Univision, 31/01/20223
Por David C Adams
A investigação dos EUA sobre o assassinato do presidente do Haiti deu um grande passo nesta terça-feira, quando quatro suspeitos principais voaram do Haiti para Miami. Na tarde de terça-feira, os indivíduos foram indiciados por vários crimes.
Quatro dos principais suspeitos do assassinato do presidente haitiano Jovenel Moise foram levados para Miami sob custódia federal na terça-feira e acusados de várias acusações de conspiração relacionadas à sua morte em 2021, anunciou o Departamento de Justiça.
Os quatro suspeitos – um ex-soldado colombiano e três haitianos-americanos – foram retirados de suas celas no Centro Penitenciário Nacional do Haiti na noite de segunda-feira e colocados em um avião para Miami na manhã de terça-feira, segundo parentes dos réus e o advogado de um dos suspeitos.
Entre os transferidos para Miami está Germán Rivera, oficial aposentado do Exército colombiano, suposto recrutador da equipe de 20 soldados colombianos acusados de realizar o ataque mortal à casa de Moise na madrugada de 7 de julho de 2021.
Os outros três são Christian Sanon, um pastor haitiano que queria substituir Moïse como presidente, Joseph Vincent, um ex-informante da DEA, e James Solages, um ex-segurança.
Na tarde de terça-feira, uma queixa do Departamento de Justiça divulgada após os quatro chegarem a Miami acusou Solages, de 37 anos, Vincent, de 57, e Rivera, de 44, de "conspirar para cometer assassinato ou sequestro fora dos Estados Unidos e fornecer apoio material e recursos resultando em morte".
Sanon, de 54 anos, foi acusado não de conspiração para assassinato, mas de conspiração para contrabandear mercadorias dos Estados Unidos sem uma licença de exportação adequada. Isso parecia estar relacionado a alguns coletes à prova de balas usados no ataque à casa.
A família de Rivera disse à Univision que a notícia os pegou de surpresa. "Foi totalmente inusitado. Eles nunca notificaram a nós ou ao advogado deles. Não sabemos o que está acontecendo", disse um parente contatado por telefone na Colômbia que pediu para não ser identificado.
Regina de Moraes, advogada de Vincent, disse estar feliz com a notícia e afirmou que seu cliente há meses procurava vir para Miami, onde reside a família dele.
"Estamos contentes por ele finalmente estar neste país", disse ele, observando que as condições carcerárias no Haiti estão entre as piores do mundo.
Não se sabe em que condições foram levados para os Estados Unidos, se se entregaram voluntariamente ou se foram extraditados contra sua vontade.
Solages, Vincent, Rivera e Sanon devem fazer suas primeiras aparições no tribunal federal na quarta-feira.
Sua chegada a Miami parece reforçar a investigação dos EUA sobre o assassinato, já que eles se juntam a três outros réus que voaram para Miami no ano passado e já foram acusados de conspiração de assassinato ou sequestro.
Os três são Mario Palacios, um dos militares colombianos supostamente envolvidos no assassinato, Rodolph Jaar, ex-traficante de drogas condenado, e John Joel Joseph, ex-senador haitiano. Seu julgamento está marcado para 24 de março, embora possa ser adiado com a chegada dos outros quatro suspeitos.
Contratado por uma empresa de segurança de Miami
Os promotores americanos dizem que os soldados colombianos foram originalmente contratados por uma empresa de segurança de Miami, a CTU, como guarda-costas de Sanon, mas o plano evoluiu posteriormente para um sequestro e assassinato.
A denúncia alega que, em maio de 2021, Sanon comprou o equipamento necessário para apoiar sua força “militar privada” de 20 colombianos. Rivera liderou o grupo colombiano, segundo as denúncias.
Sanon teria conspirado com outros para enviar 20 coletes balísticos para uso de colombianos do sul da Flórida para o Haiti em 10 de junho de 2021. Os coletes foram enviados sem a licença de exportação exigida do Departamento de Comércio dos EUA.
Um plano original para sequestrar Moise e tirá-lo do país falhou. Alguns dias depois, em 6 de julho de 2021, Solages, Vincent, Rivera, teria se encontrado com outras pessoas reunidas em uma casa próxima à residência de Moïse, "onde armas de fogo e equipamentos foram distribuídos e Solages anunciou que a missão era matar o presidente Moïse", segundo à denúncia do Ministério Público.
Em um depoimento de um agente do FBI apresentado nos documentos do tribunal, "Solages disse falsamente aos presentes que esta era uma 'operação da CIA' [...] para matar o presidente Moise."
O agente acrescenta que Solages, Vincent e Rivera admitiram aos investigadores algumas semanas após a morte de Moise que "antes do assassinato, todos os envolvidos na conspiração entenderam que o plano era um assassinato". A família de Rivera alega que ele foi torturado para fazer uma confissão.
O assassinato de Moise piorou a instabilidade política de longa data no Haiti, que ainda não nomeou ou elegeu um novo presidente em meio a uma sangrenta guerra de gangues na capital.
Embora 40 pessoas tenham sido detidas no Haiti, a investigação sobre o assassinato progrediu lentamente depois que quatro juízes foram afastados do caso. Uma investigação detalhada da polícia haitiana acusou os colombianos de realizar o assassinato como parte de uma conspiração envolvendo vários políticos haitianos, altos funcionários da polícia e um juiz da Suprema Corte.
Tanto os colombianos quanto os três haitianos-americanos declararam veementemente sua inocência.
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