5 de mai. de 2016

Rússia emite novas ameaças contra os Estados Nórdicos não alinhados

OTAN - Secretário-Geral Jeans Stoltenberg, à esquerda, o ministro da Defesa da Suécia Peter Hutqvist. Ambos participam duma conferência de imprensa após a reunião Nórdica dos ministros da Defesa em Estocolmo, Suécia, em 10 de novembro de 2015. 


DefenseNews, 05 de maio de 2016.







Helsinque – A Rússia emitiu novas ameaças duma possível resposta militar caso qualquer um dos estados não alinhados vizinhos optar por aderir à OTAN

Esta última retórica de Moscou teve uma resposta rápida e robusta da Suécia. 

“Estes avisos são desnecessários e descabidos. Na Suécia, fazemos nossas próprias escolhas e decisões sobre a política de segurança externa, e de defesa”, disse o primeiro-ministro sueco Stefan Lofven

O governo finlandês também disse que não quer que a Rússia dite sua política externa ou sua decisão centrada no processo de adesão à OTAN

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse que Moscou seria “obrigado a tomar medidas” caso a Suécia se tornasse parte da infraestrutura da OTAN. 

“Embora seja o direito de cada país decidir qual a forma de segurança nacional que quer ter, devemos fazer compreender que, se a infraestrutura militar da OTAN se aproximar das fronteiras da Rússia, seremos obrigados a tomar as medidas técnico-militares necessárias”, disse Lavrov. 

A porta-voz da política externa do Partido Moderado sueco, Karin Enstrom disse que a Rússia não tem o direito de intervir no sistemas de decisão política dos estados nórdicos não alinhados e democráticos. 

“Por um lado, o ministro das Relações Exteriores russo afirma que cada país tem o direito de definir sua própria política de segurança, e no mesmo fôlego insinua que poderia haver consequências militares. Precisamos ter clareza da Rússia, quanto ao que tudo isso significa,” disse Enstrom, ex-ministra da Defesa. 

Moscou tornou-se cada vez mais agitada conforme a Finlândia e a Suécia aprofundavam relações com militares da OTAN. Nos últimos meses, esta colaboração se desenvolveu para muito além da parceria para mecanismos de paz (PFP). 

A Rússia está particularmente preocupada com a relação militar mais estreita da Finlândia com a OTAN. Ao contrário da Suécia, que não tem fronteira com a Rússia, a Finlândia tem uma fronteira de 833 milhas com seu vizinho oriental. 

A Rússia responderá aos estados nórdicos não alinhados caso ingressem na OTAN, reforçando suas capacidades militares em suas fronteiras norte e noroeste, de acordo com Evgeny Serebrennikov, o vice-presidente da Comissão do Conselho da Federação Russa de Defesa e Segurança. 


“Se a Suécia se juntar a OTAN, vamos aumentar o tamanho da Frota do Norte e fortalecer nossos sistemas de defesa aérea. A Rússia está em fase de conclusão no desenvolvimento de uma nova geração de mísseis que são inexpugnáveis para as forças da OTAN”, disse Serebrennikov. 

Nem a Finlândia ou a Suécia têm dado sinais claros de intenção de aderir à OTAN. Apesar disso, a Rússia continua a usar “táticas de intimidação” para dissuadir os dois países de se juntar à aliança, disse Piet Kessler, um analista político radicado em Haia, na Holanda. 

“A Rússia certamente não quer a Finlândia na OTAN. Isto elevaria a sua perspectiva de ter forças da Aliança perto da fronteira. As novas ameaças são incomuns. Moscou tem mostrado uma vontade de manter e fazer crescer um bom relacionamento com a Noruega, um estado Nórdico na OTAN que também tem uma fronteira considerável com a Rússia”, disse Kessler. 

O desconforto de Moscou sobre o aprofundamento dos laços militares da Finlândia com a OTAN tem crescido no contexto dum governo finlandês encomendando relatórios estratégicos que afirmam “a capacidade” da Finlândia de aderir à OTAN, de modo independente, ou em uma ação coordenada com a Suécia, que também deve decidir. 

Intitulado “Efeitos da possível adesão da Finlândia à OTAN”, o painel de especialistas internacionais do relatório advertem que a Finlândia arrisca provocar uma grave crise com a Rússia caso se junte a OTAN. 

O relatório será usado na elaboração da estratégia da política externa e de segurança iminente da Finlândia. 

“Qualquer decisão futura de aderir à OTAN estará sujeita a um referendo sobre a questão. Eu não acredito que este relatório vai levar a qualquer tipo de pressão da Rússia”, disse o primeiro-ministro finlandês Juha Sipila. “Este é o momento para uma avaliação abrangente e abertamente de qual reação a Rússia pode ter, se a Finlândia ou a Suécia aderir à OTAN.”

O relatório finlandês conclui que o impacto na Finlândia, ao ingressar na OTAN como um membro pleno seria consideravelmente mais benigno do que caso a Suécia e a Finlândia entrem num acordo sobre uma “ação conjunta” coordenada para a aliança. 

O ministro da Defesa da Suécia, Peter Hutqvist descreveu o relatório finlandês como uma “análise útil e oportuna”, observando que tanto a Finlândia e a Suécia se beneficiariam com o desenvolvimento duma abordagem comum para com a política de segurança. 

No entanto, Hutqvist enfatizou que o atual governo socialista da Suécia não tinha planos para laterar o status de não alinhado do país. 

Os sociais-democratas no poder, ao qual pertence Hutqvist, opõem-se ao país se tornar membro da OTAN. A adesão à aliança é apoiada pelos partidos conservadores de centro  na Suécia. 

O aprofundamento da colaboração militar da Finlândia com a aliança será ampliada em junho, quando a OTAN colocar em vigor Operações no Báltico (BALTOPS), exercícios de desembarque, que incluem operações de forças especiais, que são estendidas para o continente finlandês pela primeira vez. 

Forças suecas também vão participar do BALTOPS. A força terrestre multinacional, e os exercícios marítimos e aéreos vão envolver cerca de 4.5000 tropas. 


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