The Local Fr, 10 de outubro de 2016.
Depois de um ataque com coquetel molotov violento contra quatro policiais perto de Paris, o primeiro-ministro da França insistiu que não havia zonas proibidas no país, mas os próprios sindicatos policiais descreveram uma realidade totalmente diferente.
Valls estava fazendo uma visita ao subúrbio de Paris, onde os quatro policiais foram feridos no sábado depois de terem estado sob uma chuva de coquetéis molotov.
O incidente, que deixou um policial em condição crítica, ocorreu perto dum notório conjunto habitacional de La Grande Borne em Viry-Châtilon, ao sul de Paris.
O ataque contra os oficiais, que estavam protegendo uma câmera de CCT instalada em uma área onde havia uma série de roubos de motoristas, foi usada como munição por político da oposição que alegavam que o governo tinha permitido o desenvolvimento de áreas sem lei.
Mas o PM Valls, que foi acompanhado pelo ministro do Interior Bernard Cazeneuve disse: “A autoridade do Estado será garantida. Não há zonas proibidas, antes devemos reconhecer que há áreas particularmente difíceis”.
Valls prometeu que faria de tudo para levar os responsáveis pelo ataque com coquetéis molotov à justiça.
“Esses indivíduos serão encontrados, e levados à justiça e punidos severamente, porque quando atacam a polícia, atacam a própria França”, disse o PM.
Mas os sindicatos policiais estão em desacordo com o primeiro-ministro.
(PM Manuel Valls em uma visita a Viry-Châtillon. AFP)
“Claro que há zonas proibidas na França, onde a polícia não pode intervir e fazer o seu trabalho em segurança”, disse Denis Jacob do sindicato da polícia CFDT, ao The Local. “E é o mesmo para os bombeiros ou praticamente qualquer representante do Estado. A polícia não pode aplicar a lei nessas áreas, eles são atacados. Se a polícia não pode fazer o seu trabalho é porque há criminosos e delinquentes que não respeitam a lei”.
“Não é apenas um problema com este governo é um problema com todos os governos da França ao longo dos últimos 20 anos. Os governos nunca vão admitir que há zonas proibidas porque isso é um sinal de um estado falido”.
Mas novas estatísticas que foram divulgadas nessa segunda-feira irão incidir em Valls e qualquer um que trabalha na polícia francesa.
De acordo com o observatório nacional de crime da França, entre 2010 e 2015 o número de policiais e gendarmes (polícia militar) feridos quando estavam em serviço aumentou 25%.
Em 2015 alguns 5.674 policiais foram feridos no cumprimento do dever em comparação com 4.535 em 2010.
Para os gendarmes o aumento foi ainda mais impressionante – 1.807 feridos em 2015 em comparação com 1.408 em 2010.
“Uma parte da população não tem mais respeito pela polícia e o estado”, disse Jacob.
Ele disse que a solução era um retorno ao policiamento local e delegacias de polícia locais ou velhos “batidas policiais” ao estilo do policiamento do Reino Unido.
“Eu estive na polícia nacional francesa por 30 anos. Quando eu comecei havia policiais que trabalhavam localmente em delegacias de polícia locais, mas estes foram levados”, disse Jacob.
“A polícia costumava conhecer todos os jovens na área e iria construir um importante aparato de inteligência para saber quem eram os criminosos. Eles também poderiam obter informações da população local, que agora se sente completamente abandonada”, acrescentou.
Após o ataque na Viry-Châtillon a área foi inundada com policiais como uma demonstração de força por parte das autoridades, mas Jacob diz que acabará por ser inútil.
“Quando se acalma a polícia de choque vai e quando o fazem, as coisas só vão voltar a ser como eram. O governo precisa investir em forças policiais locais permanentes”.
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