Euronews, 03 de março de 2017.
Na Alemanha, uma falsa ameaça de bomba obrigou à evacuação da Câmara Municipal de Gaggenau, esta sexta-feira.
“O homem que telefonou (a fazer a ameaça) disse que a razão foi o cancelamento (na véspera) do evento com o ministro da Justiça turco”, informou um representante do município.
Quinta-feira, a Alemanha proibiu dois eventos para promover o “sim” ao reforço dos poderes do presidente da Turquia, alimentado a tensão crescente entre os dois países.
A resposta de Ancara chegou pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros. Mevlut Cavusoglu disse que a Alemanha deve “evitar o populismo” durante a campanha para o referendo na Turquia. “Se querem manter boas relações, têm de aprender como nos tratar. Os problemas não se resolvem assim. Isto não pode continuar. Iremos retaliar sem hesitação”, ameaçou o chefe da diplomacia turca.
Altos responsáveis de Ancara, como o primeiro-ministro Binali Yildirim, têm feito campanha na Alemanha, onde vivem 3,5 milhões de turcos, para o “sim” no referendo, agendado para abril, em que Recep Tayyip Erdogan pode ver os poderes presidenciais serem fortemente reforçados.
O apelo da chanceler Angela Merkel para a libertação de um jornalista alemão detido na Turquia é outro dos assuntos a alimentar a tensão crescente entre Ancara e Berlim.
A Alemanha e a Turquia tentam apaziguar tensões depois de três cidades alemãs terem recusado acolher comícios de ministros turcos em campanha pelo Presidente Erdogan no referendo sobre a atribuição de poderes executivos ao chefe de Estado.
Ancara acusa Berlim de má vontade.
Agora, os chefes da diplomacia dos dois países decidiram encontrar-se.
Um autarca da região de Colónia, onde um dos comícios dever ter sido organizado, reage.
“Sinto que me estão a fazer passar por parvo com a maneira turca de nos tratarem aqui na democracia alemã. E sou da opinião que isso não vai ajudar em nada as pessoas de origem turca, que gostam de viver no nosso país”, explica Henk Van Bentham, presidente do distrito de Porz.
Entre a comunidade turca as opiniões dividem-se. Uns são contra a propaganda eleitoral na Alemanha, outros criticam as autoridades alemãs.
“Na Alemanha, não acho que seja correto, porque vai no sentido de propaganda para o atual governo”, diz um turco.
Outro explica que o que acha errado “é a propaganda pelo PKK, considerada organização terrorista – a eles autorizam tudo, tudo é possível para eles, mas um ministro turco não é autorizado a falar. São estes os dois critérios das autoridades alemãs”.
A Alemanha, casa para 1.5 milhões de eleitores turcos, nega qualquer motivação política no cancelamento, afirma que a organização de eventos é da responsabilidade do poder local.
Berlim condena a prisão do correspondente do diário Die Welt, Deniz Yücel, detido por propaganda “terrorista”.
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