iraque tem que mostrar que há medidas rigorosas aplicadas para garantir que as armas não são usadas na violação de direitos humanos. Sem esta salvaguarda, não devem mandar quaisquer armas”, defendeu Wilcken.
A Amnistia Internacional apela aos Estados Unidos para que cumpram a sua própria lei, que determina que o Departamento de Defesa não pode fornecer armas a unidades militares, policiais ou de segurança que tenham cometido violações de direitos humanos.
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