Páginas

21 de out. de 2022

Boris Johnson na disputa para a sucessão de Liz Truss: o velho palhaço volta ao picadeiro




Euronews, 21/10/2022 



O provérbio português "Atrás de mim virá, quem de mim bom fará" assenta que nem uma luva a Boris Johnson que, apenas seis semanas depois de ter sido obrigado a demitir-se, volta a ser uma hipótese a considerar pelos tories na chefia do governo.

Liz Truss fez uma passagem relâmpago desastrosa por Downig Street, criando em alguns setores do partido saudades do ex-primeiro-ministro.

A corrida está de novo aberta e Boris Johnson, que estava de férias nas Caraíbas, está de regresso a Londres para uma fim de semana que se prevê bastante movimentado na busca de apoios.

Rishi Sunak, que tinha sido derrotado por Truss e Penny Mordaunt, líder da câmara dos comuns também aspiram à chefia do partido e do governo. Todos eles terão de assegurar até à próxima segunda-feira o apoio de pelo menos 100 deputados conservadores.

Se só um conseguir será automaticamente nomeado primeiro-ministro. Se não, o voto online é lançado na sexta-feira, 28 de outubro, para que os tories escolham.

Há quem dentro do partido considere que será "Boris ou a falência" e há quem não esqueça os escândalos das festas durante o confinamento, as mentiras e os inquéritos da comissão parlamentar ainda em curso.

Uma coisa é certa, Boris Johnson não desiste e a intenção de regressar ficou expressa na despedida, no último discurso no parlamento há um mês e meio com esta frase: "Hasta la Vista, baby".

E até pode ser mais rápido do que se pensava no Reino Unido. Em Westminster especula-se que voltará.

A base do partido tem permanecido largamente leal a Boris Johnson. De acordo com uma sondagem do YouGov, 42% dos membros do partido pensam que ele pode ser um substituto "muito bom" para Liz Truss, e 21% um substituto "bastante bom". Rishi Sunak, que perdeu para Liz Truss no verão e é por vezes visto como o traidor que levou à partida de Boris Johnson, está em 29% e 31%, enquanto Penny Mordaunt está em 20% e 34%.

No contexto da crise económica e social, a oposição trabalhista, amplamente à frente nas sondagens, apela a uma eleição geral antecipada. Os democratas liberais centristas ("lib-dems") querem bloquear a candidatura de Boris Johnson, salientando que ele tinha sido considerado culpado de infringir a lei durante o chamado "partygate".

 

Nota do editor do blog: qual é a realidade do Reino Unido? Qual é a melhor saída? Truss, Johson, Sunak ou Mordaunt? O que significa estabilidade para a grande mídia e os analistas políticos europeus? A minha impressão é que estabilidade são apenas números econômicos, e ações políticas condizentes com os compromissos internacionais. Truss quis diminuir impostos em 5%, mas não um imposto abrangente, um imposto sobre corporações e grandes empresas. As mesmas que – pasmem – fizeram lobby contra a diminuição dos impostos, mas pediram mais imigração para poder suprir a mão de obra escassa por causa das medidas pandêmicas de Johnson. Truss queria não só aliviar os bolsos das grandes companhias, mas manter as políticas de imigração para inserir os recém-chegados nos postos de trabalho delas. Ela faria exatamente o oposto do que seria para ajudar os britânicos, por isso, chamou seu pacote de “mini-orçamento”. No Partido Conservador não existe um salvador da pátria, e o voto de conveniência dos britânicos foi o que levou o país para essa situação. Lá atrás, quando David Cameron sugeriu votar no partido dele, para que o Partido Trabalhista não voltasse, foi um apelo de conveniência. Mas foi graças ao marketing de Cameron tornando o partido mais “progressista” – nas próprias palavras dele – que o partido conseguiu maior aceitação. Todos pensavam que seria uma jogada de marketing para finalmente sair da fila, mas na realidade, Cameron foi somente um pouco menos irresponsável fiscalmente do que os trabalhistas, porém (foi) irresponsável politicamente, e acabou tornando a Grã-Bretanha um hotspot para imigração ilegal e terrorismo islâmico. A mão de obra que Truss ofereceu as empresas, junto com  um pequeno corte de impostos foi exatamente a mesma política implementada por Cameron. Exceto que ele tinha uma proposta progressista desde o pleito, sempre deixando claro que promoveria uma agenda social voltada a questões sociais progressistas. O resultado das políticas de David Cameron foi o sucateamento da polícia britânica, e o uso da mesma para intimar cidadãos comuns e cumpridores da lei pela sua infração as leis de “Discurso de Ódio”. Por causa do Partido Conservador se tornou crime fazer piadas consideradas ofensivas online. O Partido Conservador é um partido totalitário dominado por lobistas e ex-funcionários (se é que se pode considerá-los assim) de banqueiros. É um partido do Establishment. Não haverá mudança nas eleições para primeiro-ministro, e nas eleições gerais. Nessas, um velho palhaço voltará ao picadeiro.

Artigos recomendados: UK e NOM


Fonte:https://pt.euronews.com/2022/10/21/boris-johnson-na-corrida-a-sucessao-de-liz-truss

Nenhum comentário:

Postar um comentário