9 de fev. de 2024

Seguidores de Gustavo Petro tentam invadir o Palácio da Justiça




PP, 08/02/2024



Por José Gregorio



Após saber que não foi possível eleger um novo procurador-geral nesta quinta-feira, seguidores de Gustavo Petro, que participaram de uma marcha promovida pelo presidente para pressionar a Suprema Corte, tentaram entrar à força no Palácio da Justiça e sitiaram o prédio, impedindo a saída dos magistrados.

Um total de 101 mortos, incluindo 11 magistrados, foi o resultado da tomada do Palácio da Justiça da Colômbia pelo M-19 há quase 40 anos. O fato de hoje terem ocorrido tentativas de ingresso à força neste local por parte dos seguidores do presidente Gustavo Petro – que pertenceu ao M-19 –empunhando bandeiras deste grupo guerrilheiro, e os magistrados terem sido sitiados pelos manifestantes que pretendiam pressionar a Suprema Corte para escolher o novo procurador-geral, constitui uma ameaça perigosa tanto para os mais altos representantes do Poder Judiciário quanto para a paz do país e a democracia.

Após saber que não foi possível eleger um novo procurador-geral da República nesta quinta-feira, manifestantes que participaram de uma marcha promovida pelos reclames do mandatário colombiano tentaram ingressar à força no Palácio da Justiça, e posteriormente cercaram os acessos ao edifício, impedindo a saída dos magistrados, tudo isso enquanto muitos vestiam camisas com o logotipo do oficialista Pacto Histórico e empunhavam bandeiras do M-19, o que despertou particular preocupação pela analogia com a sangrenta tomada do palácio em 1985.

Adiada a eleição do procurador-geral

A Corte Suprema decidiu adiar nesta quinta-feira a eleição do novo procurador porque, após duas rodadas de votações, "nenhum dos candidatos obteve os votos requeridos para ser declarado eleito", esclareceu o presidente da Corte, o magistrado Gerson Chaverra. Por este motivo, a decisão foi adiada e ficou acordado que será a hoje vice-procuradora Martha Mancera quem assumirá como procuradora encarregada a partir de 12 de fevereiro, quando termina o mandato do procurador Francisco Barbosa.

Esta mobilização de rua ocorreu em resposta à denúncia de um suposto "golpe de Estado" feita por Gustavo Petro, após reunir-se na terça-feira com o presidente e o vice-presidente do alto tribunal em uma nova tentativa de exercer pressão, para que o novo procurador-geral seja escolhido o mais rápido possível, para o qual fez um perigoso apelo ao "movimento popular", que – segundo o mandatário –deve ganhar mais capacidade de decisão e poder neste governo.

Para conter os acontecimentos violentos que poderiam ter saído do controle, Petro respondeu a uma mensagem da jornalista Vicky Dávila, diretora da revista Semana no X, ordenando à polícia nacional que "atuasse contra as pessoas que impedem a livre mobilidade dos magistrados", bem como apresentasse um relatório público sobre quem cometeu essa irregularidade, mas não sem antes iniciar seu anúncio com uma afirmação de tom político-ideológico: "Aqui, a única que ataca a justiça é a extrema direita que teme um procurador decente".

A Corte Suprema de Justiça não demorou a reagir, classificando como "inaceitável" o fato de os juízes terem sido sitiados e terem que ser evacuados do Palácio da Justiça de helicóptero devido ao "cerco" à sede do Poder Judiciário. "A democracia fica em suspenso quando qualquer setor ou ator de um país tenta pressionar politicamente, fisicamente ou moralmente as decisões da justiça", alertou o presidente do alto tribunal.


Nota do editor

A coisa na América Latina de modo geral está tão ridícula, que o presidente da OEA, Luís Almagro, no afã de salvar governos marginais, porém eleitos democraticamente, decidiu sair em defesa de Petro, pois viu uma suposta interferência do judiciário nas escolhas do executivo. Isso se dá porque recentemente houve uma crise institucional na Guatemala, onde o presidente eleito, Bernardo Arévalo, estava sendo investigado pela procuradora da república. A investigação tinha poder para obstruir sua chegada ao poder, e logo Almagro saiu em defesa de Arévalo para que pudesse exercer o cargo. O ex-presidente Giammattei deu todo apoio ao seu homólogo, mas mesmo assim, hoje o Departamento de Estado dos EUA o declararam corrupto, e Arévalo ameaça o partido do ex-presidente, apesar de toda a boa vontade dele em defender o seu mandato constitucional. No caso deste episódio do Petro, Almagro primeiro saiu em sua defesa acreditando em um suposto golpe, e agora ele sai em defesa das instituições colombianas, para dizer que apesar de ser contra golpes, ele é a favor das instituições. Isso demonstra todo o despreparo ou condescendência de Almagro no cargo que está exercendo. Uma vez que os EUA têm influência na organização, não é difícil ver que Almagro está favorecendo certos políticos, à revelia das leis vigentes desses países.
 

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Fonte:https://panampost.com/jose-gregorio-martinez/2024/02/08/asedio-palacio-de-justicia-m19/ 

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