YLE, 01/09/2023
A organização ambientalista afirma que o declínio das unidades populacionais de arenque é indicativo do colapso do ecossistema, e das cadeias alimentares no Mar Báltico.
A seção finlandesa do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apelou à redução drástica da pesca do arenque do Báltico, à luz do enfraquecimento dos ecossistemas e das cadeias alimentares do Mar Báltico.
"As populações de arenque, tanto no Golfo de Bótnia como no Mar Báltico central, em particular, diminuíram. As unidades populacionais de arenque do Golfo da Bótnia caíram abaixo do nível-alvo pela primeira vez", afirmou Matti Ovaska, especialista em pesca da WWF Finlândia.
A organização ambientalista acrescentou a sua voz ao debate em torno da pesca do arenque na região nórdica.
De um lado da disputa está a Comissão Europeia, que propôs uma proibição total durante um ano da pesca do arenque na Finlândia devido ao declínio das unidades populacionais de arenque do Báltico. A proposta apenas concederia uma quota limitada para o arenque do Báltico como capturas acessórias, juntamente com a pesca da espadilha.
Na mesma proposta, a UE estabelece níveis de reservas que devem ser mantidos. Se o estoque cair abaixo do nível definido, o plano estipula um período de um ano para restaurá-lo acima do limite com uma probabilidade de 95 por cento.
A Comissão Europeia cita as orientações do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM) como base para a sua decisão.
O Ministro da Agricultura e Florestas Sari Essayah (CD) está entre os críticos do plano, descrevendo-o como “desproporcional e irracional”. Ela argumenta que a decisão contradiz o conselho dado pelo CIEM, que na sua opinião apoia a continuação da pesca do arenque com uma quota reduzida.
A Federação das Associações de Pesca Finlandesas também criticou a proposta da Comissão, considerando-a excessiva e baseada em dados desatualizados.
O arenque deveria ser pescado para consumo humano e não para alimentação animal, diz WWF
Ovaska, da WWF Finlândia, diz que a proposta da UE foi motivada pelo objetivo de garantir a recuperação dos estoques em declínio.
“O ecossistema do Mar Báltico está num estado de imensa convulsão e o arenque tem lutado para encontrar nutrição. Face a uma incerteza tão grande, é necessária uma abordagem de precaução”, diz ele a Yle.
Ovaska observa ainda que cabe aos órgãos reguladores da pesca decidir quais níveis de risco são aceitáveis e se uma suspensão total da pesca é justificada.
Dada a complexidade da questão, a WWF abstém-se de fornecer estimativas específicas para uma quota de pesca de arenque adequada.
No entanto, a organização defende uma transformação abrangente das práticas de pesca do arenque, incentivando a pesca apenas perto da costa e a utilização do arenque para consumo humano e não para alimentação animal.
Atualmente, a maior parte do arenque capturado na Finlândia destina-se à alimentação animal, por exemplo, em explorações de produção de peles. Aproximadamente um quinto é exportado e apenas outro quinto permanece para consumo humano.
De acordo com Ovaska, deve ser dada atenção ao estado geral do Mar Báltico, uma vez que a diminuição das unidades populacionais de peixes sinaliza questões ecológicas mais amplas.
"Acredito que devemos nos preocupar com o panorama geral. Mais recursos deveriam ser alocados para estudar e prever essas questões."
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