13 de dez. de 2016

O Irã trabalhará em embarcações marítimas com propulsores nucleares após a “violação” do acordo




Reuters, 13 de dezembro de 2016. 






O Irã ordenou aos seus cientistas na terça-feira para que comecem a desenvolver sistemas para embarcações marítimas com propulsores nucleares em resposta ao que ele chama de violações dos Estados Unidos do seu acordo atômico de 2015 com as principais potências mundiais. 

No entanto, especialistas nucleares disseram que o movimento do presidente Hassan Rouhani, se levado a cabo, exigiria provavelmente que o Irã enriqueça o seu urânio a uma pureza físsil acima do nível máximo estabelecido pelo acordo nuclear firmado para dissipar temores de que Teerã esteja construindo uma bomba atômica. 


O anúncio de Rouhani marcou a primeira reação concreta de Teerã a uma decisão do Congresso norte-americano no mês passado para estender algumas sanções contra Teerã, o que também facilitaria a recolocação de outras ou o seu levantamento sob o tratado nuclear. 

Rouhani descreve a tecnologia como um “propulsor nuclear a ser usado no transporte marítimo”, mas não disse se isso significava apenas navios ou possivelmente também submarinos. O Irã disse em 2012 que estava trabalhando em seu primeiro submarino nuclear

As palavras de Rouhani aumentarão as tensões com Washington, já reforçada pela eleição de Donald Trump, que prometeu acabar com o acordo, sob o qual o Irã restringiu suas atividades de produção de combustível nuclear em troca do alívio das sanções econômicas. 

Rouhani também ordenou o planejamento para a produção de combustível para os navios de propulsão nuclear “em linha com o desenvolvimento de um programa nuclear pacífico do Irã”. 

Porém, sob o acordo nuclear que o Irã alcançou com os Estados Unidos, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China, não é permitido enriquecer urânio acima de 3,67% de pureza por 15 anos, um nível improvável de ser suficiente para ser usado por tais navios. 

Com base na experiência internacional, se o Irã prosseguisse com esse projeto (de propulsão nuclear), teria que aumentar o seu nível de enriquecimento”, disse Mark Hibbs, especialista nuclear sênior do Carnegie Endowment for International Peace. 

Enriquecimento civil versus militar. 

Esse é o ponto, porque o Irã estaria procurando um raciocínio não-armado para provocativamente aumentar o seu nível de enriquecimento no caso de o acordo com as potências for desfeito.”. 

Ele ressaltou que países com navios e programas nucleares mais avançados têm trabalhado em reatores de propulsão por décadas. Tal tecnologia pode precisar de urânio enriquecido à cerca de 20% de pureza. 

Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores russo disse à agência de notícias RIA que uma leitura cuidadosa da ordem de Rouhani mostrou que ele estava falando apenas sobre o desenvolvimento de unidades de fornecimento de energia para as embarcações navais de propulsão nuclear, mas não do enriquecimento, por isso “não contraria o acordo nuclear”. 

Mas a fonte reconheceu que tais navios normalmente funcionam com urânio mais rico enriquecido, e proibido pelo acordo. 

Edwin Lyman, um especialista nuclear da União de Cientistas Preocupados, com sede em Washington, disse que o desenvolvimento de um reator adequado para o combustível de alto grau nuclear levaria pelo menos uma década. 

"Estamos preocupados com o futuro (do acordo nuclear) sob a administração Trump e quaisquer sinais de erosão... devem ser levados muito a sério e imediatamente tratados pela comunidade internacional”, disse Lyman à Reuters. 

Rouhani acusou os Estados Unidos em uma carta publicada pela agência estatal de notícias IRNA de não cumprir plenamente os seus compromissos sob o acordo nuclear. 

Com relação à recente legislação do Congresso dos Estados Unidos para estender a Lei de Sanções do Irã... Eu ordeno à Organização de Energia Atômica do Irã... planeje o projeto e construção de propulsores nucleares para serem usados no transporte marítimo”. 

Os membros do Congresso dos Estados Unidos disseram que a extensão do projeto de lei não viola o acordo nuclear que foi alcançado no ano passado para amenizar os temores ocidentais de que o Irã estivesse trabalhando no desenvolvimento de uma bomba nuclear. O ato do Congresso, ele acrescentou, só deu a Washington o poder de voltar a impor sanções se o Irã violar o pacto. 

Washington diz ter levantado todas as sanções que precisava sob o acordo de julho de 2015 entre as principais potências mundiais e o Irã. 

O movimento de Rouhani seguiu as observações do líder supremo iraniano Aiatolá Ali Khamenei e os seus aliados linhas duras que criticam severamente a falha do negócio que não rendeu quaisquer melhoramentos econômicos rápidos ao Irã.  Khamenei disse no mês passado que o Congresso dos Estados Unidos prolongou algumas sanções e que a República Islâmica “definitivamente reagiria”. 

Não houve comentário imediato do órgão de controle nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica, que monitora o programa nuclear do Irã. 

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