RTP, 20 de março de 2017.
Por Paulo Alexandre Amaral.
Os incidentes do final de semana envolvendo caças-bombardeiros israelitas e a defesa anti-aérea síria puseram em campo os interesses russo na região. Perante as ameaças do ministro israelita da Defesa, Avigdor Lieberman, de destruir as anti-aéreas sírias, Moscovo avisou Telavive que os dias de rédea solta em território sírio chegaram ao fim.
Na noite de quinta e manhã de sexta-feira, dois caças israelitas entraram no espaço aéreo sírio para lançar vários ataques. Na volta, Damasco respondeu com uma barragem de mísseis. Apesar de as operações israelitas em território sírio serem relativamente frequentes, pela primeira vez Telavive admitiu o ataque, avisando o regime de Bashar al-Assad que era a última vez que atacava os aviões israelitas.
Israel iinformou que um dos mísseis foi neutralizado pelo seu sistema de defesa anti-míssil Arrow, mas subsiste a dúvida sobre se um dos caças terá sido abatido.
Na sequência da resposta síria, o ministro Avigdor Lieberman deixou uma forte ameaça a Assad: “A próxima vez que o sistema de defesa anti-áerea sírio for usado contra os nossos aviões, nós vamos destruí-lo. Não hesitaremos. A segurança de Israel está acima de qualquer coisa. Não haverá qualquer negociação”, declarou o ministro da Defesa israelita à Rádio Pública.
A declaração de Lieberman traduz o statu quo da região de há largos anos para cá, e não apenas desde que a Síria se afundou numa guerra civil sem fim à vista em 2011. Um dos casos mais emblemáticos é o ataque cirúrgico que terá sido lançado pelos israelitas, em 2007, contra um reactor nuclear em Deir ez-Zor.
A situação parece no entanto ter-se alterado, com o Kremlin a convocar este domingo o novo embaixador israelita em Moscovo.
De acordo com o embaixador sírio junto das Nações Unidas, Bashar Jaafari, “Putin acaba de enviar uma mensagem muito clara. A realidade é que o embaixador israelita [Gary Koren] foi convocado para uma conversa apenas um dia depois de apresentar as credenciais [na última quinta-feira] e foi-lhe dito de forma categórica que a brincadeira acabou”.
A embaixada israelita não comenta o encontro, mas o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros confirma que o encontro com Gary Koren teve lugar e serviu “principalmente para discutir os últimos acontecimentos na Síria e os seus desenvolvimentos”.
Jaafari fez questão de sublinhar que os contornos da situação - com a intervenção russa na região - alteram as regras do jogo e Damasco não vai continuar a assistir às ameaças israelitas de braços cruzados.
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