Mesmo quando os casos de infecção pelo vírus estiverem baixos, aconselha o painel de vacinas
TTI, 25/01/2023
Por Nathan Jeffay
O principal epidemiologista elogia a decisão como um movimento sábio para lidar com o coronavírus como parte do 'novo normal', mas o crítico diz que o caso da vacinação regular em toda a população não é convincente
As vacinas contra o COVID devem se tornar uma norma anual mesmo se as taxas de infecção por coronavírus atingirem níveis baixos, de acordo com uma recomendação do comitê de vacinas do Ministério da Saúde.
A posição ainda não é política, mas as recomendações do comitê tendem a ser implementadas rapidamente.
Atualmente, recomenda-se que os adultos tomem reforços com mais frequência, e isso continuará assim enquanto as infecções globais ainda forem altas, disse ele.
Se adotada, essa posição tornará a política de vacinação contra o coronavírus semelhante à das vacinas contra a gripe, de acordo com o epidemiologista da Universidade Ben Gurion, Prof. Nadav Davidovitch, ex-membro do comitê de vacinas que está familiarizado com as discussões.
Toda a população será aconselhada a tomar a vacina a cada temporada, com ênfase nos idosos e nos grupos de risco, disse.
Assim como as vacinas contra a gripe, as vacinas contra COVID serão adaptadas às cepas do vírus com maior probabilidade de se espalhar [ou seja, infinitamente]. Não está claro se o regime anual envolverá uma ou duas injeções.
Esta posição ecoa aquela que está sendo proposta nos Estados Unidos pela Food and Drug Administration (FDA) do país.
Davidovitch, alto funcionário da Associação Israelense de Médicos de Saúde Pública, enfatizou que a nova abordagem só será aplicada no futuro se e quando houver baixos níveis de infecção.
“Essa abordagem, para tempos de baixa infecção, faz parte de nossa mudança para lidar com o COVID como o novo normal”, disse Davidovitch.
“Entendemos hoje que vai ficar conosco. Como outras infecções virais, e dado que existe uma vacina segura que, no entanto, diminui (sua suposta eficácia) com o tempo, isso faz muito sentido”, disse ele.
Mas alguns médicos seniores discordam. O professor Amnon Lahad, chefe do Conselho Nacional de Saúde na Comunidade, órgão consultivo do Ministério da Saúde, disse que considera a recomendação desnecessária e um desperdício de recursos do Estado.
“Acho que é a decisão errada e para a maioria das pessoas é desnecessária”, disse ele. “Para os idosos que têm outras doenças, faz sentido tomar a vacina anualmente, mas para talvez 90% da população é desnecessária e extremamente cara.”
Lahad, que é presidente de medicina familiar na Universidade Hebraica, argumentou que as vacinas anuais não precisam ser administradas, já que sua principal função hoje é reduzir a intensidade da doença, não interrompendo a infecção ou a transmissão.
Isso torna menos convincente a necessidade de vacinação regular em toda a população, disse ele.
O FDA publicou esta semana um roteiro para o futuro da vacinação nos EUA, que envolve uma injeção anual para a maioria da população e a possibilidade de duas para adultos mais velhos e pessoas com sistema imunológico comprometido. Os conselheiros da FDA se reunirão na quinta-feira para discutir a proposta.
Um dos documentos preparados pelo FDA dizia que a resposta das vacinas contra o COVID “é análoga à observada com a vacinação anual contra influenza, uma intervenção bem aceita em indivíduos com seis meses de idade ou mais”.
Davidovitch disse que respeita as dúvidas de Lahad, mas está convencido – como muitos outros em seu campo – de que as injeções anuais são uma maneira eficaz de aumentar a proteção derivada da vacinação inicial e que não há argumento convincente contra promovê-las.
Ele alertou que um obstáculo para a execução eficaz da recomendação pode ser os recursos, já que às vezes a medicina preventiva em Israel não é priorizada adequadamente.
“É importante para o sucesso que o financiamento e a infraestrutura relevantes estejam disponíveis”, disse ele.
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