FPU, 09/12/2022
Giuseppe gosta de boa comida, mas não é um blogueiro de culinária, um chef ou qualquer coisa intermediária - Giuseppe é uma das tecnologias usadas para mudar a produção de alimentos na empresa de tecnologia de alimentos NotCo.
Com o surgimento da inteligência artificial (IA), as máquinas estão sendo treinadas para analisar ingredientes, fazer receitas e considerar o sabor, a funcionalidade e o cheiro dos alimentos da mesma forma que um chef faria. Na NotCo, isso parece uma plataforma que aprende e compreende a composição molecular de produtos de origem animal e a replica usando materiais de origem vegetal.
Os três primeiros produtos da marca disponíveis na Austrália – NotMilk, NotBurger e NotChicken Nuggets – foram criados usando IA.
Matias Muchnick, CEO e co-fundador da NotCo, disse: “A inteligência artificial nos permite desvendar um universo de 300.000 plantas (a dieta ocidental compreende cerca de 200 plantas) e procurar combinações que os humanos nunca pensariam para replicar o sabor exato, a textura, cheiro e funcionalidade de produtos de origem animal – removendo os animais da produção.”
Giuseppe trabalha gerando diferentes receitas equivalentes ao produto que a NotCo deseja recriar. Em seguida, procura correspondências em sabor, textura, nutrição e funcionalidade. O produto é então enviado aos chefs da empresa para teste, e eles dão feedback a Giuseppe sobre o produto. Os chefs de pesquisa testam mais de 100 receitas por mês.
O algoritmo é construído para ficar mais inteligente à medida que se desenvolve e estabelece os padrões subjacentes entre os componentes moleculares dos alimentos e a percepção humana de sabor, textura, cheiro e cor.
O gerente de pesquisa da NotCo, Rodrigo Contreras, disse: “Alimentamos o algoritmo com diferentes dados obtidos de ensaios laboratoriais (análises químicas, físicas, espectroscópicas, cromatográficas, entre outras) para entender atributos, composição, comportamento e outras propriedades (caracterização).
Utilizamos diferentes fontes vegetais de proteínas (para concentrados, isolados e proteínas texturizadas), principalmente de fontes leguminosas (Fabaceae) como grão-de-bico, ervilha e outros feijões; e outros de certas fontes de cereais (Poaceae), como arroz e trigo. Todas as fontes de proteína estão devidamente rotuladas na embalagem.
Isto não é comida de laboratório. É a produção de alimentos que combina dados, ciência, computadores e testes de sabor da vida real, reunindo engenheiros de software, cientistas analíticos e chefs.”
O tempo de produção acelera com cada produto à medida que o algoritmo é alimentado com informações. O primeiro de seus produtos, NotMayo (ainda a ser lançado na Austrália), levou 18 meses para ser produzido, mas um de seus produtos mais recentes, NotChicken Nuggets, levou apenas dois meses. No entanto, nem sempre foi fácil navegar durante o desenvolvimento do produto. Por exemplo, quando o primeiro NotMilk foi produzido, a cor era verde porque o algoritmo teve que "aprender" que certos ingredientes, como o endro, podem alterar a cor.
A NotCo foi fundada no Chile há seis anos e seus investidores incluem Jeff Bezos, Roger Federer e Lewis Hamilton. O formato de produção de alimentos com IA da empresa se une a uma série de tecnologias que inovam o sistema alimentar globalmente.
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