PP, 29/02/2024
Por José Gregório
Com os 5 milhões de barris de petróleo enviados pela Venezuela aos Estados Unidos em dezembro, de acordo com a EIA, o total acumulado do ano fechou em 48.742.000 barris.
O alívio das sanções dos Estados Unidos ao petróleo e gás venezuelanos não começou em outubro com os acordos de Barbados, que foram descumpridos pelo regime de Nicolás Maduro. Desde novembro de 2022, a Casa Branca autorizou a Chevron – classificada como a segunda maior empresa petrolífera dos EUA – a "retomar parcialmente suas atividades" na Venezuela. Foi assim que a chegada no final de dezembro daquele ano de dois navios-tanque dessa empresa, marcou o início de uma nova fase nos embarques de petróleo venezuelano para território americano, que estavam totalmente paralisados desde junho de 2019 com as sanções impostas pelo então presidente Donald Trump. Durante todo o ano de 2023, os envios não cessaram, alcançando um total de 48,7 milhões de barris ao final do ano.
Com os últimos números publicados nesta quinta-feira pela Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA), correspondentes a dezembro passado, mostrando que a principal potência mundial recebeu durante esse mês 5.082.000 barris de petróleo venezuelano, o total acumulado do ano atinge os 48.742.000 barris, o que equivale a uma média de 133.539 barris por dia.
Isso evidencia a necessidade de Washington de substituir parte do suprimento russo, paralisado pelas sanções impostas a Moscou como consequência da invasão à Ucrânia desde fevereiro de 2022, sem que a preocupação com o retorno da democracia à Venezuela seja prioridade. Não se pode esquecer que a ditadura venezuelana descumpriu o compromisso de garantir a realização de eleições presidenciais livres ao ratificar as inconstitucionais inabilitações, sendo a vencedora das primárias de 22 de outubro, María Corina Machado, a principal prejudicada.
Prioridade: interesses econômicos
A resposta da administração Biden foi um fraco anúncio de não renovar as licenças concedidas ao petróleo e gás venezuelanos em abril, quando expira a flexibilização temporária concedida há quatro meses. Dessa forma, tanto a estatal PDVSA quanto o regime chavista como um todo, continuam desfrutando de um período de carência no qual muito provavelmente as petrolíferas que estão fazendo negócios com Maduro, tentarão convencer Washington a não restabelecer as sanções para que seus interesses econômicos não sejam afetados, conforme advertiu em uma recente entrevista ao PanAm Post o ex-subsecretário de Estado dos EUA para o Hemisfério Ocidental, Otto Reich.
Esse alívio das sanções também permitiu o retorno, a partir de novembro, ao mercado venezuelano do maior operador de petróleo do mundo, o Grupo Vitol. Adicionalmente, incluiu o levantamento da proibição de negociar os bônus venezuelanos no mercado secundário, o que resultou no anúncio da reintegração a partir de 30 de abril, e por um período de "introdução gradual" de três meses dos bônus soberanos e da PDVSA na série Índice de Bônus de Mercados Emergentes (EMBI) do JPMorgan, o principal referencial mundial de bônus denominados em dólares e outras moedas fortes emitidos por países de mercados emergentes.
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