GQ, 28/10/2024
Por Anay Mridul
A Umami Bioworks, de Singapura, que trabalha na comercialização de produtos de peixe cultivado, lançou uma ferramenta de detecção de patógenos para a indústria de frutos do mar. Eis o motivo.
Pioneira no setor de frutos do mar cultivados, a Umami Bioworks está adotando uma abordagem tradicional para corrigir deficiências na cadeia de valor dos frutos do mar. A startup de Singapura lançou o Arbiter, uma ferramenta biotecnológica voltada para os desafios de segurança e qualidade dos frutos do mar por meio de detecção de patógenos e avaliações de qualidade. A Umami considera essa expansão “pivotal” de suas ofertas biotecnológicas, indo além da carne cultivada e alimentos para animais, para auxiliar diversos setores da indústria.
O Arbiter é uma plataforma de teste baseada em ácidos nucleicos que oferece “precisão, velocidade e custo-benefício sem precedentes, com maior sensibilidade e alcance do que os métodos atuais de detecção de patógenos”. A ferramenta detecta até 800 alvos únicos em uma única análise, com resultados acionáveis em menos de seis horas.
Além de fornecer a capacidade de detectar patógenos cedo, reduz a necessidade de mão-de-obra, exigindo apenas 15 minutos de preparação para até 50 amostras. A Umami acredita que a eficiência do custo – cada alvo custa menos de US$1 – vai “democratizar e universalizar” o diagnóstico de patógenos e o controle de qualidade.
Embora seja conhecida pela célula cultivada, a empresa vê o Arbiter como uma solução estratégica para atender a mercados mais amplos. Ela afirma que a tecnologia pode transformar o diagnóstico de doenças em espécies como salmão, camarão e tilápia, reduzindo perdas econômicas relacionadas a doenças infecciosas.
Além da segurança alimentar e garantia de qualidade, a ferramenta também possibilita o monitoramento ambiental para proteger ecossistemas aquáticos de patógenos prejudiciais.
A Green Queen entrevistou Mihir Pershad, fundador e CEO da Umami Bioworks, sobre essa expansão estratégica. Além de Singapura, a empresa possui base ou parcerias na Malásia, Coreia do Sul, Índia, EUA e Reino Unido, e busca aprovação regulatória em diversos mercados.
Green Queen: Por que decidiram lançar a ferramenta de detecção de patógenos?
Mihir Pershad: Criamos essa solução de segurança alimentar e qualidade para resolver um problema em nossa plataforma de produção cultivada: como otimizar testes de segurança e qualidade de lotes em uma fábrica de produção. Desenvolvemos uma solução altamente eficiente que nos permitiria avaliar segurança e qualidade em um único teste com maior sensibilidade e rapidez, em comparação com abordagens tradicionais. Percebemos que essa solução poderia resolver um problema maior de monitoramento de segurança e qualidade dos alimentos, então decidimos lançar o Arbiter como um produto independente.
GQ: Estão mudando para atender diretamente à indústria de frutos do mar?
MP: Nossa missão é ser um portal para criar um futuro mais saudável, saboroso e regenerativo. Nossa visão é alimentar a humanidade de forma sustentável e restaurar 50% do planeta. Vemos o Arbiter como um produto alinhado a essa missão, que contribui para um sistema alimentar melhor. Nosso negócio principal é fornecer capacidade de biofabricação de frutos do mar cultivados à indústria tradicional via um modelo de “fábrica como produto”. Embora a abordagem de produção de frutos do mar cultivados seja essencial para nossa visão, acreditamos que também podemos trazer grandes benefícios ao mercado atual.
GQ: Esta ferramenta é uma segunda fonte de receita, além dos frutos do mar cultivados?
MP: Com as vantagens de economia, volume e rapidez, acreditamos que o Arbiter é um avanço significativo em testes de rotina para segurança e qualidade alimentar. A validação e adoção no mercado demonstrará o valor que a plataforma da Umami pode oferecer, especialmente na quantificação de qualidade dos produtos de frutos do mar, o que fortalecerá nossa relação com os clientes da indústria.
GQ: A ideia é que essa tecnologia convença empresas de frutos do mar a investir em frutos do mar cultivados?
MP: Como uma empresa de bioplataforma, nossa meta é criar diversas ofertas de produtos com base no conhecimento da nossa plataforma, onde cada produto resolve um problema significativo alinhado à missão da nossa empresa.
Acreditamos certamente que a Umami pode agregar valor real aos clientes da indústria de frutos do mar com a Arbiter, e que podemos enfrentar desafios de longa data com detecção de patógenos e verificação de qualidade.
Ao criar valor e resolver problemas que envolvem tanto a produção tradicional de frutos do mar quanto a produção cultivada, também podemos construir confiança com os clientes, o que será essencial à medida que começarmos a levar frutos do mar cultivados ao mercado em grande escala.
GQ: A tecnologia de detecção de doenças parece uma direção bem diferente em termos de alocação de recursos e requisitos de talento do que frutos do mar cultivados. Qual é sua estratégia para isso?
MP: É verdade que entregar a capacidade do Aribter aos clientes pode exigir uma abordagem comercial diferente da venda de fábricas de frutos do mar cultivados, mas há mais potencial para recursos compartilhados dentro da Umami do que provavelmente parece.
Na verdade, a segurança alimentar e os testes de qualidade eram um desafio central que tínhamos que enfrentar para levar frutos do mar cultivados ao mercado. Para poder entregar fábricas aos clientes em escala, também precisávamos ser capazes de fornecer capacidade de teste rápida e robusta que pudesse validar a qualidade dos frutos do mar que nossas fábricas estariam produzindo.
Essa percepção foi o que nos levou a buscar o desenvolvimento do Arbiter, inicialmente como uma solução interna e agora como um produto independente.
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