SIC, 30/03/2016
Os Estados Unidos vão ter uma brigada blindada destacada em permanência e sem interrupções de rotatividade na Europa de leste a partir de fevereiro de 2017, anunciou hoje o Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono).
Esta decisão surge no âmbito dos esforços norte-americanos para dissuadir uma eventual intervenção russa naquela região.
"As rotações serão feitas sem interrupção, permitindo uma presença blindada contínua e um melhoramento da formação e dos exercícios com os aliados" da NATO, indicou uma porta-voz do Pentágono, Laura Seal.
Existirá "uma presença contínua na Europa de leste de uma brigada blindada", reforçou a representante.
"Este plano (...) continua a demonstrar a nossa abordagem forte e equilibrada para tranquilizar os nossos aliados e parceiros da NATO no contexto de uma Rússia agressiva na Europa do leste e em outros lugares", disse, por sua vez, o general Philip Breedlove, o chefe do Comando Europeu dos EUA e comandante da NATO na Europa, num comunicado.
"Os nossos aliados e parceiros vão ver mais capacidade. Vão ver uma presença mais frequente de uma brigada blindada com equipamentos mais modernizados nos seus países", acrescentou Breedlove.
O Pentágono e a NATO já tinham abordado o destacamento, por rotatividade, desta brigada blindada na Europa de leste, mas sem avançar um possível calendário para o processo.
Em fevereiro passado, o secretário da Defesa norte-americano, Ashton Carter, anunciou a intenção de quadruplicar em 2017, para 3,4 mil milhões de dólares (cerca de três mil milhões de euros), a verba destinada para as operações militares na Europa.
Com esta brigada blindada (4.200 soldados equipados, incluindo tanques e veículos blindados), o exército norte-americano terá em permanência três brigadas de combate na Europa.
Em caso de conflito, estas três brigadas, mais o equipamento armazenado no terreno, poderão constituir rapidamente uma divisão completa, segundo os planos do Pentágono.
No total, o exército norte-americano tem 62 mil soldados em permanência na Europa.
Desde a primavera de 2014, a Aliança Atlântica avançou com um conjunto de medidas para tranquilizar os países aliados na Europa do leste, como a abertura de centros logísticos, o pré-posicionamento de material, o envio de aviões de combate para os países bálticos ou o aumento da presença de navios de guerra no mar Báltico e no mar Negro.
Moscovo alerta regularmente contra o "estacionamento permanente" e substancial de forças de combate aliadas perto da fronteira russa, defendendo que a medida é contrária ao Ato Fundador sobre Relações Mútuas NATO-Rússia, assinado em maio de 1997.
Nota do editor do blog: O Pentágono e a OTAN estão abreviando os próximos passos da política externa americana, sob a égide duma nova administração. Para mim não é surpresa, visto que a Rússia tem conseguido marcar território pelo Oriente Médio, criando assim tensão entre alguns aliados por conta de seu controle, quase que absoluto da Síria, naquilo que a OTAN já declarou ser o uso desmedido da força para forçar refugiados para a Europa. A política externa americana é algo que não está sendo muito debatido nesse período eleitoral com tanto afinco, e mesmo assim, alguns candidatos têm demonstrado certo comodismo e até mesmo controversos pareceres sobre como agir nesse âmbito. Um dos mais extravagantes e chamativos, eu diria, é Donald Trump, que diz que o país precisa cortar gastos com a OTAN, diminuindo o orçamento, ou retirando totalmente ele. 3,4 milhões deve ser como marcar a pele do milionário com um tição. A política externa americana será o tendão de Aquiles do mundo, e dependendo de quem ganhe o cargo no executivo, uma coisa é certa: agir displicentemente com aliados e inimigos poderá por o mundo em cheque, e daí então, será contagem regressiva para conflitos maiores, mais sangrentos e duradouros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário