Reuters, 30/05/2016
Por Orhan Coskun e Ece Toksabay
O presidente turco, Tayyip Erdogan, acusou a Rússia de fornecer armas antiaéreas e foguetes para militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), disseram funcionários do governo nessa segunda-feira, confirmando relatos da mídia local.
Falando a repórteres a bordo do seu avião após uma visita à província do sudeste de Diyarbakir no fim de semana, Erdogan acusou Moscou de transferir armamento ao PKK via Iraque e Síria, informou o jornal pró-governo The Star.
“Neste momento, os terroristas estão usando canhões antiaéreos e misseis fornecidos pela Rússia. A organização terrorista separatista está equipada com essas armas. Elas foram transferidas para eles, através da Síria e do Iraque,” informou o jornal como tendo sido dito por Erdogan.
A “organização terrorista separatista” é um termo que o governo turco usa para falar do PKK, que tem travado uma insurgência a mais de três décadas contra o Estado, e que deixou mais de 40.000 pessoas mortas, sendo que maior parte destes compostos por militantes do PKK no sudeste de maioria curda.
Dois funcionários turcos confirmam os comentários de Erdogan, mas a Rússia disse que a Turquia deve apresentar provas de suas afirmações.
Embora Erdogan tenha previamente criticado severamente a Rússia por seu apoio aos combatentes curdos na Síria, das últimas acusações, estas parecem ser as primeiras na qual ele acusa Moscou de fornecer armas ao PKK, considerado um grupo terrorista pela Turquia, Estados Unidos e a Europa.
Respondendo à acusação, o vice-ministro russo das Relações Exteriores Mikhail Bogdanov foi citado pela agência de notícias Interfax como tendo dito: “Quando alguém diz algo, deixe-o mostrar as provas.”
Fixação.
No entanto, o vice-ministro Numan Kurtulmus foi relativamente otimista na segunda-feira sobre as perspectivas nas relações com a Rússia, uma ação fora do comum por conta de meses de retóricas duras depois que a Turquia abateu um avião de guerra russo no ano passado.
“Nem a Rússia e nem a Turquia podem se dar ao luxo de sacrificar a sua relação um com o outro”, disse Kurtulmus, porta-voz oficial do governo, em entrevista coletiva.
“Eu gostaria que as tensões nunca tivessem surgido, mas acredito que os laços turco-russos podem ser restabelecidos em um curto espaço de tempo. Estes dois países não têm problemas que não possam ser superados. Espero que estas questões sejam resolvidas através do diálogo”.
Ele não abordou diretamente os comentários de Erdogan sobre o apoio militar russo ao PKK.
Ancara também considera os combatentes do YPG curdos e sírios como sendo terroristas – grupo que também enfurece Ancara pelo fato de receber apoio americano e russo em sua batalha contra o Estado Islâmico na Síria.
Membro da OTAN, a Turquia é parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico na Síria e também é um opositor do presidente sírio, Bashar Al-Assad. Moscou apoia Assad, mas diz que também apoia os curdos sírios na luta contra o Estado Islâmico.
Memórias recentes demonstram que as relações entre Ancara e Moscou atingiu o seu ponto alto depois que a Turquia abateu o avião russo que voava sobre a Síria no ano passado, levando a uma série de sanções da Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, em abril prometeu apoiar os curdos sírios, dizendo que eles eram uma força séria na luta contra o terrorismo.
Moscou acusa Ancara de prejudicar as forças curdas em sua batalha contra o Estado Islâmico e de utilizar a luta contra o terrorismo como pretexto para reprimir organizações curdas na Síria e na Turquia.
Nota do editorTanto a Turquia quanto a Rússia apoiam grupos terroristas: a Rússia, por meio do Irã, dando armas e equipamentos ao Hezbollah. Embora seja uma especulação na questão de apoio militar, a Rússia apoia realmente os curdos, que acima de tudo constituem milícias marxistas. A Turquia apoia os turcomanos, que também não deixam de ser terroristas. Há também casos intrigantes, como, por exemplo, o navio boliviano que no ano passado aportou na Turquia e zarpou em direção a Líbia, carregado com armas, e posteriormente, foi apreendido por autoridades gregas, antes de chegar ao seu destino. Entre outras acusações e suspeitas que valham o benefício da dúvida. No fim, ambos dizem a verdade, mas não assumem que apoiam o terrorismo.
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