Reuters, 05/06/2024
Por Marc Jones
LONDRES, 5 de junho (Reuters) – A Arábia Saudita se juntou a um teste de moeda digital do banco central dominado pela China, em um movimento que pode ser mais um passo para que menos comércio de petróleo no mundo seja feito em dólares americanos.
O movimento, anunciado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) nesta quarta-feira, fará com que o banco central da Arábia Saudita se torne um "participante pleno" do Projeto mBridge, uma colaboração lançada em 2021 entre os bancos centrais da China, Hong Kong, Tailândia e Emirados Árabes Unidos.
O BIS, uma organização global de bancos centrais que supervisiona o projeto, também anunciou que o mBridge havia alcançado a fase de "produto minimamente viável", o que significa que avançará além da fase de protótipo.
Cerca de 135 países e uniões monetárias, representando 98% do PIB global, estão explorando moedas digitais de bancos centrais, ou CBDCs. Mas as novas tecnologias que utilizam tornam o movimento transfronteiriço tecnicamente desafiador e politicamente sensível.
"O projeto de CBDC transfronteiriço mais avançado acabou de adicionar uma grande economia do G20 e o maior exportador de petróleo do mundo", disse Josh Lipsky, que administra um rastreador global de CBDCs, no Atlantic Council, com sede nos EUA.
"Isso significa que, no próximo ano, você pode esperar ver uma ampliação da liquidação de commodities na plataforma fora dos dólares – algo que já estava em andamento entre China e Arábia Saudita, mas que agora tem nova tecnologia por trás."
As transações do mBridge podem usar o código no qual o e-yuan da China é construído. Esse código também está disponível para os outros 26 "membros observadores" do projeto, que incluem a filial de Nova York do Federal Reserve, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.
O BIS também disse que a plataforma mBridge agora era compatível com a Máquina Virtual Ethereum – uma peça de software que forma a espinha dorsal da rede usada pela criptomoeda Ether.
"Isso permite que seja um campo de testes", disse.
Os defensores das CBDCs dizem que elas modernizarão os pagamentos com novas funcionalidades e fornecerão uma alternativa ao dinheiro físico, que parece estar em declínio terminal.
Mas ainda existem perguntas sobre por que elas representam um avanço, com quase nenhuma adoção em países como a Nigéria, que já as adotaram, e oposição tanto política quanto pública em alguns países, em meio a temores de que possam permitir a espionagem do governo.
Além de dominar o projeto mBridge, a China está realizando o maior piloto doméstico de CBDC do mundo, que agora atinge 260 milhões de pessoas e cobre 200 cenários, desde comércio eletrônico até pagamentos de estímulo do governo.
Outras grandes economias emergentes, incluindo Índia, Brasil e Rússia, também planejam lançar moedas digitais nos próximos 1-2 anos, enquanto o BCE iniciou o trabalho em um piloto de euro digital antes de um possível lançamento em 2028.
Em forte contraste, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei proibindo o Federal Reserve de criar um "dólar digital", embora ainda precise passar por uma votação no Senado para se tornar lei.
Artigos recomendados: CBDC e Dólar
Nenhum comentário:
Postar um comentário