Euronews, 14 de setembro de 2016.
Por Ricardo Figueira.
Com Beatriz Beiras
Os russos vão às urnas este domingo, para eleger os 450 deputados que constituem a Duma (câmara baixa do parlamento). As eleições foram antecipadas em relação à data anterior, 4 de dezembro – uma medida que pode fazer aumentar a abstenção, quando o desinteresse pelas eleições é já grande e generalizado. Segundo o centro de sondagens Levada, só 9% dos eleitores seguem a campanha eleitoral. 43% ignoram-na completamente.
As sondagens dão a vitória ao partido no poder, o Rússia Unida, de Vladimir Putin. As listas são encabeçadas pelo atual primeiro-ministro Dmitri Medvedev, embora com 41%, um número que o deixa abaixo dos 300 lugares necessários para a maioria qualificada.
O presidente Putin tem aparecido com Medvedev, mas está impedido por lei de emprestar a imagem ao partido.
O partido comunista de Guennadi Zyuganov, assente num eleitorado sobretudo de reformados, deve perder o segundo lugar na Duma. A recusa de Zyuganov em ceder o lugar na liderança pode ter tido uma influência nesta perda de popularidade.
O beneficiado é o Partido Liberal-Democrata do ultranacionalista Vladimir Jirinovski, que deve obter mais de 12% dos votos, o melhor resultado desde 1993.
O chefe do partido Rússia Justa, Serguei Mironov, acredita que o partido vai estar entre os quatro primeiros e que serão esses quatro os únicos a entrar na composição da Duma. Diz também que todos apoiam o presidente Vladimir Putin.
Só dificilmente os partidos que fazem uma oposição declarada a Putin entrarão na Duma, mesmo se a percentagem mínima para entrar no parlamento baixou dos 7% para os 5%.
Vítima de várias divisões internas, o PARNAS, partido do antigo primeiro-ministro
Mikhail Kasyanov, não consegue mobilizar o eleitorado desiludido com Putin e com o Rússia Unida.
A Rússia está em recessão e as receitas reais estão a cair, o que acontece pela primeira vez desde a chegada de Putin ao poder. O presidente está já a preparar a campanha para 2018, mesmo se ainda não anunciou a candidatura. A ser eleito, será o quarto mandato e o segundo desde o interregno em que Medvedev preencheu a vaga. A constituição não permite que um presidente ocupe três mandatos consecutivos, mas a máquina de Putin contornou a situação em 2008 e pode voltar a fazê-lo em 2022.
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