24 de mar. de 2017

Rússia França e as incertezas nas eleições




Euronews, 24 de março de 2017. 



Por António Oliveira e Silva



Com AFP e TASS

O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, recebeu de, forma oficial a líder do partido de "extrema-direita" francesa, Frente Nacional, Marine Le Pen.

Foi a primeira visita oficial de Le Pen, a melhor colocada nas sondagens às intenções de voto nas eleições presidenciais de abril, à capital russa. 





No entanto, o presidente Putin disse que Moscovo não tinha qualquer intenção de interferir no “desenrolar dos acontecimentos”, referindo-se ao processo eleitoral.

Putin disse ainda saber que Le Pen representava um espetro político que se desenvolvia “muito rapidamente na Europa.”

Para alguns media franceses, o facto de ser recebida por um chefe de Estado de uma potência regional quando falta tão pouco tempo para a primeira volta das eleições é um *grande feito *para Marine Le Pen.

A líder da Frente Nacional afirma assim o seu estatuto a nível internacional. Anteriormente, Le Pen encontrou-se com o presidente libanês, Miachel Aun e com o do Chade, Idriss Deby.

Marine Le Pen esteve também com Viatcheslav Volodin, o presidente da câmara baixa do parlamento, a Duma.

O programa da visita oficial não previa, segundo a AFP, um encontro oficial com o chefe de Estado russo.

Foi depois de visitar uma exposição do museu do Kremlin que Le Pen se encontrou com Putin. 


Durante o encontro, filado pelos media russos e cujo conteúdo foi reproduzido pelas principais agências de informação Estatais, a líder da Frente Nacional disse que seria importante uma reaproximação entre dois países.

Uma cooperação a todos os níveis entre Paris e Moscovo é importante, disse Le Pen, especialmente numa época dominada pela “ameaça do terrorismo internacional.”

A agência russa TASS conta que a Marine Le Pen explicou que “França tinha deixado a ser uma nação totalmente soberana”, porque “cedeu poderes à União Europeia.

O encontro terá durado, segundo um membro do pessoal de Le Pen, cerca de uma hora e meia. O Kremlin diz que os dois se encontraram numa pequena sala, normalmente utilizada para encontros informais. 

Frente Nacional diz que não se falou de dinheiro

Um membro da Frente Nacional disse à AFP que Le Pen e Putin não falaram de dinheiro.

O partido de extrema-direita procura, segundo a agência, cerca de seis milhões de euros para a campanha.

Em 2014, a Frente Nacional conseguiu um empréstimo de cerca de nove milhões de euros de um banco russo.

Moscovo insiste, no entanto, que o encontro foi “algo absolutamente normal”, já que é importante manter o diálogo com as diferentes forças políticas de diferentes países.

Serguei Lavrov, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores), disse, na passada quinta-feira, que Marine Le Pen não era uma populista, mas sim uma líder realista e com uma visão alternativa do mundo.

A Rússia foi acusada pelos Ocidentais de interferências nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em novembro do ano passado.

O presidente Donald Trump, que diz ser admirador de Putin, foi eleito.

Agora, para além do Governo francês de François Hollande, também o Executivo alemão diz temer a interferência das autoridades russas nas legislativas deste ano, a ter lugar na mais importante das economias europeias.




As ruas de França enchem-se de eleitores indecisos a pouco menos de um mês da primeira volta das eleições presidenciais.

Mais de 4 em cada 10 franceses não sabe ainda em quem vai votar, o que traduz para 43% por cento os eleitores indecisos para a primeira volta, a 23 de abril. O número chega de uma sondagem desta sexta feira pelo instituto de estudos independente Odoxa para a rádio France Info.

Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, anti-União Europeia e anti-imigração tem 60% dos seus eleitores decididos e é dada pelas sondagens como a oponente do centrista independente Emmanuel Macron após a primeira volta, o que daria ao candidato uma vitória quase garantida a 7 de maio, dizem as sondagens.

A sondagem da Odoxa mostra que Macron tem apenas 47% dos seus eleitores com voto decidido, mas que se posiciona ombro a ombro com Le Pen, com 25% de intenção de voto cada um no eleitorado geral.


O especialista francês em política interna da Universidade de Ciências Políticas, Bruno Cautres, aponta a peculiaridade indiciada pelas sondagens: “Se a eleição fosse amanhã, provavelmente a segunda volta teria Macron e Marine Le Pen, o que é um caso bastante interessante dado que seria a primeira vez numas presidenciais francesas com uma segunda volta entre dois candidatos não pertencentes aos dois maiores partidos de França.”

François Fillon, que já ocupou a posição cimeira em sondagens, viu a popularidade descer desde que os media noticiaram, no final de Janeiro, que a sua mulher e dois filhos teriam recebido centenas de milhares de euros de fundos públicos por trabalho que podem não ter realizado. Esta última sondagem dá-lhe 57 por cento do seu universo eleitoral decidido, mas no eleitorado geral a percentagem cifra-se agora em menos de 20.

Benoit Hamon, o candidato do Partido Socialista, tem 40% dos seus votantes já sem hesitação, mas reúne, no total, 12% de votos, muito perto do candidato de esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon.

Um cenário de incerteza sem precedentes numas eleições presidenciais francesas, em que a direita aparece nas sondagens com maior certeza de voto do que o eleitorado de esquerda.

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