BTB, 11/12/2024
Por Lucas Nolan
Em uma cidade enfrentando demissões no setor de tecnologia, e a crescente presença da inteligência artificial, a startup Artisan, sediada em São Francisco, lançou uma campanha provocativa de outdoors que gerou indignação e acaloradas discussões sobre o futuro do trabalho.
De acordo com o SFGate, em meio à constante tensão entre tecnologia e força de trabalho, a Artisan, uma jovem startup com menos de dois anos e apenas 30 funcionários, causou polêmica ao espalhar pela cidade anúncios criticando trabalhadores humanos e promovendo sua “agente de vendas” movida por IA, chamada Artisan.
On a bus stop ad in San Francisco. I've also seen another bus stop ad with this same fake AI lady with a caption that read, "Why hire a human when you can hire an AI?" The majority of people who take the bus here are employees not employers, so who the fuck are these ads for? pic.twitter.com/qH1Mvl5bFS
— Stop AI (@StopAI_Info) November 11, 2024
Os outdoors apresentam uma persona de olhos roxos e cabelo escuro, acompanhada de declarações impactantes como: “Parem de contratar humanos”, “Artisans não reclamam sobre equilíbrio entre vida e trabalho” e “A era dos funcionários de IA chegou.” A campanha recebeu duras críticas tanto de moradores locais quanto de comentaristas online, com alguns chamando-a de “pesadelo distópico” e outros sugerindo que os outdoors deveriam ser queimados.
'I never thought they would take MY job,' sobs human who worked for the Stop Hiring Humans Company. https://t.co/09MLKPnCBi
— Ghibli Food Critic (@TehlohSuwi) October 31, 2024
Apesar da reação negativa, o CEO da Artisan, Jaspar Carmichael-Jack, defendeu a mensagem da campanha. Em uma mensagem de texto ao SFGate, ele reconheceu o tom “distópico” dos anúncios, mas argumentou que isso reflete a mudança na natureza do trabalho na era da IA. “A maneira como o mundo trabalha está mudando”, afirmou, acrescentando que a campanha de outdoors resultou em um “aumento insano” na conscientização da marca e em um pico de leads de vendas para a empresa.
O único produto atual da Artisan é uma “agente de vendas” movida por IA que automatiza o processo de encontrar e enviar mensagens para clientes em potencial. A empresa afirma que a ferramenta opera “sem intervenção humana” e “custa 96% menos do que contratar alguém para fazer o mesmo trabalho.” O uso de um pronome feminino e a decisão de dar à IA um nome e rosto humano, “Ava,” também geraram debates, com alguns questionando a ética de humanizar a IA enquanto promove a substituição de trabalhadores humanos.
Os outdoors tocaram em um ponto sensível em uma cidade já afetada pelo impacto de demissões no setor de tecnologia, e pela crescente presença de IA no mercado de trabalho. O contraste evidente entre a greve de trabalhadores de hotéis por salários mais altos e mais empregos, e a mensagem dos outdoors para “parar de contratar humanos”, destacou ainda mais a tensão entre trabalho e tecnologia.
As ambições da Artisan vão além da indústria de vendas, com a empresa sugerindo o lançamento de novas ferramentas de IA para marketing, recrutamento, design e finanças. O vídeo promocional de “Ava” chega a declarar que a IA “marca o início da próxima revolução industrial.”
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