BBC, 02/01/2024
Por Chris Vallance
A polícia está investigando uma agressão sexual virtual ao avatar de uma menina, disse o presidente da Associação de Comissários da Polícia e do Crime.
Donna Jones disse que soube que uma denúncia foi feita em 2023, desencadeando um inquérito policial.
O incidente virtual não resultou em danos físicos, mas causou “trauma psicológico”, disse uma fonte do Daily Mail.
Os chefes de polícia pediram às plataformas que fizessem mais para proteger seus usuários.
Ian Critchley, do Conselho Nacional de Chefes de Polícia (NPCC), escreveu que o metaverso – um nome coletivo dado a uma série de espaços e tecnologias virtuais 3D – criou uma “porta de entrada para predadores cometerem crimes horríveis contra crianças, crimes que sabemos que duram a vida toda e impacta tanto emocional quanto mentalmente".
“Devemos ver muito mais ações por parte das empresas de tecnologia para fazerem mais para tornar as suas plataformas locais seguros”, acrescentou.
O NPCC não conseguiu informar à BBC qual entidade iniciou a investigação do ataque.
O incidente ocorreu em um jogo de realidade virtual (VR), informou o Daily Mail.
O impacto do ataque ao avatar da garota foi aumentado devido à natureza imersiva da experiência de RV.
De acordo com um oficial não identificado, familiarizado com o assunto, que falou ao jornal, a vítima, na época com menos de 16 anos, sofreu um trauma psicológico "semelhante ao de alguém que foi estuprado fisicamente".
Mas no direito penal, a violação e a agressão sexual exigem que tenha havido contato físico.
Alguns argumentam que podem ser necessárias alterações legais para garantir que os responsáveis por ataques com motivação sexual a avatares, em mundos virtuais, possam ser processados e punidos de forma eficaz.
Mas outros sugerem que podem existir leis, por exemplo, contra a criação de imagens sintéticas de abuso infantil, que poderiam ser utilizadas como base para processos judiciais em casos do mundo virtual.
Jones disse ao programa World at One da BBC Radio 4 nesta terça-feira: "A polícia está tendo que trabalhar rapidamente. Eles estão tendo que trabalhar em conjunto com o governo, especialmente com o Ministério da Justiça, para destacar onde é necessário haver mudanças na legislação."
Não é a primeira vez que surgem preocupações sobre ataques de motivação sexual no metaverso.
Em 2022, a pesquisadora Nina Jane Patel revelou que foi abusada em um mundo virtual operado pela Meta chamado Horizon Venues (agora parte do Horizon Worlds), comparando isso a uma agressão sexual.
Relembrando a experiência, Patel disse ao mesmo programa que estava “cercada por três a quatro avatares que pareciam masculinos e representavam homens, que começaram a me assediar sexualmente verbalmente e depois a agredir sexualmente meu avatar”.
Ela disse que eles usaram linguagem misógina e “continuaram a tocar meu avatar de uma forma que só pode ser descrita como uma agressão sexual ao meu avatar”.
Patel acrescentou que teme que, no futuro, a tecnologia possa permitir que alguém sinta fisicamente tais ataques virtuais.
A Agência Nacional do Crime já alertou anteriormente que a polícia precisará estar preparada para lidar com agressões sexuais virtuais no futuro.
A BBC ainda não confirmou em que plataforma ocorreu o ataque ao avatar da jovem, mas a Meta afirmou em comunicado: “O tipo de comportamento descrito não tem lugar na nossa plataforma, razão pela qual para todos os usuários temos uma proteção automática chamado limite pessoal, que mantém pessoas que você não conhece a poucos metros de você."
“Embora não tenhamos recebido quaisquer detalhes sobre o que aconteceu antes da publicação desta história, iremos investigar isso à medida que os detalhes estiverem disponíveis para nós.”
A Meta também emprega uma série de tecnologias projetadas especificamente para limitar a exposição de usuários adolescentes a conteúdo ofensivo, e interações com pessoas que eles não conhecem.
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