Euronews, 06 de novembro de 2016.
A oposição pró-curda da Turquia decidiu boicotar o parlamento após a detenção de doze deputados do partido, acusados de ligações terroristas.
Os membros do partido HDP justificaram o abandono das sessões parlamentares com o que consideram ser, “um ataque do governo contra a democracia”.
O segundo maior partido da oposição controla atualmente 59 assentos do parlamento.
Segundo o porta-voz da formação, Ayhan Bilgen, “depois das discussões com o nosso grupo parlamentar e o comité executivo do partido, decidimos suspender toda a atividade legislativa após o maior e mais obscuro ataque na nossa história democrática e lançar um processo de consultas com o nosso povo”.
Entre os 12 deputados do HDP detidos na sexta-feira encontram-se os dois co-líderes da formação, Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag.
Um gesto que inflama as críticas internacionais contra o regime de Ancara, que tinha já detido milhares de militares, ativistas, juízes, jornalistas ou universitários após o golpe falhado de julho.
O presidente e primeiro-ministro turcos defenderam hoje a decisão da justiça, acusando os deputados do HDP terem ligações aos separatistas curdos do PKK, algo que a formação sempre negou.
Face às ameaças de Bruxelas de suspender o processo de adesão de Ancara à UE, o presidente Erdogan acusou hoje a Europa de “apoiar o terrorismo, ao “dar refúgio a membros do PKK (separatistas curdos)”.
Respondendo às críticas sobre a deriva autoritária do governo turco, Erdogan afirmou, “eu não me importa que me chamem de ditador, o que me interessa é o que o meu povo pensa de mim”.
O jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung revela, na sua edição deste domingo, que o próximo relatório da UE sobre a Turquia, sublinha os “importantes retrocessos do país”, em matéria de direitos humanos e liberdade do poder judicial.
As autoridades turcas tinham detido na semana passada 15 jornalistas do Cumhurryiet, um jornal da oposição, acusados igualmente de ligações ao terrorismo.
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