BU, 06/11/2023
Por Masha Borak
A polícia na Escócia triplicou o uso de reconhecimento facial retrospectivo nos últimos cinco anos, saltando de pouco menos de 1.300 em 2018 para quase 4.000 em 2022.
A tendência crescente continuou durante 2023, com mais de 2.000 pesquisas realizadas nos primeiros quatro meses do ano, de acordo com dados obtidos por um pedido de liberdade de informação das organizações de jornalismo de investigação do Reino Unido, Liberty Investigates e The Ferret.
A tendência tem aumentado em outras partes do país. Em 2014, o número total de pesquisas utilizando reconhecimento facial retrospectivo por todas as forças policiais no Reino Unido ascendeu a apenas 3.360. Em 2022, esse número saltou para 85.158, de acordo com dados do Ministério do Interior do Reino Unido.
A polícia escocesa ocupa o quarto lugar no uso da tecnologia no Reino Unido. A líder é a Polícia Metropolitana de Londres, que foi responsável por 30% ou 27.677 buscas no ano passado.
A polícia do Reino Unido tem usado o reconhecimento facial retrospectivo para comparar rostos capturados com câmeras CCTV, com milhões de imagens armazenadas no Banco de Dados Nacional da Polícia. A prática revelou-se controversa porque a base de dados ainda contém muitas imagens de pessoas que foram libertadas sem acusação.
A polícia da Escócia segue uma política distinta de outras forças do Reino Unido, apenas carregando imagens de custódia para o banco de dados quando um indivíduo é acusado de um crime e removendo imagens de pessoas consideradas inocentes após 6 meses.
O uso do reconhecimento facial pela polícia tem sido alvo de críticas de alguns legisladores, organizações não governamentais e especialistas em política.
Angela Daly, membro do grupo consultivo independente do governo escocês sobre novas tecnologias no policiamento, disse ao The Ferret que o uso crescente da tecnologia de reconhecimento facial retrospectivo era um “desenvolvimento preocupante”. Daly defendeu a sua suspensão até que a polícia consiga provar que a sua utilização é “apropriada, proporcional e eficaz” e apoiada pelo público.
A Polícia da Escócia tem ainda mais biometria facial em seus planos para os próximos cinco anos, incluindo processamento de vídeo em tempo real.
Polícia de Londres usa reconhecimento facial em protestos
A polícia de Londres usou o reconhecimento facial retroativo para identificar suspeitos de crimes em marchas pró-Palestina no fim de semana passado, que contou com 30.000 manifestantes, de acordo com dados da polícia.
Os protestos generalizados resultaram em 29 detenções, com seis pessoas acusadas de desordem pública e comportamento anti-social, relata o The Independent. A polícia não divulgou informações sobre se alguma das prisões foi realizada com o auxílio de tecnologia de reconhecimento facial.
O reconhecimento facial foi implantado usando o banco de dados de indivíduos procurados da Polícia Metropolitana de Londres, juntamente com o Banco de Dados Nacional da Polícia.
“Incluímos capacidade de análise mais rápida das mídias sociais e empregaremos reconhecimento facial retrospectivo, por isso quero deixar claro que faremos tudo ao nosso alcance neste fim de semana para garantir que haja essa resposta rápida, uma resposta realmente robusta a incidentes emergentes que causam grande preocupação às comunidades”, disse a comandante Karen Findlay durante uma coletiva de imprensa na última sexta-feira.
Protestos pró-palestinos têm sido realizados em Londres e em outras cidades do mundo, todos os sábados, desde o início da guerra, no mês passado. O fim de semana passado foi particularmente acalorado, pois vários eventos, incluindo um protesto Just Stop Oil, foram realizados na capital do Reino Unido.
A Polícia Metropolitana disse que quase 1.900 oficiais adicionais foram trazidos para ajudar a administrar os eventos, com seu chefe do comando antiterrorismo, Dominic Murphy, dizendo que o conflito no exterior poderia atuar como um “fator de radicalização” para indivíduos que poderiam lançar um ataque, relata a Press Association.
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