Observador, 19 de março de 2017.
Por Ana França.
Martin Schulz já é rotulado de "salvador" da social-democracia alemã. Com bons números nas sondagens e uma política de esquerda, foi eleito líder dos sociais-democratas alemães com 100 % dos votos.
O homem que quer dar aos refugiados o direito de voto na Alemanha foi eleito para liderar os sociais-democratas alemães (SPD) com 100% dos votos dos militantes do partido. É um voto seguríssimo em Martin Schulz, que se perfila cada vez mais como uma "ameaça" séria a Angela Merkel [outra socialista], e que não se tem portado mal nas últimas sondagens. Segundo a empresa de sondagens Insa, o apoio SPD subiu de 21 para 31% desde que o antigo presidente do Parlamento Europeu se sentou na cadeira de líder.
Martin Schulz tem conseguido devolver um pouco de otimismo à social-democracia alemã, numa altura em que os partidos do centro estão em crise um pouco por toda a Europa. Se já houve quem se questionasse sobre se o SPD poderia continuar a ser apelidado de partido de massas, agora estamos a começar a observar uma corrida bem renhida entre os democratas "cristãos" de Angela Merkel e os sociais-democratas, apesar de atualmente se encontrarem a governar em coligação.
Merkel está no poder há 12 anos e uma das explicações mais vezes indicadas para esta subida dos sociais-democratas nas sondagens é, simplesmente, a necessidade de mudança. Desde que o nome de Schulz foi proposto para a liderança do partido — e, assim, como candidato a Chanceler — o partido tem 13.ooo novos membros.
“Estamos de volta. Esta é uma boa notícia para a Alemanha, pela Europa e para a democracia”, disse aos seus apoiantes que reagiram em quase histeria à sua nomeação, relata o diário espanhol El País.
Ainda é preciso ir às urnas, mas Schulz assume-me inequivocamente como um homem de esquerda. Aconselha-se a quem espera políticas de contenção orçamental, com cortes na assistência social, e reavaliação da política de portas-abertas à imigração de Angela Merkel que escolha um outro candidato porque Martin Schulz já disse que tem intenção de lutar contra a precariedade laboral, e contra a desigualdade social. A ministra do Trabalho do governo de Merkel, Andrea Nahles, que pertence ao SPD já disse que o partido quer investir 860 milhões de euros na extensão dos subsídios de desemprego e em treino vocacional.
Quanto ao partido que pede uma redução do número de imigrantes e refugiados, o Alternativa para a Alemanha (AfD), Schulz guarda palavras duras: “Eles não são uma alternativa mas sim uma vergonha para a República Federal”, disse depois de conhecer os resultados.
No congresso da CDU, em dezembro passado, Angela Merkel foi reconduzida com menos de 90% dos votos e o ex-líder dos sociais-democratas, Sigmar Gabriel, agora ministro dos Negócios de Estrangeiros, ficou-se pelos 74%.
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