NA, 24/02/2024
Por Michael Franco
Se os robôs humanoides um dia forem integrados completamente na sociedade, eles precisarão ser bons em entender nossos estados emocionais e responder de maneira apropriada. Um novo dispositivo vestível de pesquisadores na Coreia do Sul pode ajudá-los a fazer exatamente isso.
Os robôs são bons em muitas coisas. Eles podem levantar cargas imensas, aprender incrivelmente rápido e até mesmo pilotar um avião.
Mas quando se trata de realmente nos entender - compreender nossas emoções humanas bagunçadas, oscilações de humor e necessidades internas - eles ainda são tão bons quanto uma torradeira fazendo arte (embora alguns argumentem que a torrada perfeita é uma espécie de arte, mas estamos divagando). Isso tem mudado lentamente ao longo do tempo, no entanto, e um novo sistema anunciado por pesquisadores da Ulsan National Institute of Science and Technology (UNIST) da Coreia do Sul pode acelerar ainda mais a inteligência emocional de nossa tecnologia.
Uma equipe lá criou um sistema facial vestível e esticável que usa monitoramento de fricção da pele e vibração para avaliar as emoções humanas e gerar sua própria energia. E sim, é tão estranho quanto parece.
O dispositivo vestível consiste em um conjunto de sensores finos, claros e flexíveis que aderem ao rosto no lado esquerdo e direito da cabeça. A maior parte de cada sensor fica entre o olho e a orelha, e ramos se estendem sobre e acima de cada olho, até a mandíbula e ao redor da parte de trás da cabeça. A equipe afirma que os sensores podem ser feitos sob medida para se ajustar a qualquer rosto.
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| Uma olhada no sensor adesivo e sua posição no rosto |
Depois que os sensores estão no lugar, eles se conectam a um sistema integrado que foi treinado para decodificar as emoções humanas com base nos padrões de tensão em nossos rostos e nas vibrações de nossa voz. Ao contrário de outros sistemas que usaram técnicas semelhantes, este é completamente autoalimentado pelo estiramento do material do sensor por meio de um princípio piezoelétrico. Isso significa que ele pode ser usado o dia todo (como se você quisesse!) sem a preocupação de precisar recarregá-lo. Segundo os pesquisadores da UNIST, esta é a primeira vez que um sistema de reconhecimento de emoções vestível e totalmente independente já foi criado.
Embora adesivos faciais não devam se tornar um dispositivo vestível diário, a equipe da UNIST incorporou sua tecnologia em ambientes de realidade virtual (RV), onde é um pouco mais fácil imaginar que ela terá sucesso. Imagine o desenvolvimento de fones de ouvido de RV mais abrangentes que podem monitorar nossas emoções e ajustar nossos mundos virtuais de acordo. Na verdade, durante seu processo de teste, os pesquisadores usaram seu novo sistema de detecção de emoções para fornecer recomendações de livros, músicas e filmes em vários ambientes virtuais com base no que o usuário estava sentindo.
Você me entende
O trabalho da UNIST surge como o mais recente em uma longa linha de esforços que buscam tornar a tecnologia mais sensível aos humanos que a utilizam.
Já vimos um colar que pode ler expressões faciais para deduzir nossos estados emocionais; uma cabeça robótica que pode espelhar as expressões faciais humanas; um alto-falante inteligente que sugere músicas com base em como você está se sentindo, derivado da análise da voz; e um sistema de IA que pode ajudar carros autônomos a prever as ações de outros motoristas com base em suas personalidades. Houve até um esforço em 2015 que talvez previsse o novo estudo da UNIST: adesivos faciais que poderiam ajudar os robôs a entender nossas emoções. Além disso, quem poderia esquecer o grande sucesso do robô Pepper do Japão, que foi lançado em 2015 e agora está ajudando em mais de 2.000 empresas ao redor do mundo?
À medida que as tecnologias ficam melhores em entender nossos estados emocionais, não apenas os androides serão mais capazes de aproveitar nossos humores contra nós para dominar o mundo (brincadeira), mas tais avanços poderiam derrubar algumas das paredes restantes entre humanos e robôs.
Imagine as implicações para robôs companheiros médicos para idosos. Em vez de um robô irritante que simplesmente passa três vezes ao dia pedindo para você tomar seus remédios ou beber mais água com uma voz mecânica, essa máquina poderia envolvê-lo em uma conversa, avaliar seu humor e empregar o tipo certo de estratégia conversacional persuasiva para superar sua resistência teimosa aos cuidados pessoais.
Robôs emocionalmente inteligentes poderiam ajudar crianças a lidar com problemas de bullying na escola vaporizando os valentões (novamente, estamos brincando). Mas eles poderiam representar um lugar seguro para as crianças discutirem tópicos que são muito difíceis de falar com companheiros humanos (adultos). Porque esses bots poderiam manter a calma e, em uma reviravolta linguística de ironia, não ter "seus botões pressionados", eles poderiam oferecer conselhos com a cabeça fria de uma forma que um pai frustrado talvez não seja capaz.
Em um imaginário mais nefasto, a tecnologia de leitura de emoções poderia agir como uma espécie de detector de mentiras avançado, decodificando como uma pessoa realmente se sente, independentemente de como ela diz que se sente.
As formas como as tecnologias emocionalmente inteligentes poderiam impactar nossas vidas, são quase tão ilimitadas, quanto a gama de emoções que experimentamos diariamente como espécie. E, embora usar sensores adesivos em nosso rosto possa não ser o caminho a seguir, o trabalho da UNIST certamente ajuda a adicionar mais um passo na escalada poderosa para máquinas que "simplesmente nos entendem".
Ou, como coloca o líder do estudo, Jiyun Kim: "Para uma interação eficaz entre humanos e máquinas, os dispositivos de interface humano-máquina (HMI) devem ser capazes de coletar diversos tipos de dados e lidar com informações integradas complexas. Este estudo exemplifica o potencial de usar emoções, que são formas complexas de informações humanas, em sistemas vestíveis de próxima geração."
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