Imã Mundhir Abdallah |
The Local dk, 16 de maio de 2017.
O imã Mundhir Abdallah, que foi acusado na semana passada de dar um sermão em uma mesquita de Copenhague na qual incitou o ódio contra os judeus, diz ter sido vítima de uma conspiração.
Em uma entrevista ao jornal Kristeligt Dagblad, Mundhir rejeitou a ampla critica que lhe foi feita depois de ter surgido na semana passada um vídeo onde mostrava ele citando um hadith que pode ser interpretado como antissemita, durante um sermão de sexta-feira em março deste ano.
O hadith – uma doutrina sobre a vida do profeta Maomé ou registro do seu discurso que é usado como base para a tradição islâmica – inclui a frase “Dia do Juízo Final não virá para os muçulmanos que lutarem contra os judeus e os matar. Os judeus se esconderão atrás das rochas e das árvores, mas as rochas e as árvores dirão: Oh muçulmano, oh servo de Alá, há um judeu atrás de mim, venha matá-lo”, de acordo com uma tradução do Instituto americano Memri.
Mas Abdallah disse que ele tinha sido vítima de uma trama.
“Os políticos no Ocidente e os meios de comunicação nunca param de atacar o Islã e os muçulmanos. Sua propaganda nunca para. Os muçulmanos são as vítimas reais, os outros não. Nossas mulheres são atacadas, nossas mesquitas estão sendo incendiadas”, escreveu Abdallah.
O imã acrescentou que tinha recebido apoio após a controvérsia sobre o seu sermão.
“Mesmo de muitos na Dinamarca. Eles sabem que as minhas palavras têm sido manipuladas e eles sabem que a motivação para esta campanha é evitar que os muçulmanos possam criticar Israel e os governos ocidentais que apoiam a ocupação [da Palestina ed.]”, Escreveu Abdallah para Kristeligt Dagblad no Facebook.
O imã, que viveu no Líbano e tem família na Dinamarca, acrescentou que ele não acredita que tenha alguma responsabilidade para evitar o antissemitismo nas comunidades muçulmanas.
Ele é relatado pelo jornal Politiken como estando ligado ao controverso grupo Hizb ut-Tahrir, que inclui em sua ideologia a criação de um califado islâmico.
Ele foi condenado por políticos muçulmanos dinamarqueses [hipócritas] quando os detalhes do sermão surgiram na mídia na semana passada.
“Os muçulmanos dinamarqueses têm uma responsabilidade como cidadãos na [mentira] luta contra todas as formas de discriminação”, escreveu o estudante de direito dinamarquês e debatedor Tarek Ziad Hussein, que rotulou Abdulahh como um “autoproclamado imã," em uma coluna no Politiken.
O MP Lars Aslan Rasmussen, do partido social-democrata opositor, disse a Kristeligt Dagblad que Abdallah poderia ser colocado numa lista dinamarquesa recentemente criada de pregadores de ódio proibidos de entrar no país.
“Isso pode ser uma violação do parágrafo de racismo ou a lei [lei dos pregadores de ódio, ed] que tem criminalizado certos tipos de declarações de pregadores religiosos... É muito, mais muito grave, e não podemos deixar imãs falarem com suas congregações desta maneira”, disse Rasmussen.
A mesquita em que Abdallah deu o seu sermão, a mesquita Masjid al-Faruq, no bairro de Norrebro, também foi visitada por Omar el-Hussein, que matou duas pessoas em um tiroteio em fevereiro de 2015, no qual uma sinagoga foi alvejada.
Sermões incentivando a lutar contra os judeus também foram dados na mesma mesquita naquela época, de acordo com a agência de notícias Ritzau.
“Não há nenhuma evidência de que ele fez isso porque ele veio para a mesquita”, escreveu Abdallah a Kristeligt Dagblad.
Artigos recomendados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário