Euronews, 20 de fevereiro de 2017.
O novo cessar-fogo no leste da Ucrânia entrou em vigor esta segunda-feira, sem registo de novos incidentes entre tropas ucranianas e milícias pró-russas.
Os separatistas afirmam, no entanto, que só vão retirar a artilharia pesada da zona desmilitarizada se a trégua for respeitada durante, pelo menos, 24 horas.
O cessar-fogo é uma condição essencial para que os dois campos possam discutir uma solução política para o conflito, nas próximas semanas, no quadro dos acordos de Minsk.
Uma residente da região separatista de Donetsk afirma:
“Eles primeiro disparam e depois tomam algum tipo de decisão. E decidiram parar os confrontos esta segunda-feira e não ouvimos ainda nenhuma explosão”.
O cessar-fogo é, no entanto, marcado pelo bloqueio do transporte de carvão entre as zonas separatistas e Kiev.
Um grupo de antigos combatentes ucranianos, na origem do movimento, envolveu-se ontem em confrontos com a polícia durante um protesto na capital.
Os manifestantes tentaram, sem sucesso, instalar várias tendas frente ao edifício da presidência em Kiev.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, voltou a apelar ao fim do bloqueio:
“Quero sublinhar que não estão a bloquear as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk. Estão a bloquear a Ucrânia e a nossa luta para restaurar a nossa integridade territorial”.
Os ativistas denunciam a forma como a continuação das trocas comerciais com os territórios separatistas contribuem para o financiamento dos rebeldes.
Kiev afirma, por seu lado, que o bloqueio do transporte do carvão extraído na zona leste do país poderia deixar milhões sem eletricidade e aquecimento.
A Rússia diz que o reconhecimento dos passaportes emitidos pelos rebeldes separatistas do leste da Ucrânia respeita a legislação internacional. As autoridades das regiões de Donetsk e Luhansk dizem já ter emitido documentos para 48.000 pessoas.
Nos enclaves separatistas, a decisão do Kremlin é vista com bons olhos. Um residente de Donetsk afirma que “é preciso [para] viver” e que “não se pode ficar sempre no mesmo sítio”. E acrescenta que “os aeroportos e comboios não funcionam, é como um gueto”.
Como seria de esperar, do lado de Kiev a reação é de ira. O presidente ucraniano criticou vivamente a medida russa e questionou a legalidade do gesto de Vladimir Putin, que no sábado aprovou um decreto “temporário” para reconhecer os documentos separatistas.
Petro Poroshenko diz que “soube pelo vice-presidente [norte-americano] da decisão de Putin de reconhecer os passaportes dos territórios ocupados. É mais uma prova da ocupação russa e da violação da legislação internacional”.
Esta segunda-feira, Berlim, classificou como “inaceitável” a decisão do Kremlin, considerando-a contrária aos acordos de paz de Minsk. A França, que com a Alemanha supervisiona a implementação dos acordos, também a classificou de “lamentável”
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