22 de mar. de 2017

A China ainda é comunista?

Uma cerimônia no Grande Salão do Povo em Pequim em 1º de julho de 2016.


Epoch Times, 22 de março de 2017. 



Por Larry Ong



As armadilhas de uma sociedade de consumo moderna não mudam a essência do regime chinês

A China tem a segunda maior economia do mundo e uma das maiores bolsas de valores. Os arranha-céus modernos pontilham o céu de Beijing, Tianjin e Shanghai. Todas as marcas de carros podem ser encontradas nas ruas e os cidadãos chineses carregam os últimos smartphones.

Então, a República Popular da China é de fato um Estado capitalista moderno e é comunista apenas no nome?


Embora o Partido Comunista Chinês (PCC) tenha adotado alguns aspectos do capitalismo, a China continua a ser um país comunista: O Partido controla toda a terra e toma as grandes decisões sobre a economia; o PCC mantém controles rígidos sobre a fala e a expressão de opinião/pensamento, a assembleia e a crença; e a estrutura política do regime chinês é a de uma ditadura leninista clássica.

A China não teria sido capaz de desfrutar de um crescimento de dois dígitos do PIB nos últimos anos se o Partido não tivesse se afastado do socialismo puro sob o líder supremo Deng Xiaopeng em 1978, quando decidiram realizar reformas econômicas.

Ao longo das décadas, o Partido lentamente abdicou de algum controle sobre os meios de produção e permitiu empresas privadas e empreendedores. A liderança chinesa agora se refere a seus planos quinquenais como “diretrizes”, em reconhecimento ao fato de que o Partido não mais comanda a economia totalmente.

Mas o Partido opera o que poderia ser denominado uma “economia de novo comando”.

Empresas estatais podem representar apenas 3% de todas as empresas na China hoje, mas elas produzem cerca de 25-30% da produção industrial total. O Partido continua no comando da economia enquanto mantem oficiais superiores do Partido ou seus familiares na direção de diversas indústrias-chave. Por exemplo, Jiang Mianheng, filho do ex-líder chinês Jiang Zemin, é conhecido como o “rei das telecomunicações” da China, devido aos seus interesses e controle sobre a indústria.

É sabido amplamente que os números impressionantes do crescimento do PIB da China são bastante manipulados. Li Keqiang, o atual primeiro-ministro chinês, disse a um funcionário norte-americano em 2007 que os números oficiais não são confiáveis ​​e, em vez disso, ele observa o volume de cargas ferroviárias, o consumo de eletricidade e novos empréstimos conferidos ​​pelos bancos para melhor avaliar o crescimento econômico da China.

Muitos altos empresários chineses são membros do Partido Comunista que servem na legislatura-carimbo do regime ou seu órgão consultivo político. Parte da razão disso é a política do Partido de cooptar as elites de negócios chinesas, embora os empresários se juntem de qualquer maneira porque a adesão ao Partido garante vantagens nos negócios.

E, literalmente conforme a doutrina marxista, o Partido é o único verdadeiro proprietário de terras na China; o Partido aluga a terra ao povo chinês.

A sociedade chinesa continua sendo fortemente controlada pelo Partido.

O Partido emprega mais de 2 milhão de pessoas para policiar a internet, censurar a opinião pública e operar seu poderoso firewall que mantem a internet global fora do alcance do usuário comum chinês. Oficiais de controle populacional forçam as mulheres chinesas a manterem o limite de crianças segundo o mandato estatal e realizam abortos forçados e esterilizações contra mulheres que não se conformam.

Os dissidentes do regime, bem como as comunidades religiosas e os membros comuns da sociedade civil, vivem sob a constante ameaça de serem declarados inimigos políticos pelo Partido e então “convidados para o chá” – um código na China quando pessoas são levadas por agentes de segurança pública para serem interrogadas. Dissidentes são abusados, torturados e frequentemente levados para realizar trabalho forçado em centros de detenção.

O regime assegura uma taxa de condenação quase perfeita contra seus inimigos políticos nos tribunais, os quais ele controla. Dissidentes proeminentes encontram-se sob prisão domiciliar no momento em que concluem suas frequentes e comuns visitas atrás das grades.


A Constituição chinesa afirma que garante a liberdade de crença, mas o Partido ignora suas próprias leis. Por exemplo, Jiang Zemin, o ex-secretário-geral do Partido Comunista, impôs a impopular perseguição à prática espiritual do Falun Gong em 1999 e criou uma organização extralegal para garantir que o aparato legal e de segurança do regime executassem a política de Jiang.

Politicamente, a China ainda é dirigida por um partido leninista obcecado pelo controle.

O Partido Comunista Chinês é o único partido político que governa desde 1949; outros partidos existem sob uma “frente unida”, mas não são independentes dos comunistas.

O líder ou secretário-geral do Partido Comunista não dirige um gabinete mas é parte de um departamento político, um grupo de oficiais superiores que tomam todas as decisões principais no país. O líder do regime também não é eleito democraticamente mas escolhido a dedo por anciãos e elites do Partido.

Hoje em dia, os líderes da China podem ter trocado seus uniformes cinzentos de cinco botões e colarinho mandarim no estilo Mao Tsé-tung por ternos de negócio escuros, mas, enquanto o martelo e a foice permanecem no Grande Salão do Povo, o comunismo ainda não terá sido relegado a lamentáveis episódios da história na China.

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