Observador, 02 de fevereiro de 2018.
Por todo o Irão, as mulheres têm saído à rua em protesto contra o uso obrigatório do lenço na cabeça. A polícia iraniana prendeu 29 mulheres que protestavam em Teerão.
A polícia iraniana prendeu 29 mulheres que protestavam em Teerão contra a lei que torna obrigatório o uso do hijab (o lenço islâmico). Apesar de lutarem contra a lei há quase quatro décadas, a nova onda de protestos está a gerar mais debates sobre as liberdades individuais.
Em todo o país, as mulheres saíram à rua, subiram às caixas de eletricidade, tiraram o hijab e penduraram-no num pau, agitando-o como se de uma bandeira se tratasse, escreve o jornal The Guardian. Este parece ser o novo símbolo dos protestos. A polícia da capital revelou que prendeu “29 pessoas que perturbavam a ordem social e entregou-as à justiça”.
More women in #Iran are risking imprisonment by removing their #hijab to protest against forced hijab and posting it with the hashtag #دختران_خیابان_انقلاب meaning “the girls of Enghelab street” which was the street where #VidaMovahed first took off her hijab.#IranProtests pic.twitter.com/tqpwxQfoSl— Armin Navabi (@ArminNavabi) 29 de janeiro de 2018
Soheila Jolodarzadeh, um membro feminino do parlamento iraniano, afirma que os protestos surgem como resultado a restrições de longa data.
"Eles [protestos] estão a acontecer por causa da nossa abordagem errada”, desse Jolodarzadeh, acrescentando que “Nós impomos restrições que são desnecessárias… É por isso que… as mulheres de Enghelab estão a colocar os seus lenços num pau”."
Em maio de 2017, a jornalista e ativista Maih Alinejad, baseada nos Estados Unidos, iniciou uma campanha no sentido de encorajar as mulheres a usar lenços brancos ou a retirarem-nos por completo, em protesto contra as regras impostas. Algumas mulheres começaram a fazê-lo em atos que eram filmados e fotografados e depois publicados pela jornalista na página My Stealthy Freedom, sob a hashtag #WhiteWednesdays.
O Procurador-Geral do Irão, Mohammad Jafar Montazeri, descreveu os protestos de quarta-feira como “infantis” e argumenta que são instigados pelos fenómenos das redes sociais. Montazeri e as autoridades associam estão estes protestos à campanha online.
Entretanto, através do Twitter foram surgindo relatos de mulheres que deram o seu contributo nesta luta. Uma dessas mulheres conta que subiu para uma caixa de eletricidade, agitou o lenço branco e começou a sentir-se mais “segura”, porque “todos me apoiavam e encorajavam”. “Ninguém me insultava”, conta, dizendo que ficou orgulhosa do que fez. Após 10-15 minutos, a polícia apareceu e ela saltou e começou a correr — As pessoas começaram a gritar “Corre, nós vamos proteger-te””.
How sick is that?— Ashraf Sherjan (@ASJBaloch) 1 de fevereiro de 2018
The '#WorldHijabDay' is celebrated today.
While in Iran brave women's are protesting risking life's & facing prison just because they want to be free from #hijab#NoToHijabDay pic.twitter.com/eNm5cZZDxm
A lei que obriga as mulheres a utilizarem o hijab entrou em vigor aquando da revolução islâmica, em 1979, mas, ao longo dos tempos, e agora cada vez mais, muitas têm vindo a testar os limites impostos.
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