BTB, 10/09/2024
Por Olliver JJ Lane
O novo governo de esquerda do Reino Unido libertou, na manhã desta terça-feira, os primeiros de milhares de prisioneiros antecipadamente, com os condenados dizendo que foram convencidos a votar no Partido Trabalhista pelo resto da vida após ganharem sua liberdade.
Mais de 1.700 condenados extras estão sendo libertados das prisões do Reino Unido hoje, consideravelmente mais do que o número normalmente liberado em um dia típico, e quase o dobro do número de prisioneiros que cumpririam suas sentenças em uma semana em tempos normais, segundo informações. Se o plano do governo continuar conforme anunciado, o número de prisioneiros extras que serão libertados antes do tempo, tendo cumprido menos da metade das sentenças impostas pelo tribunal, chegará a 5.000 nas próximas semanas.
O novo governo trabalhista de esquerda passou grande parte dos primeiros meses no poder prendendo pessoas – principalmente devido aos protestos e tumultos contra o esfaqueamento de crianças e contra a migração em massa – e, com o já precário estado herdado do sistema prisional, está ficando sem espaço para novos presos. A Secretária de Justiça, Shabana Mahmood, diz que a libertação em massa de prisioneiros é um sinal de que o governo está "enfrentando a crise de frente" e é necessário para evitar um "colapso total do nosso sistema de justiça criminal, que deixaria o público menos seguro".
No entanto, especialistas em justiça questionam a sabedoria dessa medida. Falando à emissora estatal BBC na manhã de terça-feira, Martin Jones, chefe da inspeção de liberdade condicional, disse que os infratores libertados estão "quase certamente" destinados a voltar para a prisão "em poucos dias ou semanas", pois "as coisas darão errado na comunidade".
Ele acrescentou: "Cerca de um terço das pessoas libertadas da prisão a cada ano cometerão outro crime dentro de um ano... E então, é claro, há um pequeno risco de que alguns desses crimes sejam graves, e embora raro, esse risco não pode ser eliminado." Enquanto isso, o inspetor-chefe das prisões, Charlie Taylor, disse que é "inevitável" que alguns desses ex-presidiários usem sua recém-adquirida liberdade para cometer mais crimes, segundo o The Times.
O ex-conselheiro sênior do governo, Dominic Cummings, refletiu sarcasticamente que, com o crescente número de criminosos condenados nas ruas, talvez o único outro grupo que possa se beneficiar sejam os ex-militares das forças especiais que agora trabalham na segurança privada.
Particularmente indignadas com a libertação dos prisioneiros estão as suas vítimas. No caso de abusadores condenados sendo libertados da prisão, as pessoas que eles aterrorizaram são normalmente avisadas com antecedência para que possam se preparar mentalmente ou tomar medidas para se proteger. Isso é gerenciado por unidades de ligação com as vítimas, que, segundo consta, ficaram totalmente sobrecarregadas na última semana.
Consequentemente, um número de vítimas anteriores não foi avisado se seus agressores seriam libertados hoje, segundo The Guardian, que afirma haver uma "minoria significativa" que não foi contatada devido ao sistema estar sobrecarregado com o início da liberação das prisões pelo governo.
Quanto aos próprios prisioneiros, alguns foram persuadidos a falar com emissoras britânicas ao saírem em liberdade nesta manhã. Diversos veículos relatam um "clima de festa" fora dos portões das prisões. Enquanto isso, o The Daily Mail afirma que dois prisioneiros, um condenado por tráfico de drogas e outro por roubo qualificado (roubo com uso de arma), disseram ao jornal que foram convencidos a votar no Partido Trabalhista no futuro pela política do estado de reduzir as sentenças de prisão.
O repórter Charlie Peters, da GB News, escreveu sobre o que testemunhou fora da Prisão de Sua Majestade Wandsworth: "Um ex-prisioneiro recém-libertado se aproxima da multidão que aguardava do lado de fora, reconhece um de seus antigos companheiros de cela e acende um baseado [um cigarro de maconha, que é ilegal no Reino Unido] com ele. A polícia está estacionada mais adiante, observando."
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