7 de out. de 2016

Rússia avisa Estados Unidos: ataques contra Assad terão resposta militar




Euronews, 07 de outubro de 2016. 



Por Francisco Marques



A Rússia, aliada confessa de Bashar al-Assad no conflito sírio, expressou esta quinta-feira um aviso aos opositores do Presidente da Síria, mas com um destino bem definido: Washington. Qualquer ataque a territórios controlados pelo regime de Bashar al-Assad será visto como uma ameaça aos militares russos ali mobilizados, avisou o porta-voz do Ministério russo da Defesa.

Muitos oficiais do Centro Russo para a Reconciliação das Partes em Conflito estão atualmente a trabalhar no terreno, a distribuir ajuda humanitária e a negociar com líderes de grupos armados na maioria das províncias sírias. É por isso que qualquer ataque aéreo ou com mísseis no território sob controlo do governo sírio irá representar uma ameaça aos militares russos”, explicou Igor Konashenko.


O aviso de Moscovo surge após ter sido conhecido que os Estados Unidos estarão a debater a nível interno o recurso a “opções não diplomáticas” contra o regime de Bashar al-Assad.


Referindo-se diretamente a essas notícias, Konashenko acrescentou: “Recomendaria aos nossos colegas de Washington ponderar muito bem as consequências da execução de tais planos. Gostaria de lembrar os estrategas norte-americanos que a defesa aérea nas bases de Hmeymim e Tartus é feita por mísseis terra-ar S-400 e S-300, cujo raio de ação pode revelar-se uma surpresa para qualquer objeto voador não identificado.”

De Washington, através de porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, surgiu a resposta: “Vimos as declarações oriundas de Moscovo. Esses comentários não impedem que as conversas prossigam no seio do governo dos Estados Unidos.”

Representante da ONU oferece-se para escolta humanitária

A ofensiva sobre Alepo mantém-se. A Síria, com o apoio da Rússia e do Irão, quer recuperar o controlo total do país a qualquer o custo e o objetivo prioritário é agora a zona leste de Alepo, onde as Nações Unidas estimam que 275 mil pessoas estejam ainda em perigo.

O enviado especial da ONU à Síria ofereceu-se, ele mesmo, para ir à cidade ajudar a escoltar os civis ali retidos na relocalização em local seguro.

Staffan de Mistura receia que “no máximo em dois meses e meio, a zona leste de Alepo possa ser totalmente destruída, em particular, a cidade velha”. “Milhares de sírios civis, não terroristas, serão mortos, muitos outros serão feridos e outros milhares e milhares poderão tentar tornar-se refugiados”, avisou o representante da ONU.

Assad: “tudo pode ser manipulado hoje em dia”

Bashar al-Assad concedeu uma nova entrevista a um meio de comunicação europeu. À TV2, da Dinamarca, o Presidente da Síria garantiu que as acusações de que o regime sírio estará a matar crianças é uma mera propaganda dos meios de comunicação ocidentais: “apenas mostram algumas imagens de crianças que servem as respetivas agendas políticas”. “Isto é parte da propaganda e da demonização do governo na Síria”, garantiu.

Assad aproveitou para denunciar o que acusa estar a ser branqueado pelo ocidente: “têm estado a bombardear diariamente desde o leste de Alepo o outro lado da cidade. Há dezenas de mortos e dezenas de feridos em Alepo de que as corporações do ocidente nada dizem.”

Confrontado com as imagens de hospitais bombardeados no leste de Alepo, o líder do regime sírio defende que “imagens não podem contar uma história, nem vídeos”. “Tudo pode ser manipulado hoje em dia”, disse Assad, garantindo não ter quaisquer “factos que suportem esses ataques, apenas alegações.”

O Presidente sírio reiterou ainda a autorização dada para que os rebeledes e até terroristas possam abandonar de forma pacífica e em segurança as zonas mais sensíveis. “É uma das formas ou métodos que temos usado para proteger os civis”, garantiu Assad.

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