FIF, 18/11/2022
Por James Davies
18 de novembro de 2022 --- A fabricante de laticínios espanhola Pascual lançou o Mylkcubator 2.0, a segunda edição de seu programa de investimento, que visa expandir os limites da P&D de leite sem origem animal com base em tecnologias de fermentação de precisão e baseadas em células.
A Pascual lançou esta iniciativa por meio de sua unidade de empreendimento, Pascual Innoventures, e em colaboração com a Eatable Adventures.
Itziar Ortega, vice-presidente sênior de operações globais da Eatable Adventures, falou com FoodIngredientsFirst sobre o que ele acredita ser o futuro da indústria de laticínios.
“O Mylkcubator foi projetado para acelerar a agricultura celular e as tecnologias de fermentação de precisão para a indústria de laticínios, com foco no futuro dessa indústria, abordando especificamente os desafios sustentáveis e demográficos”, diz ele.
Degustando o futuro
A viabilidade acelerada de novas soluções de leite alternativo está começando a atrair players tradicionais de lácteos para o espaço, incluindo Bel Groups, que recentemente fez parceria com a empresa de fermentação de precisão Standing Ovation para desenvolver caseínas artificiais que imitam o sabor e a textura do queijo.
Os mais novos investimentos da Mylkcubator incluem a De Novo Dairy, com sede na África do Sul, focada no desenvolvimento de tecnologias de fermentação de precisão para criar proteínas alternativas (Lactoferrina), que podem reproduzir os mesmos perfis nutricionais e experiências sensoriais de seus análogos lácteos.
Com sede na Cidade do Cabo, África do Sul, os produtos sem vaca da De Novo Dairy incluem sorvete, iogurte cremoso nutritivo e queijo derretido elástico.
“Zero Cow Factory, de origem indiana, busca complementar a indústria tradicional de laticínios produzindo o primeiro leite e derivados usando bioengenharia e fermentação microbiana”, detalha Pascual Innoventures.
Ortega entende que essas vias de pesquisa não suplantarão imediatamente os métodos atuais de produção de laticínios, mas espera que melhorem a indústria tradicional.
“Eles não colidem, mas se complementam”, ele prevê. “Isso, sem dúvida, permitirá que os atores do setor avancem para um modelo de produção mista.”
A Pascual Innoventures lançou pela primeira vez seu Programa Mylkcubator em maio de 2021, classificando-o como o primeiro programa de incubação global do mundo para tecnologias de agricultura celular na indústria de laticínios.
Alimentando a multidão
Com a população humana passando recentemente de oito bilhões, Ortega entende os desafios futuros para a indústria de laticínios.
“Temos pela frente um desafio demográfico que já é uma realidade”, afirma. “Temos oito bilhões de pessoas vivendo no planeta e, em alguns anos, não haverá recursos suficientes para alimentar uma população crescente.”
“Isso também afeta a indústria de laticínios. Combinadas com métodos tradicionais, estas técnicas permitirão enfrentar um dos desafios mais relevantes que temos pela frente, bem como garantir a segurança alimentar.”
Se a indústria de laticínios for além da pecuária tradicional, os modelos de fermentação de precisão e agricultura celular terão que provar que podem fornecer uma alternativa econômica, atraente para os consumidores e escalável.
Níveis industriais exigidos
A escalabilidade tem sido um dos principais desafios enfrentados pela indústria baseada em células. No entanto, isso não impediu que o setor se expandisse para novas categorias, como enguia cultivada, gorduras e até mel.
No início desta semana, o frango cultivado avançou para a comercialização nos EUA, quando a Upside Foods ganhou um sinal verde “histórico” da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para seus produtos. Enquanto isso, a Mosa Meat se aproximou do lançamento de sua carne bovina baseada em células em Cingapura.
“O maior desafio ao discutir tecnologias incipientes é garantir a viabilidade e a escala industrial e o investimento são fundamentais”, disse Ortega à FoodIngredientsFirst.
“Quando o projeto foi definido pela primeira vez em 2020, o mercado era muito diferente do que enfrentamos hoje, com um número muito pequeno de startups ativas no ecossistema naquele momento. Não houve a tração de investimento que podemos ver hoje, mas identificamos tendências e sinais que apontam para um crescimento potencial no ecossistema alternativo de laticínios”.
Com a crescente demanda do consumidor por produtos lácteos não-animais, Ortega espera que os investidores compartilhem sua visão para a agricultura celular.
“De acordo com nossos dados, podemos afirmar que o ecossistema de agricultura celular e fermentação de precisão está mais sólido no momento em termos de investimento, está maduro para inovação e deve crescer exponencialmente nos próximos anos”, conclui.
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