BTB, 18/12/2023
ROMA — O Vaticano reverteu a sua posição de proibir a bênção de casais homossexuais, afirmando que uma bênção pode agora ser “oferecida a todos sem exigir nada”.
Em março de 2021, o Escritório Doutrinário do Vaticano (CDF) emitiu uma declaração declarando que a Igreja não tem autoridade para abençoar as uniões homossexuais, observando que o próprio Deus “não abençoa e não pode abençoar o pecado”.
As bênçãos exigem tanto “a reta intenção de quem participa” como “que o que é abençoado seja ordenado objetiva e positivamente para receber e expressar a graça, segundo os desígnios de Deus inscritos na criação”, afirma o texto, publicado com a aprovação expressa do Papa Francisco.
“Por esta razão, não é lícito conceder bênção a relacionamentos, ou parcerias, mesmo estáveis, que envolvam atividade sexual fora do casamento”, dizia, “como é o caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo”.
Na ocasião, os setores progressistas da Igreja reagiram negativamente à declaração do Vaticano, particularmente no mundo de língua alemã, onde as bênçãos das uniões do mesmo sexo tinham se tornado comuns.
The Vatican stated Monday that the Church has no power to bless homosexual unions, noting that God Himself “does not and cannot bless sin.” https://t.co/Bo28Bn2Q9S
— Breitbart News (@BreitbartNews) March 16, 2021
Pouco depois da publicação do texto, mais de 200 teólogos católicos de língua alemã divulgaram uma declaração desafiando a declaração do Vaticano, afirmando que “é caracterizado por um gesto paternalista de superioridade e discrimina as pessoas homossexuais e seu estilo de vida.”
Os teólogos disseram que faltava ao documento do Vaticano “profundidade teológica, compreensão interpretativa e rigor argumentativo”. Ao ignorar “descobertas científicas” relevantes, declararam, “o Magistério mina a sua própria autoridade”.
O gabinete doutrinal do Vaticano, sob a nova liderança do cardeal argentino Víctor Manuel “Tucho” Fernández, reavaliou posteriormente a sua posição e agora apoia a perspectiva dos bispos de língua alemã.
De um “ponto de vista estritamente litúrgico”, uma bênção exige que o que é abençoado esteja em conformidade com a vontade de Deus, afirma a Declaração do Vaticano, Fiducia Supplicans, “Sobre o significado pastoral das bênçãos”, enquanto que do ponto de vista pastoral isso não precisa ser assim.
Sob uma compreensão pastoral mais ampla das bênçãos, “pode-se compreender a possibilidade de abençoar casais em situação irregular e casais do mesmo sexo sem validar oficialmente o seu estatuto, ou alterar de alguma forma o ensinamento perene da Igreja sobre o casamento”, escreve o Cardeal Fernández na sua apresentação da Declaração.
No texto, o Cardeal Fernández insiste que permitir a bênção de relações objetivamente pecaminosas evita “o perigo de que um gesto pastoral tão querido e difundido seja submetido a demasiados pré-requisitos morais”, que “poderiam ofuscar o poder incondicional do amor de Deus que constitui a base do gesto de bênção”.
“Essas bênçãos são destinadas a todos; ninguém deve ser excluído deles”, afirma o texto.
Por extensão, uma vez que uma bênção pode ser agora “oferecida a todos sem exigir nada”, deve-se supor que as fábricas exploradoras, os cartéis de drogas, as redes de prostituição, as clínicas de aborto e os estúdios de pornografia infantil não deveriam ter uma bênção negada se a solicitarem.
The Vatican invested upwards of a million dollars to back the Rocketman film about singer Elton John. https://t.co/RMyuLfe4en
— Breitbart News (@BreitbartNews) December 7, 2019
O próprio ato de pedir uma bênção significa reconhecer “que a vida da Igreja brota do ventre da misericórdia de Deus e nos ajuda a seguir em frente, a viver melhor e a responder à vontade do Senhor”, afirma o texto.
“Assim, quando as pessoas pedem uma bênção, uma análise moral exaustiva não deve ser colocada como pré-condição para concedê-la”, escreve Fernández. “Pois, aqueles que buscam uma bênção não devem ser obrigados a ter perfeição moral prévia.”
“Este mundo precisa de bênçãos e podemos dar e receber bênçãos”, afirma a Declaração.
Desta forma, “cada irmão e cada irmã poderão sentir que, na Igreja, são sempre peregrinos, sempre mendigos, sempre amados e, apesar de tudo, sempre abençoados”, conclui.
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Fonte:https://www.breitbart.com/faith/2023/12/18/vatican-reverses-ban-blessing-gay-couples/
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