Euronews, 28 de março de 2017.
Por Ricardo Figueira.
Nicola Sturgeon vai poder propor um novo referendo à independência da Escócia, mesmo se já sabe que o governo britânico se vai opor.
O parlamento escocês aprovou a proposta da primeira-ministra, que pretende, com este novo voto, evitar que a Escócia sofra os efeitos do Brexit.
A Escócia votou, na maioria, pela permanência na União Europeia, o que fez Sturgeon desenterrar a ideia do referendo. Em 2014, o “não” à independência ganhou por menos de dez pontos.
“O povo da Escócia deve ter o direito de escolher entre o Brexit, provavelmente um Brexit muito duro, ou tornar-se num país independente, capaz de traçar o próprio percurso e criar uma parceria entre iguais dentro das ilhas britânicas”, disse Nicola Sturgeon.
Para avançar com o novo referendo, Sturgeon vai ter de fazer um braço-de-ferro com Theresa May. No encontro entre as duas, a primeira-minsitra britânica deixou claro que não iria autorizar nenhum referendo na Escócia antes do Brexit.
PM v clear to me in meeting that she intended terms of Brexit - exit & future deal - to be clear before UK leaves & in time for ratification https://t.co/S4IZwpzvUF— Nicola Sturgeon (@NicolaSturgeon) 27 de março de 2017
É uma primeira etapa na senda de um novo referendo sobre a independência da Escócia, mas o caminho é ainda longo e incerto, porque a vontade do parlamento escocês não chega. O parlamento de Londres tem também que estar de acordo.
A primeira-ministra britânica voltou a manifestar à chefe do governo da Escócia, Nicola Sturgeon, o seu desejo de que o Reino continue Unido durante o processo de separação da União Europeia. A verdade é que a tarefa já difícil deTheresa May se complica com as veleidades independentistas:
É pouco provável que o partido independentista no poder em Edimburgo consiga a luz verde de Westminster para um segundo referendo antes de 2018 ou 2019, mas Nicola Sturgeon está decidida a aproveitar o seu mandato de chefe do governo, com uma maioria estável para avançar nessa direção. Os independentistas vão tentar tudo para não deixarem passar esta nova janela de oportunidade e para convencerem os escoceses, ainda bastante divididos.
No referendo de 2014, a Escócia rejeitou a independência com 55,3% dos votos, mas o Brexit voltou a pôr as cartas na mesa. 52% dos britânicos escolheram deixar a União Europeia, mas 62% dos escoceses queriam permanecer. E este é o novo argumento dos independentistas, ainda que a leitua não seja assim tão linear, como explica Nicolas Cross da Universidade de Edimburgo:
“Isto vem juntar mais incerteza a uma situação já difícil. Eles dizem que se trata de garantirem um lugar na União Europeia, mas já se diz que estão a debater entre um acordo de comércio livre com a Europa ou uma área económica específica muito mais do que aderirem à União Europeia. Penso que mesmo o SNP não tem a certeza do caminho a seguir relativamente à Europa”.
Do lado de Bruxelas, Nicola Sturgeon conta com o caminho mais livre após a concretização do Brexit, porque para que um país adira à União Europeia é necessário o acordo unânime dos estados membros. Uma situação que seria difícil de conseguir com a Grã-Bretanha ainda no clube europeu.
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