RTP, 20 de maio de 2016.
Por Jorge Almeida - RTP.
O director de segurança interna francês afirmou que o ISIS prepara para breve “uma nova forma de ataque” com bombas em locais com grandes multidões. Estas declarações de um alto responsável da segurança francesa mostram que se está à espera do pior.
As declarações alarmantes de Patrick Calvar, o diretor de segurança interna francês, foram feitas na 10ª Comissão de Defesa da Assembleia Nacional. Segundo o jornal El País a transcrição foi divulgada quinta-feira.
O alto responsável pela segurança francesa está convicto de que o ISIS prepara para muito em breve “uma nova forma de ataque” com engenhos explosivos em locais com grandes multidões “para criar um clima de pânico”.
O Campeonato Europeu de Futebol em França, que começa a 10 de junho, encaixa-se plenamente no objetivo dos terroristas.
Patrick Calvar divulgou aos deputados franceses um conjunto de dados desconhecidos até ao momento. Existem 400 crianças com nacionalidade francesa na Síria e no Iraque que foram treinadas em violência desde os primeiros anos. Dois terços foram com os pais para esses países e as restantes nasceram lá.
“Deixo à vossa imaginação, os problemas legais de impedir o seu retorno com os seus pais, e os problemas de segurança porque as crianças foram treinadas e manipuladas pelo Daesh”, referiu o diretor de segurança interna.
A França prendeu há três semanas três cidadãos radicalizados que estavam a tentar embarcar para a Líbia, o novo destino dos jihadistas para escaparem aos bombardeamentos na Síria e no Iraque e ao regime disciplinar imposto pelo Estado Islâmico.
Depois dos terroristas, será a "extrema-direita" a entrar em ação
Nas suas declarações, Patrick Calvar, disse que está iminente um outro confronto após mais um atentado terrorista em solo francês. “Os extremistas estão a crescer por todo o lado e estamos prestes a dedicar recursos para monitorizar a extrema-direita. Eles não vão esperar mais pelo confronto, o confronto entre as comunidades”.
A Europa está a enfrentar uma grande ameaça, “a tentação do populismo, o fecho das fronteiras, a incapacidade de a Europa dar uma resposta comum, a dificuldade em aplicar legislação em todos os países, vai trazer-nos enormes problemas”, acrescentou Calvar.
Manobras suspeitas
A França decidiu quinta-feira prolongar o estado de emergência depois da tragédia do voo MS804 do avião da EgyptAir que se despenhou no mar mediterrâneo, a 290 quilómetros da costa egípcia.
As manobras antes da queda (uma viragem de 90 graus seguida de uma volta de 360 graus) são consideradas muito suspeitas e estão a ser enquadradas num possível atentado terrorista.